quarta-feira, 9 de julho de 2008

Nelson Rodrigues - A vida como ela é...: O Homem Fiel e Outros Contos


Título: A VIDA COMO ELA É...O HOMEM FIEL e Outros Contos
Autor: Nelson Rodrigues
Gênero: Contos e Crônicas
Editora: Cia. das Letras

Durante dez anos, de 1951 a 1961, Nel­son Rodrigues escreveu sua coluna A vida como ela é... para o jornal Última Hora, de Samuel Wainer. Seis dias por sema­na, chovesse ou fizesse sol. A chuva podia ser como "a do quinto ato do Rigoletto" e o sol, daqueles "de derreter catedrais", se­gundo ele. Todo dia, com uma paciência chinesa e uma imaginação demoníaca, Nelson escrevia uma história diferente. E quase sempre sobre o mesmo assunto: adultério. Desse tema tão simples e tão eterno, ele extraiu quase 2 mil histórias. Os ficcionistas que fingem se levar a sé­rio precisam de toda uma aura de misté­rio para criar. Nelson dispensava esse mis­tério. Chegava cedinho à redação, acendia um cigarro e, na frente dos colegas, entre miríades de cafezinhos, escrevia A vida como ela é... As histórias saíam de casos que lhe contavam, da sua própria obser­vação dos subúrbios cariocas ou das cabe­ludas paixões de que ele ouvira falar em criança. Mas principalmente da sua me­ditação sobre o casamento, o amor e o desejo. O cenário dos contos de A vida como ela é... é o Rio de Janeiro dos anos 50. Uma cidade em que casanovas de plantão e mulheres fabulosas flertavam nos ônibus e bondes; em que poucos tinham carro, mas esse era um Buick ou um Cadillac; em que os vizinhos vigiavam-se uns aos ou­tros; e em que maridos e mulheres viviam sob o mesmo teto com as primas e os cunhados, numa latente volúpia incestuo­sa. Uma cidade em que, como não havia motéis, os encontros amorosos se davam em apartamentos emprestados por amigos — donde o pecado, de tão complicado, tor­nava-se uma obsessão. E uma época em que a vida sexual, para se realizar, exigia o vestido de noiva, a noite de núpcias, a lua-de-mel. E em que o casal típico — e, de certa forma, perfeito — compunha-se do marido, da mulher e do amante.

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