sexta-feira, 11 de julho de 2008

Obras póstumas, de Allan Kardec

§ I — DEUS
1. Há um Deus, inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas.
A prova da existência de Deus temo-la neste axioma:
Não há efeito sem causa. Vemos constantemente uma
imensidade de efeitos, cuja causa não está na Humanidade,
pois que a Humanidade é impotente para produzi-los,
ou, sequer, para os explicar. A causa está acima da Humanidade.
É a essa causa que se chama Deus, Jeová, Alá,
Brama, Fo-Hi, Grande Espírito, etc.
Tais efeitos absolutamente não se produzem ao acaso,
fortuitamente e em desordem. Desde a organização do mais
pequenino inseto e da mais insignificante semente, até a lei
que rege os mundos que circulam no Espaço, tudo atesta
uma idéia diretora, uma combinação, uma previdência, uma
solicitude que ultrapassam todas as combinações humanas.
A causa é, pois, soberanamente inteligente.
2. Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente,
soberanamente justo e bom.
Deus é eterno. Se tivesse tido começo, alguma coisa
houvera existido antes dele, ou ele teria saído do nada, ou,
então, um ser anterior o teria criado. É assim que, degrau a
degrau, remontamos ao infinito na eternidade.
É imutável. Se estivesse sujeito à mudança, nenhuma
estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
É imaterial. Sua natureza difere de tudo o a que chamamos
matéria, pois, do contrário, ele estaria sujeito às
flutuações e transformações da matéria e, então, já não
seria imutável.
É único. Se houvesse muitos Deuses, haveria muitas
vontades e, nesse caso, não haveria unidade de vistas, nem
unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente, porque é único. Se ele não dispusesse
de poder soberano, alguma coisa ou alguém haveria mais
poderoso do que ele; não teria feito todas as coisas e as que
ele não houvesse feito seriam obra de outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial
das leis divinas se revela nas mais mínimas coisas como
nas maiores e essa sabedoria não permite se duvide nem
da sua justiça, nem da sua bondade.
3. Deus é infinito em todas as suas perfeições.
Se supuséssemos imperfeito um só dos atributos de
Deus, se lhe tirássemos a menor parcela de eternidade,
de imutabilidade, de imaterialidade, de unidade, de onipotência,
de justiça e de bondade, poderíamos imaginar
um ser que possuísse o que lhe faltasse, e esse ser, mais
perfeito do que ele, é que seria Deus.

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