sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O Sétimo Véu - Rosa Lobato de Faria

Lar é onde se acende o lume e se partilha mesa e onde se dorme à noite o sono da infância.Lar é onde se encontra a luz acesa quando se chega tarde.Lar é onde os pequenos ruídos nos confortam: um estalar de madeiras, um ranger dos degraus, um sussurrar de cortinas.Lar é onde não se discute a posição dos quadros, como se eles ali estivessem desde o princípio dos tempos. Lar é onde a ponta desfiada do tapete, a mancha de humidade no tecto, o pequeno defeito no caixilho, são imutáveis como uma assinatura desconhecida. Lar é onde os objectos têm vida própria e as paredes nos contam histórias. Lar é onde cheira a bolos, a canela, a caramelo.Lar é onde nos amam.

A minha opinião
“Uma mulher procura a razão do seu inexplicável sentimento de culpa na história da sua família. Que memórias terá herdado, que circunstâncias poderão tê-la condicionado? Uma saga familiar, ao longo do último século, no discurso directo de várias narradoras. Um romance que atravessa o século XX português.”
Uma empregada que era os olhos e os ouvidos daquela casa, sabendo de tudo que se lá passava.”’A Mila sabe’, devia ser a frase mais ouvida naquelas salas e naqueles quartos.” Uma mulher pertencente à aristocracia, que já não o era, porque vivia numa pobreza escondida. “Nasci numa daquelas famílias da pequena aristocracia decadente cuja condição económica era costume designar por pobreza envergonhada.” Histórias de pessoas de diferentes níveis que me cativou bastante, como já é normal nos romances de Rosa Lobato de Faria. Lembro-me de ter comprado este livro, um dos que faltava na minha colecção da autora, até à data o último, e qual não foi a minha surpresa e alegria quando vi a autora na Feira do Livro do Porto. Pensei: “aqui está uma oportunidade para conhecer melhor a pessoa que me deixa sonhar quando estou a ler um livro seu e aproveitar para ter um livro autografado. Ao contrário do prazer que tenho em ler os seus livros, a escritora, talvez por já estar cansada em estar ali todo o dia, não mostrou qualquer simpatia por esta leitora tão assídua. Foi pena. Gostaria de ter trocado algumas impressões sobre a sua obra. Mas ficará para uma próxima vez, talvez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário