Editor: Editorial Presença
Páginas: 212
ISBN: 978-972-23-3106-7
Sinopse:
Quem é que, tendo uma vida banal, não sonha com outra mais extraordinária? Que circunstâncias na vida de uma pessoa fazem com que esta se altere de um momento para o outro, quando já nada o faria prever? É destas e doutras perplexidades metafísicas que trata esta obra, através da história de Zé, um homem sem ambição que entra na inevitável crise dos 40, cinco anos antes de os completar. Zé é um bancário desinteressado que trabalha pela necessidade de pagar as contas e adormece a praticar zapping no sofá. Porém, um dia, tudo se altera. Uma promoção inesperada no banco e o súbito interesse por ele de Cátia, uma autêntica Mónica Bellucci, vêm revolucionar a rotina entediante em que se transformara a sua vida. Depois disto nada será como antes. Mas conseguirá Zé ultrapassar esta fase vertiginosa e recuperar o equilíbrio sem consequências dramáticas para o seu casamento? Editado inicialmente em 2003 sob pseudónimo, Eu e as Mulheres da Minha Vida é uma obra à parte na prodigiosa carreira de Tiago Rebelo, autor aplaudido por milhares de leitores e publicado em diversos países.
Depois da decepção que foi Cold Mountain, voltei a ler um autor português de que gosto muito e que não me desiludiu. Tiago Rebelo escreve “Eu e as mulheres da minha vida”, cujo registo leve, realista e divertido surpreende. A obra foca muitos dos problemas conjugais e pessoais com que as pessoas se debatem e leva-nos a pensar.
O protagonista Zé é o típico chefe de família: sedentário, pouco preocupado em ajudar nas tarefas domésticas, cumpridor do seu horário de trabalho das 9h às 18h, sem ambição e fã das jantaradas com os amigos. No seu entender, o seu mundo é quase perfeito. Até que um dia, face a uma atitude violenta do seu filho Quico e por rebeldia própria, decide repensar a sua vida. E, de repente, tudo o que antes Zé encarava apenas como miragem, como realidade num futuro noutro planeta, começa a realizar-se sem que, para tal, ele se esforce. Os seus alicerces são abalados e o pacato bancário vê-se confrontado com a famosa crise dos 40.
São os problemas amorosos, familiares e sociais de Zé que acompanhamos durante todo o livro. De forma divertida, mas sempre crítica, o autor mostra-nos como o protagonista descobre novos horizontes. De certa forma, o objectivo essencial do livro passa por mostrar que nem sempre aquilo que se sonha/quer traz felicidade, mas permite-nos redescobrirmo-nos, começando uma vida diferente. As mudanças em si podem trazer um fundo que beneficia todos e dão uma nova oportunidade às pessoas, sem que se guardem ressentimentos e com consequências favoráveis para a vida futura de cada um.
Este livro, quase numa toada de confissão, é uma leitura extremamente cativante. Abre-nos portas para o universo masculino, permitindo aos leitores conhecer a perspectiva destes face a este tipo de crises emocionais – algo a que, muitas vezes, é dada pouca relevância. Tiago Rebelo criou uma personagem extremamente verídica que, embora seja merecedora de críticas, mostra um lado sensível e quase infantil a que não se fica indiferente. Para além do mais, em contraposição ao tom sério da temática, estão garantidas belas gargalhadas que tornam a leitura fluida e muito aprazível.
8/10 - Muito Bom
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