quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Leitor

Sinopse: Em 1960, Michael Berg é iniciado no amor por Hanna Schmitz. Ele tem 15 anos, ela 36. Ele é apenas um adolescente. Ela é uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta e finalmente fazem amor. Mas este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece subitamente. Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazis. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes.

A vontade de ler este pequeno livro surgiu pelo óbvio destaque que o filme lhe deu, mas também por algumas opiniões bastante positivas que tinha lido. Como o apanhei com 30% de desconto no Continente (a promoção ainda está em vigor), decidi trazê-lo para casa e lê-lo quase de imediato.

O livro fala, numa primeira parte, de um amor pouco convencional entre um adolescente de 15 anos e uma mulher mais velha, Hannah, na Alemanha do início dos anos 60. A juntar a todas as peculiaridades que se desenvolvem nesta relação, junta-se o facto de um dos rituais entre o casal ser precisamente ele ler-lhe romances, enquanto ela escuta avidamente. Mas o livro não trata só deste romance, apesar de ser o ponto central. Na segunda parte do livro, alguns anos decorridos, vamos encontrar Hannah a mãos com a possibilidade de ser castigada por ter sido guarda num campo de concentração e Michael a assistir ao julgamento, debatendo-se com questões morais. Para além da parte de romance, o autor utiliza este livro para reflectir sobre a Alemanha pós-II Guerra Mundial e o conflito de gerações entre quem participou/viveu a Guerra e os seus descendentes. Julgo que uma das mensagens principais acaba por ser a importância de olhar para todos os lados das questões, descartando falsos moralismos. Outra é que nunca é tarde para tentar (não vou concretizar, porque revelaria uma parte importante da história).

Gostei muito da escrita de Bernhard Schlink. Directa, mas poética a espaços. Cheia de reflexões, pequenos detalhes que nos fazem ficar a pensar e personagens muito interessantes na sua complexidade. Eis como se consegue, em relativamente poucas páginas, criar uma história tão rica... Não posso deixar de o recomendar vivamente!

9/10 - Excelente

[Livro n.º 25 do meu Desafio de Leitura]

Nenhum comentário:

Postar um comentário