Autor: Aravind Adiga
Editor: Editorial Presença
Páginas: 248
ISBN: 9789722341004
Tradutor: Alice Rocha
Sinopse
Premiado com o Booker Prize de 2008, O Tigre Branco é um romance de estreia auspicioso que, sem cair no cliché do romantismo exótico e superficial, nos revela uma Índia ainda muito pouco explorada pela ficção, a Índia negra, violenta e exuberante das desigualdades socioculturais endémicas. Aravind Adiga oferece-nos um retrato cru e muito pouco glamoroso da desumana realidade de vida das classes mais pobres pela voz espirituosa e mordaz do narrador, Balram Halwai, um jovem que cresce no interior miserável da Índia e se torna um empresário de sucesso em Bangalore. E é através do seu percurso moralmente ambíguo que conhecemos as discrepâncias chocantes entre o luxo extravagante da elite rica dos boulevards e a luta desesperada pela sobrevivência dos que nada têm. Uma comédia negra irreverente que desmistifica a Índia lírica e nostálgica que tantas vezes idealizamos.
Opinião
Tal como o meu companheiro de blog Menphis (que deixou a sua opinião sobre este livro aqui), também eu estava com imensa curiosidade para ler este livro e perceber que motivo o levou a ganhar o Booker Prize do ano passado. Para além disso, avizinhava-se uma excelente oportunidade de conhecer melhor a Índia.
Apesar de a sinopse revelar um pouco daquilo que se podia esperar, a verdade é que mesmo assim fui surpreendida pelo tom mordaz e sarcástico em que todo o livro está escrito, e que por vezes me levou mesmo a dar algumas gargalhadas, apesar dos assuntos sérios que estavam a ser tratados. O livro tem uma estrutura original: durante 7 noites seguidas, Balram Halwai escreve cartas a um ministro chinês que se prepara para visitar o seu país. Nessas cartas, Balram conta a história da sua vida, ao mesmo tempo que descreve a Índia que normalmente fica de fora dos roteiros turísticos, a Índia da pobreza, da corrupção e da chico-espertice.
O país que nos é descrito é um onde, como se costuma dizer, "ou se come ou se é comido". Balram, após um início de vida difícil e do emprego de motorista que arranjou, escolheu a primeira hipótese, numa opção moralmente discutível. Confesso que, com as devidas diferenças, pensei bastante neste cantinho à beira-mar plantado. Constantemente, em situações tão banais como o trânsito (ou noutras mais graves, que prefiro nem saber), os chico-espertos são aqueles que normalmente se safam, sem se importarem se passam ou não por cima dos outros. Tanto aqui como na Índia, é a mentalidade do "se o outro faz e se dá bem, porque é que não hei-de fazer também?" que não deixa as coisas irem para a frente no sentido de uma sociedade mais justa.
Ao longo de todo o livro, nota-se o desencanto de Aravind Adiga para com os problemas que a sociedade do seu país enfrenta e também a vontade que tem em denunciá-los. Gostei imenso da forma que ele escolheu para o fazer, com a esperança que estas vozes que se vão levantando possam alterar, de alguma forma, o estado das coisas. Quanto ao livro propriamente dito, achei que começou a todo o gás, mas vai perdendo algum fulgor lá pelo meio com algumas partes mais paradas; no cômputo geral é um livro que não posso deixar de recomendar.
8/10 - Muito Bom
[Livro n.º 27 do meu Desafio de Leitura]
Editor: Editorial Presença
Páginas: 248
ISBN: 9789722341004
Tradutor: Alice Rocha
Sinopse
Premiado com o Booker Prize de 2008, O Tigre Branco é um romance de estreia auspicioso que, sem cair no cliché do romantismo exótico e superficial, nos revela uma Índia ainda muito pouco explorada pela ficção, a Índia negra, violenta e exuberante das desigualdades socioculturais endémicas. Aravind Adiga oferece-nos um retrato cru e muito pouco glamoroso da desumana realidade de vida das classes mais pobres pela voz espirituosa e mordaz do narrador, Balram Halwai, um jovem que cresce no interior miserável da Índia e se torna um empresário de sucesso em Bangalore. E é através do seu percurso moralmente ambíguo que conhecemos as discrepâncias chocantes entre o luxo extravagante da elite rica dos boulevards e a luta desesperada pela sobrevivência dos que nada têm. Uma comédia negra irreverente que desmistifica a Índia lírica e nostálgica que tantas vezes idealizamos.
Opinião
Tal como o meu companheiro de blog Menphis (que deixou a sua opinião sobre este livro aqui), também eu estava com imensa curiosidade para ler este livro e perceber que motivo o levou a ganhar o Booker Prize do ano passado. Para além disso, avizinhava-se uma excelente oportunidade de conhecer melhor a Índia.
Apesar de a sinopse revelar um pouco daquilo que se podia esperar, a verdade é que mesmo assim fui surpreendida pelo tom mordaz e sarcástico em que todo o livro está escrito, e que por vezes me levou mesmo a dar algumas gargalhadas, apesar dos assuntos sérios que estavam a ser tratados. O livro tem uma estrutura original: durante 7 noites seguidas, Balram Halwai escreve cartas a um ministro chinês que se prepara para visitar o seu país. Nessas cartas, Balram conta a história da sua vida, ao mesmo tempo que descreve a Índia que normalmente fica de fora dos roteiros turísticos, a Índia da pobreza, da corrupção e da chico-espertice.
O país que nos é descrito é um onde, como se costuma dizer, "ou se come ou se é comido". Balram, após um início de vida difícil e do emprego de motorista que arranjou, escolheu a primeira hipótese, numa opção moralmente discutível. Confesso que, com as devidas diferenças, pensei bastante neste cantinho à beira-mar plantado. Constantemente, em situações tão banais como o trânsito (ou noutras mais graves, que prefiro nem saber), os chico-espertos são aqueles que normalmente se safam, sem se importarem se passam ou não por cima dos outros. Tanto aqui como na Índia, é a mentalidade do "se o outro faz e se dá bem, porque é que não hei-de fazer também?" que não deixa as coisas irem para a frente no sentido de uma sociedade mais justa.
Ao longo de todo o livro, nota-se o desencanto de Aravind Adiga para com os problemas que a sociedade do seu país enfrenta e também a vontade que tem em denunciá-los. Gostei imenso da forma que ele escolheu para o fazer, com a esperança que estas vozes que se vão levantando possam alterar, de alguma forma, o estado das coisas. Quanto ao livro propriamente dito, achei que começou a todo o gás, mas vai perdendo algum fulgor lá pelo meio com algumas partes mais paradas; no cômputo geral é um livro que não posso deixar de recomendar.
8/10 - Muito Bom
[Livro n.º 27 do meu Desafio de Leitura]
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