No final da manhã da última quinta, 02 de julho, aconteceu o esperado lançamento do Manifesto Por um Brasil Literário, uma ação capitaneada pelo Instituto C&A de Desenvolvimento Social com o apoio da Casa Azul (organizadora da Flip), FNLIJ (Fundação nacional do Livro Infantil e Juvenil), Instituto EcoFututo e o Centro de Cultura Luiz Freire.
Estávamos lá, eu e Ana Paula, ao lado de outras duas centenas de professores, autores, ilustradores, editores, profissionais do mundo do livro, curiosos e representantes do poder público (em todas as suas instâncias).
Depois de todas as formalidades (discursos dos patrocinadores, a leitura do Manifesto por Bartolomeu Campos de Queirós e a fala de representantes do poder público - em que o Secretário de Cultura do estado de São Paulo, Cláudio Augusto Calil, foi "convidado" a encerrar a sua fala, a mais interessante até então) o manfesto ganhou cor e calor.
O público foi convidado a se manifestar. Uma professora - que preferiu não se identificar - relatou que, após um trabalho hercúleo de revitalização durante três anos que levou, de fato, alunos e professores a frequentar a biblioteca da sua escola, aquele espaço foi fechado para dar vazão a duas turmas de 30 alunos. Ou seja: parece que quando há demanda de alunos, mais fácil é desativar a biblioteca da escola do que construir novas salas de aula.
Houve ainda mais pressão sobre as instituições públicas onde se destacou a cobrança por uma maior clareza nas escolhas dos livros. Em outras palavras, não basta somente ter mais verba disponível. É preciso usá-la de forma mais competente e transparente. Quando a coisa esquentou, os manifestantes foram convidados a não mais usarem a palavra pois o tempo havia se esgotado. Uma pena.
Polêmicas à parte, outro destaque daquela manhã em Parati (RJ) foi a presença do escritor Bartolomeu Campos de Queirós, que não se ateve somente à leitura do manifesto - do qual é autor. Após um pequeno intervalo, ele retornou à mesa onde pode conversar com os presentes. Sua prosa, sempre poética, desabafou algumas verdades ao lado de alguns anônimos que pediram a palavra e outros nem tanto, como Marina Colasanti, que questionou se a maior facilidade em se formar pedagogos - devido a proliferação de faculdades de Pedagogia e a dificuldade em se conhecer e/ou acompanhar o que é ensinado em tantas instituições - não colaboraria para a formação de um profissional menos qualificado.
Cito a seguir algumas frases ditas por Bartolomeu na ocasião do Manifesto:
"Acho que não há interesse político de se formar um país inteligente".
"Vamos deixar as crianças um pouco de lado - que estão ali, felizes, no recreio - e vamos cuidar um pouco mais dos nossos professores".
"Deve-se cuidar com carinho do que o professor QUER ensinar e não dizer a ele o que TEM que ensinar. Isso é uma ditadura pedagógica. O professor está sendo usado como um atravessador. Estamos transformando em adestramento um processo de educação. Há que se criar espaços para a fantasia na escola".
"Nosso professor não é bem remunerado, muitas vezes vai de ônibus para a escola, não tem status social e só aparece na televisão quando está em greve por melhores salários. Não sei se esse professor tem como encantar o aluno. A escola, hoje, é um espaço sem desejo. Nem do aluno, nem do professor".
"O nosso mundo tem o tamanho da nossa palavra. Nosso mundo está velho de palavras. A gente muda o mundo quando muda a nossa palavra. E a gente está querendo mudar o mundo usando palavras antigas".
O vídeo acima mostra Bartolomeu Campos de Queirós comentando o Manifesto Por um Brasil Literário. Caso você tenha interesse em conhecê-lo na íntegra, CLIQUE AQUI. Se desejar aderir ao manifesto, CLIQUE AQUI. Nós assinamos o livro e seguimos, como sempre, nos manifestando de várias formas, por um Brasil mais literário. Hatuna Matata!!!
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