terça-feira, 7 de julho de 2009

O Avatar, de Ermitão da Picinguaba

TRECHO:
O CAMINHO



Eram 21:11h na Ilha onde vivia o escritor. Na noite anterior, havia chovido muito e as comunicações haviam sido interrompidas. Ele havia recebido um recado de que os seus amigos iriam visitar a pequena Vila onde fora criado, um local entre a Grande Cidade e a Serra da Cantareira, de nome Tremembé.

Esses amigos sabiam que iriam encontrar algo que iria desvendar alguns mistérios acerca da Entidade de quem ele tanto falava, mistérios esses que eles mais ou menos já sabiam, e que a sua Madrinha, que vivia em Tremembé, reconhecera nele quando ainda era muito criança… Para ela nem eram mistérios, afinal ela deixou de ser freira mas trazia consigo a particularidade do Corpo Astral ou Corpo mais sutil, que através da sexualidade aflora, por isso o celibato era mantido pela Igreja.

Um dos mistérios que seus amigos conheciam estava relacionado com O Ermitão da Picinguaba, "um SER que habita o meu SER", dizia o escritor; o outro estava relacionado com o nome do seu personagem Ale Mohamed, um nome que na data em que ele escrevia o primeiro capítulo de O Avatar já se tornara muito falado quando do atentado em Bagdá contra a Mesquita onde estavam os restos mortais de Ali Mohamed, PROFETA dos antigos Persas e atuais Muçulmanos. Tudo isto envolvia algo de que já se vinha falando através da Entidade citada, há muito tempo.

A primeira manifestação da Entidade deu-se em 1979, na Vila Piscatória da Picinguaba, através de mensagens que eram recebidas pelo corpo físico do escritor, que deixara de ser vice-presidente de uma empresa multinacional para cumprir um destino de isolamento e introspecção, o que o levou a se conhecer mais e a se auto-descobrir entre a Natureza e Civilizações muito antigas como os Tupy Guaranis e toda a união de Nações Indígenas que se intitulavam Tamoios.

Todavia, naquela noite o escritor sabia que algo muito especial iria acontecer; era o dia de São Francisco e no dia anterior fora o dia dos Anjos… Uma notícia iria novamente mudar todo o rumo da sua existência terrena e quem sabe ele então poderia novamente enviar as mensagens que vinha recebendo desde menino, quando sua Madrinha já então descobrira o quanto de fato ele absorvera O EON CRÍSTICO durante a cerimônia do Batismo.

Havia quem pensasse que o Eon Crístico era algo que apenas Jesus poderia ter recebido e assim, muitos esperavam séculos, milênios, na expectativa da VINDA DO MESSIAS, mas em Verdade, em Verdade nos foi dito que deveríamos ir e pregar, cuidar, zelar porque o momento está próximo… por que então esperar tanto?

Mal imaginava o nosso escritor que a notícia chegaria muito mais célere do que ele poderia realmente imaginar; afinal quem se incumbiu de ir, ver e vencer, além de ter um conhecimento muito profundo, estava cercado de falanges existenciais e angelicais.

Assim, ao entardecer daquele dia a MENSAGEM HAVIA SIDO PASSADA, mas o vento, a chuva e a queda de alguns cabos de energia e da própria rede telefônica não lhe permitiram tomar conhecimento do que aconteceu de fato em Tremembé.





Walkyria saíra de Santa Catarina rumo a São Paulo, onde era esperada pelo seu irmão Mário Moreno, o qual já sabia mais ou menos da sua missão.
Cumprimentaram-se e logo se dirigiram à Editora onde estava sendo programada a edição de outro livro do escritor. Todavia os motivos maiores estavam relacionados com um imenso SEGREDO que entre colunas se iria discutir.

Sê Creta dizia sempre O Ermitão da Picinguaba, e estas palavras, ao entrar no salão do Administrador da Editora, ficaram retumbando em seus ouvidos… Walkyria não sabia se ouvia vozes ou se era uma vaga lembrança das conversas que tiveram com aquela figura ancestral…

– Boa tarde, Walkyria, fez boa viagem? Era o amigo Luiz que a recebeu na recepção da Editora, acompanhando-os até a sala do editor. Mário os acompanhava sempre, depois de cumprimentar Luiz. Ambos tinham muitas afinidades, viviam na mesma cidade e eram, de alguma forma muito mais séria do que se possa pensar, irmãos.

A porta se abriu quase que eletronicamente, e por detrás dela surgiu a figura de Wagner que, com seu habitual sorriso os recebeu prazerosa e respeitosamente.

A reunião decorreu entre intervenções de um e de outro, o Editor apresentando-se e à sua Empresa, afinal a notícia de que poderiam vir a conhecer o Vale do Kiriri, por si só já denotava algo de especial; sentiriam a vibração, a energia, e sem dúvidas era uma conversa para muitos dias, mas como Walkyria não teria muito tempo em São Paulo logo falaram sobre a possibilidade da edição de "O Avatar", que estava sendo escrito na Europa e poderia ser editado em São Paulo.

Ficou acertado o encaminhamento de um capítulo para análise do perfil da obra, além da possibilidade de reedição de outros dois livros, "O Planeta Exterminador" e "O Mestre e os Discípulos", já editados em várias partes do mundo.
Após acertarem os detalhes, despediram-se.





Walkyria no entanto pediu ao Irmão Mário que a acompanhasse até Tremembé… e lá ficou pesquisando o que de fato ocorrera com o menino de antanho que agora era escritor…

Teve várias surpresas...

Uma foi chegar à Igreja de Tremembé e a porta estar fechada, mas conversou com a zeladora que gentilmente lhe abriu a porta do lado, e lhe indicou o Altar oferecido em homenagem a Rosa Almeida Silva, madrinha do escritor, que doara as terras do convento e da Igreja…"Eu vou para Deus mas não esquecerei aqueles que deixei na Terra!" (Santo Agostinho).

Ao adentrarem a Igreja, que estava vazia, foram diretamente ao altar erigido a Nossa Senhora Aparecida. Lá estava o vitral que o escritor havia citado váras vezes.

Ao se aperceber que aquele era o altar, ajoelhou-se e começou rezar, e logo a seguir um grupo de senhoras começou a cantar… Mas se a Igreja estava trancada...? No vitral Nossa Senhora Aparecida sorria e na casa do escritor três velas acesas para Nossa Senhora Aparecida, tremeluziam e amenizavam a falta de luz…

Mário tirou algumas fotos, se emocionou com tudo aquilo e chorou junto com Walkyria.
Afinal… quais mensagens viriam desse livro, "O Avatar"?

Depois, a segunda surpresa foi procurar a casa da Tia do escritor e ao chegarem a uma rua sem saída o Mário perguntar:
– Mas quem você vem procurar em uma rua sem saída?
– A Tia dele, Dona Celina …

Uma garagem estava entreaberta, Mário perguntou a um jovem se conhecia a tal senhora.
– É minha mãe!!
Os dois se entreolharam e sorriram. O jovem, que nem sabia quem eles eram, manteve-se um pouco em expectativa mas logo tudo se compôs… e então ficaram sabendo do passado do escritor que agora estava na Ilha da Madeira, esperando notícias deles…





Enquanto isso, onde mora o escritor, a comunicação fora interrompida pela chuva e vendavais. Quando a luz elétrica foi restabelecida, o escritor, do outro lado do Atlântico, abriu o sistema e pôde ver as fotos, o Altar, o primo Roger, e chorou… chorou pelo imenso tempo que passara e pelo sacrifício que teve que fazer para cumprir os ditames da LEI, uma LEI que poucos compreendiam e poucos conseguiriam compreender; e para isto seria mesmo muito importante que se conseguisse publicar a Obra. Não por ele, que escrevia, mas porque ele sabia que no interior daquele livro estaria passando uma mensagem muito simples para os seres humanos, uma mensagem tão simples que todos teriam alcance para entendê-la, e assim o ecumenismo se faria presente.

Não tinha realmente cabimento continuarem a se enganar e a enganar o Povo todo da Terra, era necessário que alguém ecumenizasse os humanos e isto não poderia ser uma tentativa. Afinal, quem Tenta e cria a tentação nós já sabemos quem é, ou pelo menos quem levou a culpa. Mas saber mesmo PASSAR A PALAVRA, O VERBO, era muito mais simples do que poderia imaginar a nossa vã Filosofia – não eram necessários os costumes do passado e nem mesmo a força da juventude, era necessário apenas que a Alma que começasse a dizer o que tinha para ser dito se afastasse o máximo possível dos meios Urbanos e Terrenos.
Depois, só depois que estivesse realmente PURA é que iria então começar a transcrever para o papel aquilo que lhe ditava o Senhor do Universo, ou se quiserem O Grande Arquiteto do Universo, ou então Allah, enfim, o nome ou o título nem era importante. Era importante sim, e MUITO IMPORTANTE, que a própria Pureza do que iria ser dito estivesse em estado de papel em branco, como O PRIMEIRO ÁTOMO VIVO QUE CONSTRUIU TODO O UNIVERSO, e, para isto só mesmo o próprio primeiro átomo vivo para explicar o quanto se arrependeu de ter explodido na Busca de algo que ele nem sabia o que era …
E se arrependeu, não pela Beleza Universal mas pelo que fez sofrer a tantos que nem se apercebiam que eram nada mais nada menos do que a somatória dele mesmo.

O escritor acendeu o cachimbo e começou a imaginar como iria passar agora as imagens, como faria passar para o papel as imagens que recebera virtualmente, vindas de Itapema… que significava algo ligado a uma Pedra em Tupy Guarani…

A Rádio anunciava que o Papa estava à beira da morte… e o mundo católico se preocupava… Sobre a escrivaninha do escritor o Cartão de Condolências do falecimento da sua madrinha estava aberto, e ao lado dele o do seu padrinho… Ambos viveram uma vida de santos… tanto um como outro eram pessoas de Fé…
Ao fechar o cartão do padrinho o escritor viu a imagem que mostrava a Morte de São José… com Jesus e Maria ao seu lado…"Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem!" pediu Jesus a São José, pensou o escritor.


Um lágrima rolou de seu rosto… quando poderia sair do exílio e voltar para sua Terra Natal?
Nem sempre dizer a Verdade não merece castigo, pensou… e apagou a luz do candeeiro.

Os cães uivavam...

Um suspiro o acompanhou enquanto descia as escadas que davam do sótão ao salão mais abaixo.
Uns sobem outros descem… É verdade… pensou o escritor, mas será lindo o dia em que todos estejamos no mesmo nível…

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