segunda-feira, 23 de junho de 2008

O mistério por trás da espera...



Recebemos no dia 14 um mail da Bruaá com esta bela imagem… “Fiquem à espera…”, dizia.



Ontem, recebemos novo email e nova ilustração. Tudo se esclareceu. Esta ilustração não é mais nem menos que a capa do novo livro da editora, Eu espero... (Davide Cali e Serge Bloch).

Já sabíamos que a aposta inicial da Bruaá seria em álbuns de autores e ilustradores estrangeiros. Imaginávamos que os critérios fossem bastante rigorosos, não fosse o seu primeiro livro, A árvore generosa um clássico de 1964 que nunca tinha chegado a Portugal.
Mas a grande revelação surgiu quando folheámos virtualmente as primeiras páginas do novo livro, no site. De repente, estava ali aquele livro que a Dora Batalim nos tinha lido, ainda por traduzir, com aquela voz doce e lenta, que avivava ainda mais as sensações diversas associadas a cada espera.

O livro é fascinante na sua simples profundidade, comunicando directamente com um lugar sensível sem que tenhamos espaço ou tempo para mediar o diálogo. Na sua beleza quase minimalista conta-se a história de toda uma vida, sem contemplações ou explicações. Tudo por um longo fio (Será de lã? Será de linha?) que une as páginas do álbum como une os fragmentos da biografia através da espera. A polissemia da palavra presta-se a que a enumeração ganhe direcções várias e que a linearidade do fio, que terá um fim e um princípio, mas se pode atar tornando-o infinito e circular, seja um espelho do tempo como o vemos e não uma realidade objectiva.
Há uma emoção tão genuína nesta história que a descrição falha sempre. Até porque um livro assim pede silêncio, o silêncio de quem é arrebatado por algo que está para além das palavras.
Um dos álbuns mais belos que já vi.
Muito obrigada!

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