segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Leituras de férias I


António Garcia Barreto, Ricardo caiu no buraco do ozono, Ambar

Apesar de seguir a tradição dos grupos de jovens que resolvem mistérios, neste livro o grupo está formalmente criado, com direito a nome (Brigada Lótus) e reconhecimento público. Não descobrem um mistério para resolver, são sim contratados para o efeito. Têm a confiança dos pais e um professor como consultor. E, apesar da Brigada contar com apenas três elementos, estes contam com a colaboração eventual de mais amigos. O mistério não é rocambolesco, mas o final surpreende com uma derivação da acção principal. O estilo é fluido e acessível, incorrendo por vezes em expressões que soam pouco naturais. No entanto, destaca-se a simplicidade do texto como uma qualidade. Não confundamos simplicidade com simplismo. A narrativa segue uma estrutura policial, com recurso a situações bizarras, pessoas com comportamentos inesperados, pistas e até uma passagem secreta e um cão ajudante. Todas estas características são comuns ao 'género', e o autor usa-as com fidelidade ao modelo, sem incorrer em tentações de as dissimular. A sua presença na diegese é intercalada com outro tipo de topoi, relacionado com a linguagem e o comportamento dos adolescentes entre si. Há por isso um equilíbrio entre a inovação e a tradição, ao serviço de uma narrativa leve, sem pretensões nem falhas.

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