segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Literatura Infantil - receptores e destinatários

«Perante as inúmeras tentativas de definição de Literatura Infantil, notamos que um aspecto está presente em quase todas: são as crianças quem decide o que é Literatura Infantil; se um livro, que não tem por destinatário as crianças (Robinson Crusoë; A Cabana do Pai Tomás), é lido, gostosamente, por elas, então fará parte da Literatura Infantil. Esta não é uma questão de destinatário, mas uma questão de receptor. Naqueles casos o destinatário corresponderá, talvez, ao leitor pretendido e o receptor ao leitor real. Quando Harriet Stowe escreveu A Cabana do Pai Tomás pretendia que a obra contribuísse para a abolição da escravatura nos Estados Unidos. O seu destinatário é, sobretudo, a sociedade americana, e nesta, os que podem dar passos determinantes para a abolição da escravatura. Estes são, segundo penso, os leitores pretendidos, aqueles que podem realizar aqueles objectivos emancipadores. Stowe leu a Cabana (dois ou três capítulos) aos seus dois filhos, que funcionaram assim como primeiros leitores da obra e, porque gostaram, os primeiros receptores. A Cabana do Pai Tomás começou a ser 'gañada' para as crianças pelos próprios filhos da escritora.» (pp. 11, 12)

Manuel António Teixeira Araújo, A Emancipação da Literatura Infantil, Campo das Letras, 2008

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