sexta-feira, 31 de outubro de 2008

NAZARÉ

.
«Do Valado à Nazaré são seis quilómetros, quase sempre através do monótono pinheiral de El-Rei. É um majestoso templo que não acaba e onde a solidão se torna palpável entre os troncos cerrados e sob as copas espessas. Por fim o caminho desce, passando a Pedreneira, e avista-se lá em baixo a branca Nazaré e o mar apertado num vasto semicírculo de montes verdes, que mergulham no azul dos alicerces. Ao norte o panorama acaba de repente num paredão temeroso, que entra direito pelas águas e entaipa o céu. É um morro avermelhado e riscado, com vegetação pegajosa de urzes e de cardos e um penedo destacado na ponta - o bico do Guilhim. Lá em cima as paredes brancas duma aldeia árabe entre sebes de cactos hostis - o sítio. Pedaços de rochas salientes ameaçam desabar a toda a hora... »
.
Extraído do livro: OS PESCADORES
Autor: RAUL BRANDÃO

Nenhum comentário:

Postar um comentário