quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um Discurso Sobre A Negação Da Carne: Ascetismo - Prática Para A Elevação Da Consciência, de Frater Velado

TRECHO:
Preâmbulo
É MUITO difícil para um vivente no Século XXI da Era Cristã aceitar –
ou mesmo sequer entender – proposições de Ascetismo como prática
esotérica, tal a forma pela qual se encontram arraigados nas mentes
humanas o consumismo e a competição. O Clube Cristão, ou Civilização
Cristã Ocidental, na verdade a Sociedade de Consumo, é uma aglomeração
de seres gravitando em torno de ilusões, mentiras e hipocrisias de toda
espécie. O hedonismo (satisfação dos sentidos através da glutoneria, sexo
desenfreado e desregrado, obtenção de todos os prazeres possíveis e
imagináveis ao máximo) tornou-se um referencial tão marcante no homem
ocidental do Século XXI que o próprio Deus é apresentado como propiciador
de poder para o consumo para todos que Lhe fizerem o “sacrifício” de ofertas
em dinheiro. As próprias ordens esotéricas e iniciáticas, criadas para serem
variantes místicas da religião, destituídas da doutrinação e do dogma, relutam
em aceitar o Ascetismo, temendo perder adeptos, e preferem promover
convescotes clubísticos e almoços com carne e até cerveja, com raríssimas
exceções. Exdecutivos dessas ordens costumam fazer pronunciamentos
enfatizando que não é negando a carne que se obtém a Iluminação. Religiões,
ordens esotéricas não-religiosasde fraternidades não podem ser aquilatadas
pelo que são, mas somente pelo que produzem. Ou seja – são como as
árvores, que podem ser julgadas por seus frutos. Estes, no caso, são os
membros dessas instituições que tenham se tornado capazes de demonstrar –
e praticar – efetivamente a santidade, através de pensamentos, palavras e
atos, dedicando-se ao esclarecimento das mentes, à cura dos enfermos e ao
auxílio aos necessitados. No Rosacrucianismo, por exemplo, a principal
atividade dos membros deve ser a cura e todo o resto vem depois. É verdade
que muitos estudantes adquirem o poder da cura sem terem passado por
práticas ascéticas, mas o Ascetismo pode tornar esse poder muito mais forte,
porque à medida que um ser se aparta do hedonismo proporcionalmente
aumenta sua capacidade de exercer atividades espirituais.
Dando um exemplo prático, o Supremo Dirigente de nossa Organização,
Mestre Cósmico Svmmvm Bonvm Amen Re, não pode ser diretamente
conhecido por quem não tenha se dedicado intensivamente ao Ascetismo, tal
a elevação (gradação) da faixa espiritual em que se encontra na Mente
Cósmica. A Mente Cósmica é o que os Hinduístas chamam de Brahman, o
Absoluto do qual saem e no qual entram constantemente e continuamente
incontáveis trilhões de Universos enquanto Ele permanece imutável. Para
entender completamente o que seja um Mestre Cósmico de tal nível é preciso
penetrar no Brahman e isto somente com a Iluminação é possível.
O Ascetismo é o trajeto direto à Iluminação, recomendado não somente pelos
Vedas mas pela religião Cristã, como em mosteiros cenobitas tais como os da
Ordem de São Bento (OSB), comunidades Católicas Romanas sob a Regra de
São Bento (RB), onde as monges são praticantes do Yoga. Em tais
congregações a concepção que se tem do Cristo não é a mesma dos profanos
viventes no século – é uma compreensão muito mais avançada e completa.
Mas os estudantes ocidentais do Misticismo e do Ocultismo que se
consideram em um “trajeto superior” em comparação com a religião, rejeitam
as idéias dos ascetas, principalmente devido às posições anti-Ascetismo dos
executivos de suas ordens ou fraternidades, que são totalmente ligados ao
mundo. Em tese, a Iluminação é o alvo final destes estudantes e é neste
momento que um dilema aparece, porque sem Ascetismo nenhuma
Iluminação é possível para seres humanos. Afinal, o que é o Misticismo e
como é ele relevante para o desenvolvimento espiritual nestas épocas
turbulentas no alvorecer do século XXI? O Misticismo não é um produto a
mais na Sociedade do Consumo que algumas organizações esotericas estejam
vendendo, um unguento milagroso para autoajuda. O Misticismo é a busca da
Iluminação. Para cristãos, a Iluminação é o extase da aproximação com a
Divindade; e esse conceito da Iluminação é visto geralmente como uma
concepção medieval, Augustiniana. Para Rosicrucianos, a Iluminação é algo
como é descrito pelo Rev. Dr. H. Spencer Lewis, FRC, Ph.D. no trabalho "O
Que é Iluminação? Um Ponto de Vista Rosacruz". Com os avanços da
Ciência a Humanidade vem conhecendo pouco a pouco os mistérios do
Cosmos e isto não deixa de ser um tipo de Iluminação – mas nada tem a ver
com a Iluminação mística. Para Illuminates Of Kemet Iluminação é a fusão
entre os fenômenos da Mente Cósmica e a compreensão da mente humana.
Muitos misticos entraram no status da Iluminação como tendo auferido
consciência cósmica: Cristãos - Meister Eckhart, Thomas de Kempis, Teresa
de Avila, São João da Cruz, Thomas Man. Budistas - Milarepa, Tenzin
Gyatzo, Adyashanti. Hinduistas - Sri Aurobindo, Ramakrishna Paramahansa,
Ramana Maharshi, Ramprasad, Mirabai. Sufis - Rumi, Ibn Arabi.
Rosacruzes: Jacob Boheme, Max Heindel. Estes misticos eram praticantes
moderados do Ascetismo: vegetarianos, nenhum álcool, nenhum sexo fora da
união como preconiza Max Heindel ou totalmente asceticos como Thomas de
Kempis, Milarepa, Ramakrishna. Conforme Siddhartha Gautama, qualquer
um pode transformar-se em Buddha mediante a Iluminação. Mas isto não é
demasiado simples, porque a natureza animal do ser humano deve ser
dominada e para isto o Ascetismo é o caminho.
A Iluminação obviamente provém da Luz Eterna e, como já foi exposto em
outra Monografia de IOK, não é uma irradiação, é um Estado do Ser. Como
os seres manifestados na matéria são evolutivos e corruptíveis, o autêntico
Iluminado é aquele que tendo recebido a Iluminação e tendo compreendido
essa Iniciação se esforça por mantê-la permanentemente dentro de si,
escapando à entropia. Isso só pode ser conseguido através do serviço altruísta
e desinteressado, tal como é preconizado pelas Ordens e Fraternidades da
Rosa+Cruz Verdadeira, Eterna e Invisível, manifestadas neste plano terreno
de provações e realizações que as transformam (as provações) em degraus da
Escada da Evolução. Essa Escada tem infinitos degraus e por ela o Iluminado
caminha permanentemente, pois é com essa peregrinação pela senda
ascendente que a Iluminação se mantém. Para subir essa Escada é preciso
descer e ir ao encontro das dificuldades e dos infortúnios, a fim de transmutá-
los em benesses para o próximo. Nenhum Iluminado pensa em função de si
próprio, pois ao se tornar Iluminado perdeu a identidade pessoal e tornou-se a
própria Luz. Isso pode durar momentos ou uma vida inteira. É quando a Rosa
desabrocha na Cruz, tornando-se Luz e deixando de ser Rosa. Quem olhar
melhor verá que, então, através dessa transcendental alquimia, a Cruz tornou-
se quatro raios de Luz vindos de um Sol Eterno, Imutável, Incriado - um Sol
que surgiu onde antes estava a Rosa crucificada na Vida Material. Será que
alguém pensa que sem qualquer gradação de Ascetismo isto é possível?

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