Guia familiar para os monstros lá de casa II, Stanislav Marijanovic, Dinalivro, livro recomendado para o 1º ano do 1º ciclo, leitura autónoma
Através deste livro ilustrado pode o leitor conhecer uma diversidade de monstros que nos povoam o quotidiano. Cada retrato apresenta marcas que remetem para a sua função: o monstro da tagarelice tem um microfone, o monstro atarefado tem muitas mãos ocupadas com papéis, pentes, chávenas de café ou lápis; já o monstro dos atrasos traz consigo relógios que iludem a hora verdadeira.
Em jeito de enciclopédia, a galeria de personagens é apresentada ao leitor em discurso directo, com algumas sugestões para o salvar de tal incómodo. Curioso é que nem sempre estes monstros têm características com as quais os mais pequenos se identifiquem. Aparecem também monstros especificamente destinados aos adultos, nomeadamente aos pais, e serão os filhos a ter a importante missão de os encontrarem e agirem, em defesa dos adultos. «A maior parte das vezes, o Faretutus ataca os graúdos e, assim, compete às crianças ajudar os mais velhos a combater este monstro. Levem os vossos pais diariamente ao parque para fazerem exercício e apanharem ar fresco. Obriguem os graúdos a fazer refeições saudáveis e a ler bonitas histórias, antes de irem cedinho para a cama.»
A metáfora dos monstros parte de um universo lúdico e fantasioso para caracterizar problemas e atitudes do dia a dia, promovendo a sua identificação e contextualização. As sugestões apresentadas tentam deslocar as regras de aprendizagem social e comportamental de um discurso impositivo ou pedagógico para o transformar num jogo em que o leitor será o herói. Combater os monstros é combater a preguiça, a desarrumação, a gulodice, a batotice, a indecisão. «Quando o Ambigus está por perto, não serás capaz de escolher coisa alguma, nem o sabor do teu gelado, nem o filme que queres ver, nem mesmo a marca de cereais a comprar para o pequeno-almoço. Qualquer decisão se transforma num pesadelo! Por isso, decide com rapidez, antes que seja tarde demais! Enquanto hesitas e deixas o tempo passar, o filme começa, os amigos vão-se embora e o gelado derrete.»
O monólogo implica um emissor mistério que estabelece um pacto de cumplicidade com o leitor e lhe revela truques e informações preciosas.
Este universo é invisível aos outros, mas o pacto afirma-se pela comprovação das atitudes de todos, adultos e crianças, quando estão sob a influência destas criaturas horrendamente cómicas. Não é um livro literário, na medida em que a sua tipologia segue as regras da comunicação. Mas os dados informativos podem transformar o livro num objecto a que se recorre, a cada situação, para confirmar a existência de um monstro, ou quem sabe, para lhe acrescentar algum. A ideia não pretende esgotar-se aqui, neste segundo volume, visto que não se verifica uma ordem específica na apresentação das criaturas, cujos nomes têm o encanto da referência latina, e uma tradução, tal como acontece com a botânica, ou a zoologia. O facto de o livro não esgotar o assunto faz dele um desafio para a imaginação do leitor, o que é muito importante.
Em jeito de enciclopédia, a galeria de personagens é apresentada ao leitor em discurso directo, com algumas sugestões para o salvar de tal incómodo. Curioso é que nem sempre estes monstros têm características com as quais os mais pequenos se identifiquem. Aparecem também monstros especificamente destinados aos adultos, nomeadamente aos pais, e serão os filhos a ter a importante missão de os encontrarem e agirem, em defesa dos adultos. «A maior parte das vezes, o Faretutus ataca os graúdos e, assim, compete às crianças ajudar os mais velhos a combater este monstro. Levem os vossos pais diariamente ao parque para fazerem exercício e apanharem ar fresco. Obriguem os graúdos a fazer refeições saudáveis e a ler bonitas histórias, antes de irem cedinho para a cama.»
A metáfora dos monstros parte de um universo lúdico e fantasioso para caracterizar problemas e atitudes do dia a dia, promovendo a sua identificação e contextualização. As sugestões apresentadas tentam deslocar as regras de aprendizagem social e comportamental de um discurso impositivo ou pedagógico para o transformar num jogo em que o leitor será o herói. Combater os monstros é combater a preguiça, a desarrumação, a gulodice, a batotice, a indecisão. «Quando o Ambigus está por perto, não serás capaz de escolher coisa alguma, nem o sabor do teu gelado, nem o filme que queres ver, nem mesmo a marca de cereais a comprar para o pequeno-almoço. Qualquer decisão se transforma num pesadelo! Por isso, decide com rapidez, antes que seja tarde demais! Enquanto hesitas e deixas o tempo passar, o filme começa, os amigos vão-se embora e o gelado derrete.»
O monólogo implica um emissor mistério que estabelece um pacto de cumplicidade com o leitor e lhe revela truques e informações preciosas.
Este universo é invisível aos outros, mas o pacto afirma-se pela comprovação das atitudes de todos, adultos e crianças, quando estão sob a influência destas criaturas horrendamente cómicas. Não é um livro literário, na medida em que a sua tipologia segue as regras da comunicação. Mas os dados informativos podem transformar o livro num objecto a que se recorre, a cada situação, para confirmar a existência de um monstro, ou quem sabe, para lhe acrescentar algum. A ideia não pretende esgotar-se aqui, neste segundo volume, visto que não se verifica uma ordem específica na apresentação das criaturas, cujos nomes têm o encanto da referência latina, e uma tradução, tal como acontece com a botânica, ou a zoologia. O facto de o livro não esgotar o assunto faz dele um desafio para a imaginação do leitor, o que é muito importante.
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