domingo, 15 de junho de 2008

Guerra dos Tronos (A) - R.R. Martin


Não sendo um apreciador do género fantástico, opiniões muito favoráveis fizeram-me despertar o interesse por esta saga composta, segundo consta, por 14 volumes (!!!), sendo que metade deles ainda está por escrever.

Obviamente que a extensão desta obra pode ser desajustada, no entanto, dada a subjectividade, o melhor é analisar volume a volume, perceber, ou tentar, a objectividade do autor e o interesse, a chama, que o mesmo despertará nos volumes subsequentes.

Foi pois com alguma expectativa que peguei neste “A Guerra dos Tronos”, livro Um da saga “As Crónicas de Gelo e Fogo”.

Eddard Stark, lorde dos domínios de Winterfell, recebe a inesperada visita do Rei Robert Baratheon, algo como um Rei Supremo, e da sua comitiva.

Desde logo é perfeitamente perceptível a intimidade e amizade que existe entre estes dois homens.

A intenção do Rei Robert é convidar Eddard para ser o seu “Mão-do-Rei”, o cargo mais importante da corte, algo como um Primeiro Ministro.

Desconfiado, mesmo percebendo as razões do rei, Eddard aceita e conjuntamente com duas filhas, uma delas prometida ao filho mais velho de Robert, parte para Sul para os domínio reais.

E aí depara-se com uma corte fustigada pelas intrigas e invejas, onde a maldade impera e onde os inimigos espreitam a cada esquina.

Em simultâneo, outras prestigiadas famílias também com interesses vários, agem num intrincado e promíscuo tabuleiro estratégico de forma a ganharem poder e vantagem sobre as outras, e curioso constatar que todas as famílias estão unidas por casamentos, mas mesmo assim fomentam o mal das outras.

Sendo uma obra classificada como fantástica, pensei que me ia deparar com dragões, duendes, elfos e afins, no entanto e para além de alguns pormenores realmente fantásticos, fiquei agradavelmente surpreendido com a pouca fantasia deste 1º volume.

A acção pode-se classificar como sendo da idade medieval. Em termos geográficos e embora as descrições, os nomes e até o mapa nos faça recordar a Grã-Bretanha, as semelhanças ficam-se apenas por aí, pois a descrição do clima e sobretudo a variante meteorológica de Norte para Sul é tão elevada e radical que fazem-nos perceber que aquele mundo não existe, que de facto foi criado por Martin.

É interessante e deveras agradável a simbiose que o autor efectua entre o género fantástico e o histórico. As descrições dos costumes e usos são, sem dúvidas, os medievais, assim como medievais até a forma dos diálogos e o vestuário, no entanto, aqui e ali, lá vai surgindo pitadas leves de fantasia, seja no surgimento de lobos gigantes, seja na floresta Assombrada que supostamente contém criaturas perigosas e espantosas.

Com vários capítulos, todos eles nomeados com o nome dos vários personagens (é desta forma que acompanhamos todos em simultâneo), o autor consegue criar um trama interessante e que tem tudo para se desenvolver nos volumes sequentes, porém nem tudo é positivo neste volume, neste início de saga.

Talvez porque o autor tem consciência que a dimensão prometida poderá levá-lo a becos sem saída, a história ou, se quiserem, o trama, tem pouco desenvolvimento para as suas 360 páginas. Durante todo esse “tempo”, o período temporal é curto e a descrição do passado, que é sempre um trunfo para a moenga de histórias, é pouco explorado. Tenho consciência que o autor irá explorar precisamente isso ao longo dos volumes, no entanto fiquei com uma sensação de insatisfação acerca da história e sobretudo acerca de alguns personagens que são apenas aflorados e depois abandonados.

Mas não escondo que a obra me agradou e que fiquei interessado no 2º volume: “A Muralha de Gelo”. A escrita é simples, objectiva e eficaz. O autor é claro e parco nas suas descrições, mas, repito, dada o tamanho da obra, temo que o autor vá desenvolvendo a um ritmo lento, correndo o perigo de retirar interesse aos leitores.

Dou o benefício da dúvida e vou continuar a leitura da saga.

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