quinta-feira, 12 de junho de 2008

Livros sem palavras - uma nova aposta

Os livros sem palavras têm cada vez mais procura por parte de pais com filhos pré-leitores. Onde Está o Bolo? (Caminho), de Thé Tjong-Khing, ilustrador indonésio a viver na Holanda, dá mais um contributo para uma área que ainda não é aposta da edição em Portugal.
Neste livro sem palavras, a ideia inicial é muito simples. Dois ratos roubam um bolo a um casal de cães. Nas páginas seguintes, observamos o que os ratos fazem com o bolo. E inicia-se um percurso por uma floresta recheada de outros animais que observam a algazarra que entretanto se criou. Uma observação interessante resulta do facto de, no final de cada página ímpar (a da direita), os dois ladrões se encontrarem perto do final da página, remetendo o leitor para a página seguinte e para a continuação desta perseguição.
E se por um lado poderíamos pensar que os outros animais seriam parte integrante desta narrativa, o que se observa é que alguns deles mantêm as suas actividades. Dois sapos jogam à bola e acertam num gato que por ali anda. Outra linha de leitura se inicia. Três irrequietos macacos roubam um chapéu a uma gata. Nova linha de leitura. Diferentes animais bebés perdem os seus peluches. Um leitão foge dos pais e aproxima-se de um penhasco... Cai ou não? E durante todo este tempo, os dois ratos fogem com o bolo. Deste conjunto de situações surgem conflitos e acontecimentos que entroncam noutros. O que se conclui quando se observa que o facto de a gata se ter magoado no nariz resulta de algo que se passou algumas páginas antes...
E no final do livro alguns enredos resolvem-se, outros não... acabando os ratos amarrados e vivendo-se um clima de festa na floresta.
Onde Está o Bolo? resulta precisamente pela enorme quantidade de linhas de leitura que se abrem ao virar de cada página. Cada nova personagem traz uma nova pista e novos enredos permitindo, ou melhor, pedindo novas e novas leituras. Uma aposta ganha não só pela qualidade do livro, mas também pelo facto de, como foi dito atrás, trazer um precioso contributo para uma área da edição em que muito ainda há a fazer.

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