domingo, 5 de outubro de 2008

O Encontro com a Alma Gêmea, de Paulo Kronemberger

TRECHO:
Prólogo


Ninguém jamais conseguiu escrever sobre Rapa Nui sem usar a palavra mistério. Na verdade, tudo por lá passou mesmo a ser um grande mistério desde que a descobriram, quando a insanidade do homem "civilizado" a tocou.
É difícil acreditar que a bordo de pelo menos um daqueles primeiros navios sequer houvesse um homem que pudesse avaliar e tentar minimizar o desastre, o verdadeiro genocídio que se praticava ao tentar incorporá-la ao resto do mundo.
Pudessem as águas do Pacífico tê-la escondido até hoje...
No dia da Páscoa de 1722, um holandês infortunamente a descobriu, iniciando o processo de destruição de uma das mais formidáveis culturas que o planeta jamais conheceu. Começou por dar-lhe um nome: Ilha da Páscoa.
Ele não sabia que fazendo isso interrompia a mais primordial das comunhões que o ser, algum dia, no passado, já tinha conquistado: a do homem com a Natureza e com o Cosmos.
Era tudo de que, até aquele infame momento, os habitantes de Rapa Nui(1) precisavam para habitar a ilha mais remota do mundo.
Não pediram que um estranho mudasse o nome de sua terra, que já tinha todos os nomes de que precisava, não pediram roupas, nem armas, nem panelas e nem o que vem por acréscimo: doenças, violência, escravidão, fome, desequilíbrio total.
Lá não acharam ouro para roubar, como roubaram dos incas e dos maias. Encontraram, sim, cercando todos os poucos cento e dezoito quilômetros quadrados daquela ilha, enormes, gigantescas estátuas de pedra. Não puderam compreender como "selvagens, bárbaros e idólatras" conseguiam construir e transportar para onde bem entendessem colossos de pedra de mais de cem toneladas. Eles, "civilizados", sequer podiam movê-las. Eram grandes demais para caber em seus navios e por isso derrubaram-nas. Levaram só as cabeças para seus museus poeirentos.
Mas havia mulheres bonitas para serem estupradas e homens fortes para serem escravizados.
E outros barcos trazendo mais "civilização" foram chegando.
Um trouxe um leproso e o largou por lá. Outro trouxe cabras, outro trouxe cavalos, outro trouxe religião.
O paraíso virou leprosário. Quem nunca, por milênios, havia precisado de cabras ou de cavalos, agora tinha praga de cabras e de cavalos.
E era preciso também catequizá-lo... Como se não bastasse.
Quem antes tinha como religião o respeito humano agora precisava comungar num templo que construíram, sem ver, sobre um outro templo que já existia há milhões de anos.
Trezentos e tantos anos depois, voando a novecentos quilômetros por hora, atravessei o Pacífico a bordo de um Boing que levou cinco horas de Santiago até lá.
Desci as escadas e meus pés tocaram pela primeira vez o solo daquela terra sagrada. Tive que voltar lá muitas outras vezes até descobrir ou até revelarem para mim o grande mistério de Rapa Nui.
Desde aquela primeira vez e sempre que piso naquela terra, sinto uma energia, uma força estranha, uma vibração boa entrando pelo meu corpo, pela alma.
Custei a compreendê-la. Jamais conseguirei escrever com clareza sobre isso... Não existem palavras ou talento suficientes.
Sei que vou tentar e nas tentativas talvez eu consiga fazer com que alguém sinta o mesmo. Se conseguir, será o começo do resgate.



Sempre que eu ia para a costa oeste ver o pôr-do-sol, eu passava por uma casa, já nos arredores do povoado, onde reparava num velhinho sentado em um cadeira no jardim, bem perto do portão da rua.
Ele sempre estava lá. Eu o cumprimentava e ele acenava sorridente.
Eu ia, ficava alguns dias guiando grupos de visitantes, voltava ao Brasil, ia de novo e o velhinho estava lá. Eu passava e ele acenava.
Um dia, parei para conversar.
-Papai me disse para eu ficar aqui, para cumprimentar e para tratar bem os visitantes...
Ele tinha noventa anos.


Mataram quase tudo em Rapa Nui... Quase tudo.
Que bom que esconderam, bem escondido, a chave que abre o coração.













Ouço falarem muito gratuitamente sobre
um amor mais amplo, sobre um amor por
tudo e por todos e que seria esse amor
verdadeiro.
Duvido de que alguém consiga sequer
chegar perto dele sem antes encontrar
somente uma pessoa, aquela que irá amar,
sobre tudo e sobre todos, por todas as suas
vidas, por toda a sua existência.

Conhecimentos cósmicos milenares, hoje perdidos no tempo, davam aos homens de civilizações que nos precederam o rumo para a felicidade.
E a felicidade sempre foi, é e será aquele estado de equilíbrio, harmonia e paz que cada homem definiu para si próprio como o ideal.
Assim, poderíamos dizer que a felicidade assume conceitos diferentes, proporcionais ao conhecimento, à evolução e aos valores de cada indivíduo.
O homem traça metas e alcançando os objetivos conclui ter encontrado a felicidade. Como essas metas são determinadas e limitadas ao seu conhecimento, o ser, na realidade, está feliz, porém, temporariamente.
É exatamente isso o que ocorre com o homem contemporâneo e disso decorre seu permanemte estado de tensão. Com seu conhecimento restrito a padrões puramente materiais, está permanentemente exposto ao desgastante processo da "felicidade temporária", já que o sistema sempre providencia novas metas que o indivíduo massificado precisa atingir.
Sempre ocupado na tentativa de acompanhar esse processo que o escraviza a valores mesquinhos, o homem moderno é mantido longe daquilo que poderia lhe proporcionar a verdadeira felicidade, um estado de harmonia, de equilíbrio e de paz perenes.
Existem aspectos comuns a todos os seres humanos e desconhecidos da maioria, que descaracterizam os conceitos básicos daquilo que seres, realmente, a felicidade.
Tais aspectos, revelados por um conhecimento transcendente, foram destruídos, escondidos ou abandonados pelos mais escusos e diversos motivos.
Mentes inescrupulosas sempre existiram. Assim, esse processo remonta à aurora da humanidade terrestre. À medida que o Conhecimento Cósmico era revelado pelas Hierarquias Celestes, alguns homens buscavam deter os ensinamentos para si próprios, visando obter poder sobre os de sua espécie. Foi assim que surgiram os chefes tribais, os pajés, os curandeiros, os sacerdotes, os reis, os faraós, os ditadores, os governantes, os gurus etc.
Não é difífil deduzir que, se o Conhecimento chegasse a todos, tais homens seriam plenamente dispensáveis.
Esses, porém, além de não repassarem os ensinamentos recebidos, encarregaram-se, também, de deturpá-los, disseminando o caos, invertendo valores e transformando o homem de hoje em um herdeiro de mil verdades.
Isso fez com que o homem, cada vez mais distanciado de sua condição de cidadão cósmico, fosse traçando seus ideais de felicidade divorciados das verdades fundamentais.
Baseado em valores contrários à sua essência e totalmente contaminado por ensinamentos e crenças equivocados, o terrestre quase já não consegue reagir para retomar seu verdadeiro caminho e resgatar sua paz. Emaranhado por erros e falsas afirmações sobre tudo aquilo que transcende a vida no planeta, desgastado na grande luta pela sobrevivência num mundo que se tornou inóspito, bombardeado diariamente por vibrações nocivas aos seres humanos, já não mais reage aos constantes chamados de alguns seres que se dispõem a corrigir tal situação.
Esses seres, especiais que são, buscam resgatar os conhecimentos perdidos e libertar o homem de sua ignorância, fator determinante de sua infelicidade.
Os terrestres afastam-se tanto desses seres e também entre si próprios desenvolvendo costumes antagônicos, criando conceitos e crenças espirituais conflitantes, desarmonizando-se com os elementos naturais, que agora um único fator ainda nos permitiu ter a esperança de que uma catástrofe maior ainda possa ser evitada. É o fato de que alguns conseguem ainda, por força de sua evolução espiritual, lutar para reverter o processo de degradação do homem terrestre. Assim, nascem aqui seres com a missão cósmica específica de resgate do Conhecimento.
Não são muitos e estão espalhados por toda a Terra, liderando ou participando de tarefas que se identificam por muitos rótulos diferentes, mas que compõem um único trabalho.
Há uma certa facilidade em identificá-los. Padrões específicos de comportamento os distinguem da maioria. Apesar de seres "educados", de receberem os mesmos ensinamentos, de seres condicionados às mesmas necessidades, destoam dos demais, destacando-se dos membros de suas famílias como "ovelhas negras" do rebanho.
Assim são tachados porque não apresentam resignação ao sistema. São, no mínimo, os "diferentes". Quando insistem, não sucumbindo às pressões, são visionários, loucos, místicos, rebeldes, sonhadores etc. Se, por acaso, não são suficientemente astutos, irritam os demais e têm o mesmo destino reservado a todos os que se indispõem contra o que está estabelecido. São repudiados pela sociedade ou sumariamente eliminados.
Esses seres, ao longo dos séculos, nos trazem as informações que nos abrem para o Conhecimento Cósmico e que, conseqüentemente, nos libertam. Sua força está em seu sentimento. Em seu íntimo guardam outras características que raramente revelam. Têm lembranças de outras identidades, de outros lugares e até de outra família.
É a "gente das estrelas", que cumpre sua missão de resgate dos terrestres para podermos conhecer o tudo e o Todo e assim traçar as metas e determinar valores corretos que nos guiarão à verdadeira felicidade.
São muitas as lições que nos trazem. Todas revestidas da extrema simplicidade que envolve todo o Universo. Nós, que durante milênios nos encarregamos de destruir, esconder e alterar essas informações e que por isso sentimos um grande vazio que permanentemente nos impele a redescobri-las, fazendo com que façamos incursões cegas ao desconhecido, temos extrema dificuldade em perceber e depois em aceitar essa simplicidade, guiados que somos apenas por suposições, fantasias e elucubrações desastrosas.
Nós mesmos fabricamos com nossas mentes doentias verdadeiras armadilhas, dogmas que nos impedem de chegar ao caminho da verdade.
Desenvolvemos um instinto natural de repulsa a tudo o que se apresenta de maneira simples. Supomos que para ser cósmico tem que ser milagroso e assim não aceitamos o milagre da simplicidade.
Porém, quando percebemos que há algo errado e que precisamos de ajuda, partimos para a nossa busca pessoal, mas quase sempre esperando que o "cósmico" manifeste-se para nós enquadrado em nossos valores, dentro do conceito e da visão que temos dele.
Quando nos comportamos assim, nos submetemos a muitos perigos. Um deles é o da decepção que pode fazer com que interrompamos nossa busca levados pela descrença. Outro é que, se nos enveredamos por caminhos totalmente desconhecidos, carregados de crenças equivocadas e conseqüentemente sintonizado em freqüências vibratórias erradas, iremos encontrar mentes que se comprazem, por suas fraquezas e ignorância, a nos manter afastados do caminho certo.
Portanto, para iniciar nossa busca pela retomada do verdadeiro conhecimento, precisamos abrir nossas mentes para receber informações básicas muito simples, mas que, a princípio, irão nos parecer fantásticas, já que em sua maioria são o oposto de tudo a que nos foi ensinado, ou melhor, colocado em nossa cabeça numa verdadeira lavagem cerebral que já dura milênios.
Vamos, então, adotar um procedimento também oposto para encontrar a nossa Verdade. Em vez de partirmos em vôo cego ao desconhecido, vamos procurá-la por aqui mesmo. Em vez de implorarmos por milagres, vamos fabricar o nosso próprio milagre.
Vamos fazer um "curso de magia", partindo em busca da felicidade, estudando pacientemente lição por lição.
A primeira delas refere-se à retomada da nossa capacidade de análise; e não vamos analisar as estrelas. Elas são a nossa meta e, portanto, ficam para as últimas lições.
Vamos começar pela análise da nossa própria realidade, daquilo que é palpavel e, portanto, fácil, simples.
Procedendo dessa maneira, iremos corrigindo nossos valores, nos despindo de falsos conceitos, o que nos permitirá encontrar o Caminho dos Magos e, ao longo dele, tudo o que precisamos saber para alcançar a paz.
Para sermos bem-sucedidos em nossa caminhada é preciso que estejamos munidos de toda a nossa força, e isso é completamente impossível de se conseguir sozinho.
Se observarmos à nossa volta, iremos ter extrema facilidade para constatar que toda a natureza, que toda a criação, se manifesta sob forma dual. A bipolaridade é a determinante de toda a criação. O positivo e o negativo, ou melhor, o feminino e o masculino são os fatores básicos, as condicionantes naturais de todo o resto.
Não podemos jamais considerar ou nos considerarmos felizes se contrariamos a regra básica da criação, o estado de dualidade que determina que o ser completo, harmônico, equilibrado, conhecedor e seguidor das verdades fundamentais é aquele que busca e consegue encontrar e viver com a sua "contraparte", com a sua alma gêmea.
Sendo esse o princípio fundamental da existência ou a busca maior do ser, todos os outros são meros componentes daquele estado que chamamos de felicidade.
O ser só se manifesta plenamente atravéz do amor e só consegue tal manifestação quando está completo. E somente é um ser completo quando é estabelecida a sua dualidade. Junto com a sua outra "metade", o ser está pronto para se manifestar em toda a sua grandeza de expressão máxima da Criação.
Mas quem é a nossa alma gêmea? Onde está? Aqui mesmo ou num outro mundo? É possível encontrá-la aqui ou pelo menos estabelecer um contato com ela? Quando?
Como tudo o que é transcendental, muito já se especulou sobre isso. Pelo desejo de saber e também pela iniciativa escusa de alguns, as informações tornaram-se confusas. Sempre foi assim. Com esse e com outros pontos que levam às verdades fundamentais, libertadoras da consciência humana.
Entretanto, seres de altas hierarquias, justos, atentos e protetores sempre se manifestam em defesa daqueles que se fazem merecedores de receber as revelações. Encarnando entre nós ou falando atravéz de "porta-vozes", guiam e inspiram os homens de boa vontade para que o Conhecimento não seja totalmente perdido.
Até há poucos séculos dizimamos povos inteiros que ainda detinham tais conhecimentos. Os povos americanos e polinésios foram os que mais sofreram nas mãos de conquistadores.
Pouca coisa mudou de lá para cá. Se o progresso já não permite mais que se queimem pessoas em praças públicas, essas perecem nas mãos de assassinos contratados ou são engendradas tramas para que sejam desacreditadas e postas como párias da sociedade.
Portanto, para alcançarmos novamente o Conhecimento é preciso que estejamos de fato seguros de que é isso que desejamos, já que tal escolha sempre nos coloca "na contramão do mundo".
"Na contramão do mundo, rumo às estrelas" foi o lema que adotamos para nortear o trabalho que desenvolvemos buscando resgatar conhecimentos perdidos.
Da mesma maneira que estudiosos dedicam-se às pesquisas científicas descobrindo ou redescobrindo "novas tecnologias para toda a atividade humana, outros também pesquisam o desconhecido, caminhando à frente da ciência ortodoxa, ferindo interesses e sendo combatidos. Entretanto, não se pode negar que são esses os que são procurados "quando não há mais remédio".
E onde iremos buscar os "remédios" a não ser nos berços onde estiveram depositados um dia?
Essa jornada data de vinte anos, quando foi iniciado um trabalho para tentar contribuir com uma pequenina parcela de participação no resgate do Conhecimento perdido.
Na totalidade desse deslumbrante e fantástico aprendizado destacou-se um ponto que se fez brilhar mais do que o Sol, tal a transformação que se operou no íntimo do meu ser: a grande revelação sobre nossa verdadeira condição de ser dual e o caminho para conhecermos e encontrarmos nossa outra metade, nosso complemento divino, contraparte, alma gêmea, ou como queiram chamá-la.
Na verdade, não se pode resumir tudo o que foi descoberto e aprendido em vinte anos em um só livro. Por isso optamos pela publicação de O Encontro com a Alma Gêmea - Mahina Omotohi(2), colocando o que ansiamos repartir.
Nesta obra, julgamos ser de nossa obrigação, além de tratar do tema-título, que consideramos prioritário, revelar também a origem das informações a serem retransmitidas.
É o que faremos a seguir, convidando-o a nos acompanhar numa grande viagem. Uma viagem que, quando bem-sucedida, é uma viagem sem volta.

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