sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Meu Amor Morreu em Bagdade

Sinopse: O Meu Amor Morreu em Bagdade é um relato verídico e dramático de um dos períodos mais violentos do conflito no Iraque e é, simultaneamente, uma história de amor que nos retrata o que acontece quando a juventude e a inocência se expõem à devastação da guerra. O narrador é Michael Hastings, um repórter da revista Newsweek enviado para Bagdade para fazer a cobertura da guerra, que se apaixona por uma jovem colaboradora da Air America, Andi Parphamovich. Após um ano de namoro, Andi acaba por ser vítima de uma emboscada fatal numa das zonas mais perigosas da cidade. Um olhar intenso sobre o caos da guerra no Iraque e sobre a perda de um grande amor.

Este livro interessou-me, logo à partida, pela experiência profissional do autor, face à minha formação académica enquanto jornalista. A aventura a que Michael Hastings se propôs trouxe-lhe, no entanto, dissabores que o título do livro revela de imediato. Nesse sentido, poder-se-à pensar que há pouco a descobrir, mas a verdade é que as cerca de 200 páginas escondem acontecimentos e emoções cativantes. O meu Amor morreu em Bagdade é um relato das memórias do autor, muitas delas traumáticas, e, por isso, inevitavelmente, não pude deixar de o comparar com Um Coração Poderoso, de Marianne Pearl, que se centra também no sofrimento pessoal. Contudo, o primeiro cria um maior entrosamento entre o leitor e o autor, transformando a leitura quase numa conversa a dois.

Depois de quase dois anos de guerra, o repórter Michael Hastings decide ir atrás do seu sonho e partir para o Iraque em busca do seu furo jornalístico. O que ele não contava era apaixonar-se antes da sua aventura. A distância entre o Iraque e os EUA será uma dura prova ao amor entre o jornalista e Andi e marcará toda a história. De forma simplista, mas sentida, acompanhamos a relação amorosa de ambos ao longo dos dois anos que durou. A escrita simples e pouco trabalhada permite-nos acompanhar as suas discussões, os seus planos, as suas conversas como se ambos estivessem diante de nós. Daí que o final da obra, mesmo esperado, nos toque de forma comovente. De salientar que, sem reservas, o autor partilha com o leitor conversas íntimas que nos fazem compreender toda a experiência pela qual ele e Andi passaram, sem nunca se queixarem nem fazerem exigências um ao outro.

No entretanto, o seu dia-a-dia de trabalho naquela zona de conflito é também dado a conhecer. O leitor tem acesso a relatos sobre a vida no Iraque, pós-invasão americana, sob o ponto de vista dos invasores e dos invadidos. Tudo é contado ao pormenor, denotando-se algumas críticas à actuação do governo Bush. O interesse do livro deve-se também à forma quase fotográfica como o autor descreve acontecimentos que acompanhámos pela televisão, nomeadamente o enforcamento de Saddam Hussein, os ataques a mesquitas e o conflito entre xiitas e sunitas. Abstraindo-se da sua própria dor, Michael Hastings dá igualmente voz a muitas famílias face a uma realidade que muitos querem esquecer: o número exorbitante de mortos, sobretudo entre os soldados americanos, mas também de iraquianos.

7/10 - Bom

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