quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Vida em Surdina

Autor: David Lodge
Editora: ASA
Páginas: 336
ISBN: 9789892304762
Tradutor: Tânia Ganho

Sinopse
Quando decide pedir a reforma antecipada, o professor universitário Desmond Bates nunca pensou vir a sentir saudades da azáfama das aulas. A verdade é que a monotonia do dia-a-dia não o satisfaz. Para tal contribui também o facto de a carreira da sua mulher, Winifred, ir de vento em popa, reduzindo o papel de Desmond ao de mero acompanhante e dono de casa. Mas o que o aborrece verdadeiramente é a sua crescente perda de audição, fonte constante de atrito doméstico e constrangimento social. Desmond apercebe-se de que, na imaginação das pessoas, a surdez é cómica, enquanto a cegueira é trágica, mas para o surdo é tudo menos uma brincadeira. Contudo, vai ser a sua surdez que o levará a envolver-se, inadvertidamente, com uma jovem cujo comportamento imprevisível e irresponsável ameaça desestabilizar por completo a sua vida.

Opinião
Confesso que nunca tinha lido nenhum livro deste autor (julgo mesmo que nem sequer tinha ainda ouvido o seu nome), por isso, e depois de ler algumas opiniões positivas, foi com algum alguma expectativa que iniciei esta leitura.

David Lodge faz-nos entrar na mente de Desmond Bates, um ex-professor universitário com problemas sérios de surdez, que está a braços com a sua recente entrada na reforma e consequente monotonia, ao mesmo tempo que lida com a sua bem sucedida esposa, com o seu pai idoso e com uma estudante que o procura como orientador numa tese de mestrado com um tema algo invulgar. Todas estas situações e relações são constantemente influenciadas pelos problemas de audição de Desmond, e os mal-entendidos adquirem muitas vez um tom cómico.

Este foi um livro que gostei imenso de ler, porque, apesar de em termos de história não ser propriamente muito dinâmico (para além da situação com a aluna universitária, não acontece muita coisa), a forma cativante como David Lodge nos relata o dia-a-dia de Desmond faz-nos virar página atrás de página, como se fôssemos levados numa viagem deliciosa, sem destino fixo. Fiquei decididamente com vontade de experimentar mais livros deste autor inglês.

Excelente trabalho de tradução de Tânia Ganho, especialmente tendo em conta a dificuldade de manter o sentido original dos mal-entendidos provocados pela falta de audição da personagem principal. E, de um modo geral, toda a tradução está muito boa.

8/10 - Muito Bom

[Livro n.º 43 do meu Desafio de Leitura]

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