sábado, 6 de outubro de 2007

A Divindade E A Árvore Da Vida

A Divindade Oculta

A Cabala tenta responder perguntas que perseguem todos os pensadores religiosos. Se Deus é bom, como entrou o mal no mundo criado por Ele? Qual a relação entre Deus, que é infinito, onipotente e eterno, com um mundo finito, limitado no espaço e no tempo? Como pode surgir variedade da unidade, ou matéria do puro espírito? E se Deus está tão além de tudo que o homem só pode conceber como incognoscível, como pode o homem conhecer Deus? A essas indagações, o cabalista responde que o mundo não foi criado por Deus no sentido de ser fabricado, mas emanado de Deus. Não se trata de invasão do mal ou limite num mundo que existe separadamente de Deus. O mundo flui da divindade, da qual é uma manifestação. "Ele ocupa todas as coisas e Ele é todas as coisas". Portanto, Deus contém e transcende todas as coisas e qualidades, boas e más, ilimitadas e limitadas, infinitas e finitas, unidade e variedade, espírito e matéria, desconhecido e conhecido, todas as quais são reconciliadas e unidas no grande Todo que é a divindade; com a implicação de que o homem que quer alcançar a divindade tem igualmente de reconciliar e transcender todos os fatores em si mesmo.
O Deus da Cabala é mais um ser de gênero neutro que "ele". É o "Infinito" (En-Sof, ou Ain Soph: as transliterações do hebraico variam mais uma vez). É uma divindade oculta, desconhecida e inexplicável. Não se pode dizer que seja "boa", ou "misericordiosa", ou "justa", ou mesmo que seja "real" ou "viva", como tampouco se pode dizer que não seja tudo isso. Pode ser chamada de "Nada" (Ayin ou Ain), pois nào se pode atribuir-lhe nenhuma qualidade, mas é igualmente tudo. Também pode ser chamada de "Luz Infinita' (En-Sof ou Ain Soph Aur), uma ilimitada radiação divina. O processo pelo qual a divindade desconhecida se faz conhecida começa com a radiação divina emanando alguma coisa de si mesma - muitas vezes descrita como a luz de um raio - e dessa se originam outras emanações, ou luzes, até formarem dez ao todo. Essas emanações são chamadas sefiroth e, na típica linguagem paradoxal, o Zohar explica o seguinte: "O Velho dos Velhos, o Desconhecido dos Desconhecidos, tem forma mas não tem forma. Tem uma forma pela qual o universo é preservado, mas não tem forma porque não pode ser compreendido. Quando assumiu pela primeira vez a forma (da primeira emanação), fez com que emanassem dela nove luzes esplêndidas, que, brilhando através dela, difundiram uma luz brilhante em todas as direções. Assim é o Santo Velho uma luz absoluta mas em si mesmo oculto e incompreensível. Só podemos abrangê-lo através dessas emanações luminosas, que também são em parte visíveis e em parte ocultas. Essas constituem o sagrado nome de Deus".


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