quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Liber KKK - Kaos Keraunos Kybernetos, de Peter Carroll

O Liber KKK - Kaos Keraunos Kybernetos - é o primeiro programa de treinamento mágico
sistemático e completo dos últimos tempos. É um substituto definitivo para a Magia Sagrada de
Abramelin, O Mago, cujo sistema tornou-se obsoleto devido a seu transcendentalismo monoteísta e sua
dependência em formas repressivas de gnosis inibitória, não mais reconhecidas como apropriadas. Kaos
Keraunos Kybernetos pode ser livremente traduzido do grego como "o raio do caos dirige todas as
coisas".
O Liber KKK é apresentado como uma série de técnicas mágicas genéricas, as quais devem ser
transformadas pelo mago em um programa funcional, utilizando quaisquer símbolos, instrumentos e
formas de gnosis que preferir. Não seria apropriado para um texto de Magia do Caos prescrever quaisquer
crenças ou dogmas em particular, exceto que a magia funciona se certos princípios gerais forem seguidos.
Não seria apropriado para qualquer mago Caótico aderir cegamente aos mínimos detalhes de qualquer
sistema. O Liber KKK pode ensinar bastante sobre o processo de adaptar procedimentos gerais ao gosto e
objetivo pessoal. O Liber KKK pode ser experimentado por qualquer adulto. A palavra "mago" se aplica
igualmente a qualquer um dos sexos.
O Liber KKK é uma série de vinte e cinco operações mágicas, ou "conjurações". As cinco
conjurações clássicas de Evocação, Divinação, Encantamento, Invocação e Iluminação são realizadas nos
cinco níveis: Feitiçaria, Magia Xamânica, Magia Ritual, Magia Astral e Alta Magia. Assim, todo o
trabalho resume sistematicamente toda a tradição de técnica mágica, guiando o mago de práticas simples
e da manufatura de instrumentos até o domínio de experimentos mais complexos a nível psíquico.
É altamente desejável que o mago possua alguma forma de templo privativo para suas
conjurações. É ainda essencial que o mago mantenha-se ativo no mundo durante todo o período do
trabalho. O trabalho não impõe nenhuma forma de reclusão; ao contrário, o mundo que envolve o mago é
utilizado como campo de provas para a magia. Assim, os assuntos sociais e profissionais do mago são o
foco primordial de toda sua magia. Realizando esta magia, ele gradualmente define seu estilo ou
espiritualidade. É tolice definir a espiritualidade de outra forma a não ser a maneira como a pessoa vive.
Só através da prática pode-se descobrir se o Caminho da Magia deve possuir um componente espiritual;
quaisquer constrições ou exortações são inúteis.
Não há limite máximo quanto ao tempo que será reservado para completar o trabalho, mas ele
não pode ser concluído em menos de um ano. Qualquer pessoa com tempo para completar a operação em
menos de um ano deve pensar em adotar mais compromissos terrenos para servirem como metas
arbitrárias, que serão sustentadas por várias partes do trabalho. Resultados objetivos são a prova da
magia; todo o resto é misticismo.
Amostras da Pedra Filosofal que não transmutem chumbo em ouro também falharão como elixir
de iluminação em um estilo de vida dominado pelo risco e pela incerteza. O mago deve analisar se de fato
precisa adotar projetos envolvendo tais elementos antes de iniciar o trabalho.
Para o propósito desta operação, os cinco atos mágicos classicos de Evocação, Divinação,
Encantamento, Invocação e Iluminação são definidos da seguinte forma:
EVOCAÇÃO
É o trabalho com entidades que podem existir naturalmente ou ser criadas. Podem ser
consideradas como espíritos independentes, fragmentos do subconsciente do mago, ou como egrégoras
das várias espécies de formas de vida, de acordo com gosto pessoal e estrutura de crenças. Na prática, a
Evocação é normalmente praticada para o Encantamento, no qual as entidades evocadas são levadas a
criar efeitos em benefício do mago. Entidades evocadas também são úteis na Divinação, onde são
utilizadas para descobrir informações para o mago.
DIVINAÇÃO
Inclui todas aquelas práticas nas quais o mago tenta expandir sua percepção por meios mágicos.
ENCANTAMENTO
Inclui todas aquelas práticas nas quais o mago tenta impor sua vontade sobre a realidade.
INVOCAÇÃO
É a afinação deliberada do consciente e do inconsciente com alguma idéia arquetípica ou
significativa. As concepções clássicas das formas de divindade Pagãs são comumente usadas, mas outros
princípios também servem. A Invocação cria estados de inspiração ou possessão durante os quais o
Encantamento, a Divinação e ocasionalmente a Evocação podem ser realizados.
ILUMINAÇÃO
É a auto-modificação deliberada por meio de magia, e pode incluir feitiços de Encantamento
usados por alguém para reparar fraquezas e aumentar forças, e Divinação e Invocação realizadas para
inspiração e direção.
Assim, todas as operações mágicas baseiam-se no uso da vontade, percepção e imaginação, o
que significa que todas são espécies de Encantamento ou Divinação. Imaginação é o que ocorre quando a
vontade e a percepção estimulam uma à outra.
Os cinco níveis de atividade mágica (Feitiçaria, Xamânica, Ritual, Astral e Alta Magia), são
definidas da seguinte maneira para o propósito desta operação:
FEITIÇARIA
É a magia simples, que depende das conexões ocultas que existem entre os fenômenos físicos. A
Feitiçaria é uma arte mecânica que não requer a teoria de que existe a conexão entre a mente do operador
e o alvo. Quaisquer efeitos que venham a surgir de tal conexão podem, entretanto, ser encarados como um
bônus adicional. Trabalhando no nível da feitiçaria, o mago cria artefatos, instrumentos e ferramentas que
interagem magicamente com o mundo físico, podendo ser usadas de forma mais sutil nos outros níveis. O
trabalho do nível da feitiçaria deve ser realizado em seus mínimos detalhes; por mais simples que
pareçam suas práticas, elas são a fundação sobre a qual reside o trabalho mais elevado.
MAGIA XAMÂNICA
Trabalha nos níveis de transe, visão, imaginação e sonho. Abre o subconsciente do mago
negando o censor psíquico, através de várias técnicas. O mago enfrenta um perigo considerável neste
nível e pode ter que recorrer freqüentemente às técnicas da feitiçaria ou a rituais de banimento, se houver
risco de obsessão ou de ser dominado.
MAGIA RITUAL
Combina as habilidades desenvolvidas nos níveis de Feitiçaria e Xamânico. O mago reúne o uso
de ferramentas da Feitiçaria com os poderes subconscientes liberados no nível Xamânico e combina-os de
forma controlada e disciplinada.
MAGIA ASTRAL
É realizada através da visualização e dos estados alterados de consciência, ou apenas pela gnosis.
Não é utilizada nenhuma parafernália física, apesar das ferramentas e instrumentos dos níveis anteriores
poderem ser usadas sob a forma de imagens visualizadas. No início, o mago provavelmente precisará de
reclusão, silêncio, escuridão e esforços consideráveis em concentração e transe para ter êxito neste tipo de
magia, mas a prática lhe permitirá realizá-la em qualquer lugar.
ALTA MAGIA
É aquela que ocorre quando não há impedimento ao efeito mágico direto da vontade, nenhuma
barreira à clarividência e presciência, e nenhuma separação entre o mago e qualquer forma de consciência
que ele decida assumir. Para a maioria das pessoas, os portais da Alta Magia são abertos em alguns
poucos pontos culminantes da vida. À medida que o Mago progride em seu treinamento, o momentum
que adquire forçará os portões do miraculoso a abrirem-se mais seguidamente. Não se oferece aqui os
procedimentos para as cinco conjurações da Alta Magia. Ela representa o ponto onde a técnica dá lugar à
mais alta capacidade intuitiva, e cada um deve intuir a chave para libertar tais poderes para si mesmo.
As primeiras vinte conjurações ensinam toda a gama de truques e técnicas artificiais para lançar
e capturar o raio mágico. Na Alta Magia, o Caos primordial no centro de nosso ser agarra ou arremessa o
raio por si só.
As cinco conjurações em cada nível podem ser praticadas em qualquer ordem, mas todas devem
ser completadas antes de se começar o nível seguinte. O mago deve preparar-se para iniciar a operação
como um todo em uma data auspiciosa ou com significado pessoal; talvez um aniversário ou data de
mudança sazonal. Um livro é preparado, no qual o mago deve registrar os resultados com cada uma das
vinte e cinco conjurações. Apenas os resultados satisfatórios devem ser anotados, e o mago deve
modificar sua abordagem a cada conjuração até que resultados dignos de nota sejam alcançados.
Resultados menores podem ser anotados em qualquer outro lugar, para referência. O registro da operação
do Liber KKK, entretanto, deve conter um relato de sucessos notáveis com cada uma das vinte e cinco
conjurações. Um único sucesso com cada uma deve ser considerado como um mínimo absoluto, enquanto
cinco sucessos em cada uma das vinte e cinco pode ser visto como um trabalho perfeitamente consumado.
Com a possível exceção dos atos de Alta Magia, todas as conjurações devem ser planejadas
detalhadamente de forma antecipada. Antes de entrar no templo para iniciar o trabalho, o mago deve
saber precisamente o que ele pretende fazer. Muitos magos preferem escrever um roteiro para uma
conjuração, mesmo que raramente venham de fato a usá-lo. O mago terá muitas vezes que fazer mais do
que foi planejado, movido pela inspiração e pela necessidade. Ainda assim, nunca deverá esquecer de
realizar o que planejara ou começar a trabalhar com apenas uma vaga idéia do que irá fazer.

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