Autor: George Orwell
Editor: Antígona
Páginas: 156
ISBN: 9789726081975
Tradutor: Paulo Faria
Sinopse
À primeira vista, este livro situa-se na linhagem dos contos de Esopo, de La Fontaine e de outros que nos encantaram a infância. Tal como os seus predecessores, Orwell escreveu uma fábula, uma história personificada por animais. Mas há nesta fábula algo de inquietante. Classicamente, atribuir aos animais os defeitos e os ridículos dos humanos, se servia para censurar a sociedade, servia igualmente para nos tranquilizar, pois ficavam colocados à distância, «no tempo em que os animais falavam», os vícios de todos nós e as sua funestas consequências. Em A Quinta dos Animais o enredo inverte-se. É a fábula merecida por uma época - a nossa época - em que são os homens e as mulheres a comporta-se como animais.
Opinião
A Quinta dos Animais é a reedição de um dos livros mais conhecidos e aclamados do escritor inglês George Orwell, desta vez com um título mais próximo do original Animal Farm, que já tinha sido publicado em Portugal com o título O Triunfo dos Porcos.
Este pequeno livro é uma alegoria representativa dos acontecimentos que levaram à implantação do regime estalinista na ex-URSS, na primeira metade do século XX. Na Quinta do Infantado, dirigida pelo humano Sr. Reis (que representa o czar russo Nicolau II), as sementes da revolução começam a ser plantadas pelo porco Major (baseado em Marx e Lenine) e, incentivados pelas suas palavras e ideais de igualdade, os animais da Quinta revoltam-se e expulsam todos os humanos do local. De imediato, são instituídos os 7 mandamentos dos animais, todos trabalham em prol do bem comum e todos os bens são igualmente repartidos por todos.
No entanto, em breve as coisas começam a complicar-se: como os seres mais inteligentes da agora recém-nomeada Quinta dos Animais, os porcos assumem, por assim dizer, a chefia das operações, conseguindo obter benefícios adicionais relativamente aos outros animais com a desculpa de terem um trabalho intelectualmente mais extenuante. De início, o comando estava entregue aos porcos Bola-de-Neve e Napoleão, mas depressa este último consegue livrar-se do seu rival com a ajuda da sua polícia secreta, uma matilha de cães. Napoleão é o vilão deste livro e personifica o principal alvo desta sátira, Estaline. Os restantes animais da Quinta, cavalos, ovelhas, galinhas, etc., representam o papel de proletariado.
Com o tempo, Napoleão dispõe a seu bel-prazer da Quinta e dos seus animais, e os mandamentos vão sendo alterados de acordo com a sua disposição e as suas acções. Um bom exemplo é: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros". Incrível como isto é tão verdade, na altura em que o livro foi escrito e ainda hoje.
Por mais que tente descrever a história, só é possível apreender todos os seus significados e segundas intenções se o lerem: é uma crítica mordaz e certeira, que consegue plenamente atingir os seus objectivos. Demonstra que a sede de poder é uma condição intrínseca ao ser humano, independentemente das suas ideologias políticas; descontrói por completo a utopia do comunismo e demonstra que os sistemas políticos extremos não são a solução. Destaque para os dois apêndices escritos pelo autor que esta edição contém: no primeiro, "A Liberdade de Imprensa", George Orwell reflecte sobre a censura a que as críticas ao regime comunista eram votadas em Inglaterra aquando da publicação do livro; o segundo, um prefácio exclusivo da edição ucraniana, contém várias considerações sobre as opções políticas do escritor.
Apesar de ainda só ter lido dois livros de sua autoria, 1984 e este A Quinta dos Animais, George Orwell já é um dos meus escritores preferidos.
9/10 - Excelente
[Livro n.º 55 do meu Desafio de Leitura]
Editor: Antígona
Páginas: 156
ISBN: 9789726081975
Tradutor: Paulo Faria
Sinopse
À primeira vista, este livro situa-se na linhagem dos contos de Esopo, de La Fontaine e de outros que nos encantaram a infância. Tal como os seus predecessores, Orwell escreveu uma fábula, uma história personificada por animais. Mas há nesta fábula algo de inquietante. Classicamente, atribuir aos animais os defeitos e os ridículos dos humanos, se servia para censurar a sociedade, servia igualmente para nos tranquilizar, pois ficavam colocados à distância, «no tempo em que os animais falavam», os vícios de todos nós e as sua funestas consequências. Em A Quinta dos Animais o enredo inverte-se. É a fábula merecida por uma época - a nossa época - em que são os homens e as mulheres a comporta-se como animais.
Opinião
A Quinta dos Animais é a reedição de um dos livros mais conhecidos e aclamados do escritor inglês George Orwell, desta vez com um título mais próximo do original Animal Farm, que já tinha sido publicado em Portugal com o título O Triunfo dos Porcos.
Este pequeno livro é uma alegoria representativa dos acontecimentos que levaram à implantação do regime estalinista na ex-URSS, na primeira metade do século XX. Na Quinta do Infantado, dirigida pelo humano Sr. Reis (que representa o czar russo Nicolau II), as sementes da revolução começam a ser plantadas pelo porco Major (baseado em Marx e Lenine) e, incentivados pelas suas palavras e ideais de igualdade, os animais da Quinta revoltam-se e expulsam todos os humanos do local. De imediato, são instituídos os 7 mandamentos dos animais, todos trabalham em prol do bem comum e todos os bens são igualmente repartidos por todos.
No entanto, em breve as coisas começam a complicar-se: como os seres mais inteligentes da agora recém-nomeada Quinta dos Animais, os porcos assumem, por assim dizer, a chefia das operações, conseguindo obter benefícios adicionais relativamente aos outros animais com a desculpa de terem um trabalho intelectualmente mais extenuante. De início, o comando estava entregue aos porcos Bola-de-Neve e Napoleão, mas depressa este último consegue livrar-se do seu rival com a ajuda da sua polícia secreta, uma matilha de cães. Napoleão é o vilão deste livro e personifica o principal alvo desta sátira, Estaline. Os restantes animais da Quinta, cavalos, ovelhas, galinhas, etc., representam o papel de proletariado.
Com o tempo, Napoleão dispõe a seu bel-prazer da Quinta e dos seus animais, e os mandamentos vão sendo alterados de acordo com a sua disposição e as suas acções. Um bom exemplo é: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros". Incrível como isto é tão verdade, na altura em que o livro foi escrito e ainda hoje.
Por mais que tente descrever a história, só é possível apreender todos os seus significados e segundas intenções se o lerem: é uma crítica mordaz e certeira, que consegue plenamente atingir os seus objectivos. Demonstra que a sede de poder é uma condição intrínseca ao ser humano, independentemente das suas ideologias políticas; descontrói por completo a utopia do comunismo e demonstra que os sistemas políticos extremos não são a solução. Destaque para os dois apêndices escritos pelo autor que esta edição contém: no primeiro, "A Liberdade de Imprensa", George Orwell reflecte sobre a censura a que as críticas ao regime comunista eram votadas em Inglaterra aquando da publicação do livro; o segundo, um prefácio exclusivo da edição ucraniana, contém várias considerações sobre as opções políticas do escritor.
Apesar de ainda só ter lido dois livros de sua autoria, 1984 e este A Quinta dos Animais, George Orwell já é um dos meus escritores preferidos.
9/10 - Excelente
[Livro n.º 55 do meu Desafio de Leitura]
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