
O motivo da
Ana Paula estar com este sorriso solto aí na foto acima é um só:
Samuel. Menino roedor de livros desde o ano passado, naquele dia apareceu com uma pergunta daquelas que desconcertam a gente pela simplicidade, expontaneidade e força quando acontece dentro de um projeto de leitura. Foi no final da manhã de sábado,
30 de maio. Era a hora das crianças escolherem os livros para empréstimo.
Edna e
Célio estavam viajando, cada um com seus motivos profissionais e particulares. Na Ceilândia, eu, Ana Paula e as crianças.

Ao chegarmos, muito barulho (a creche passa por uma reforma) e foi preciso uma sessão enorme de músicas e brinquedos cantados até que fosse possível reunir o grupo para uma boa mediação. Ouvidos atentos para
Marina e Makulelê (Gilles Eduar, projeto Bem Me Quer). O livro encantou a todos com seu enredo simples valorizando as amizades que se formam apesar das diferenças seja na aparência, nos costumes, enfim. Após a leitura, Ana Paula perguntou ao pequeno grupo se ali havia alguém diferente.

Depois de um breve silêncio um deles respondeu afirmativamente e apontou para outro: "
Fulano é diferente". Observamos ali que uma das crianças com mais características distintas do grupo enxergou no outro algum problema. Mas ressaltou: "
Eu gosto muito dele. Somos amigos". E são mesmo. Brincam juntos. Brigam juntos. Como todas as crianças. Dividem suas histórias. As da vida. As dos livros.

Ana Paula leu ainda
As Meninas Descalças (Jonas Ribeiro, Projeto Bem-Me-Quer), outro texto reforçando a importância em conviver bem na diversidade. Ali, no tapete vermelho, todos atentos à história do encontro, na praia, entre duas meninas de classes sociais opostas. "
As meninas estão descalças como nós aqui no tapete", lembrou uma das crianças. Pura sabedoria infantil.

Depois da mediação, hora de escolher os livros. Ana Paula com as fichas e sacolas, eu com a câmera e os meninos comos livros. Foi então que apareceu o Samuel perguntando: "
Tem mais livros do André Neves?". Ana levantou a cabeça e pescou na caixoteca
A Caligrafia de Dona Sofia. "
Esse eu já li", disse o menino. Ana procurou mais um pouco e ofereceu
Poesias dão nomes ou nomes dão poesias? "
Esse eu já li", disse o menino. Ana então encontrou
O Monstro Monstruoso da Caverna Cavernosa, de
Rosana Rios que, em nova versão, ganhou ilustrações de André Neves. "
É esse o que eu vou levar", gritou Samuel, pegando o livro e guardando-o na sacola. Aquele livro havia acabado de chegar junto com o
Mateus (que veio depois da aula, mesmo atrasado), outro fã do autor e ilustrador pernambucano. As outras crianças escolheram seus livros e fomos todos para casa. Eu e Ana Paula, felizes, por colher frutos tão saborosos em nosso jardim de livros. Amo muito tudo isso! Hatuna Matata!!!
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