segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A Idéia de Centro nas Tradições Antigas (em “Símbolos da Ciência Sagrada”), de René Guénon

Já tivemos ocasião de nos referir ao “Centro do Mundo” e aos diversos símbolos que o
representam. Devemos voltar agora a essa idéia de Centro, que tem a maior importância em todas as
tradições antigas, e indicar algumas de suas principais significações. Para os modernos, de fato, essa
idéia não mais evoca de imediato tudo aquilo que evocava para os antigos. Aí, como em tudo o mais
que se refere ao simbolismo, muitas coisas foram esquecidas e certos modos de pensar parecem terse
tornado totalmente estranhos à grande maioria de nossos contemporâneos. Cabe portanto insistir
sobre isso, em particular porque a incompreensão é geral e completa a esse respeito.
O Centro é, antes de tudo, a origem, o ponto de partida de todas as coisas; é o ponto
principal, sem forma e sem dimensões, portanto invisível, e, por conseguinte, a única imagem que
se pode atribuir à Unidade primordial. Dele, por sua irradiação, todas as coisas são produzidas, do
mesmo modo que a Unidade gera todos os números, sem que sua essência seja por isso modificada
ou alterada de alguma forma. Há, aí, um perfeito paralelismo entre dois modos de expressão: o
simbolismo geométrico e o simbolismo numérico, de tal modo que se pode empregá-los
indiferentemente e passar-se de um a outro da maneira mais natural. É preciso não esquecer,
contudo, que em ambos os casos estamos lidando sempre com símbolos: a unidade aritmética não é
a Unidade metafísica; trata-se apenas de uma representação, embora nada tenha de arbitrária, pois
existe entre elas uma relação analógica real. E é essa relação que permite transpor a idéia da
Unidade além do domínio da quantidade, à ordem transcendental.

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