terça-feira, 4 de setembro de 2007

A Shekinah e Metraton (em “O Rei do Mundo”), de René Guénon

Alguns espíritos tímidos e cuja compreensão se encontra estranhamente limitada por idéias
preconcebidas, assustaram-se com a designação de “Rei do Mundo”, que aproximaram da de
“Princeps Hujus Mundi”, de que se trata no Evangelho. É sabido que tal assimilação é
completamente errônea e desprovida de fundamento. Para afastá-la, poderíamos limitar-nos a notar
simplesmente que este título de “Rei do Mundo”, em hebreu e em árabe, é aplicado vulgarmente ao
próprio Deus1. No entanto, como pode haver aqui algumas observações interessantes, consideremos
a este propósito as teorias da Qabalah hebraica relativas aos “intermediários celestes”, teorias que,
por outro lado, tem uma relação direta com o tema principal do presente estudo.
Os “intermediários celestes”, de que se trata aqui, são a “Shekinah” e “Metraton”. E
diremos em primeiro lugar que, no sentido mais geral, a “Shekinah” é a “presença real” da
Divindade. Deve notar-se que as passagens da Escritura onde se faz muito especialmente menção
disso, são sobretudo aquelas em que se trata da instituição de um centro espiritual: a construção do
Tabernáculo, a edificação dos Templos de Salomão e de Zorobabel2. Tal centro, constituído em
condições regularmente definidas, devia ser efetivamente o lugar da manifestação divina, sempre
representada como “Luz”; e é curioso observar que a expressão “lugar mais iluminado e mais
regular” que a Maçonaria tem conservado, parece ser uma recordação da antiga ciência sacerdotal,
que presidia à construção dos templos e que, de resto, não era particular dos Judeus. Não temos de
entrar no desenvolvimento da teoria das “influências espirituais” (preferimos esta expressão à
palavra “bençãos” para traduzir o hebreu berakoth, tanto mais que é este o sentido que tem
conservado, bem claramente, em árabe a palavra barakah). Mas mesmo cingindo-se a encarar as
coisas, debaixo desse único ponto de vista, seria possível explicar a frase de Elias Levita, a que se
refere Mr. Vulliaud, na sua obra “A Qabalah Judaica”: - “Os mestres da Qabalah tem grandes
segredos acerca desse assunto”.

BAIXAR PDF

Nenhum comentário:

Postar um comentário