domingo, 2 de setembro de 2007

Jesus: um Cristo do Oriente e do Ocidente, de Paramahansa Yogananda

Jesus Cristo é um vínculo entre o Oriente e o Ocidente. O grande Mestre se
ergue ante meus olhos, dizendo ao Oriente e ao Ocidente: "Uni-los. Meu corpo
nasceu no Oriente, porém meu espírito e minha mensagem viajaram ao Ocidente".
Tem um significado especial o fato de que Cristo tenha nascido no continente
asiático e sido aceito pelos ocidentais como seu Guru; é da vontade divina que
o Oriente e o Ocidente se unam, intercambiando seus mais nobres exemplos
distintivos. No drama de Deus, o Ocidente estava destinado a dispor do poder
material, enquanto que ao Oriente seria dado o poder espiritual, de modo que
ambos pudessem cultivar amizade através do intercâmbio de suas qualidades
características. Devido à liberdade espiritual existente no Oriente, é possível
à sua gente elevar-se sobre o sofrimento material. No Ocidente, em troca,
existe uma grande necessidade deste tipo de liberdade espiritual; os filhos
ocidentais do Senhor, mesmo quando mais afortunados tanto física como
materialmente, precisam desenvolver-se espiritualmente e receber a iluminação
divina do Oriente. E a este último, por outro lado, é indispensável conquistar
o desenvolvimento material do Ocidente. É por isso que os filhos orientais
de Deus deveriam acolher a ajuda ocidental, mediante a qual ser-lhes-ia possível
industrializar a Ásia e capacitar aquele continente a fazer pleno uso de
seus próprios recursos. Se combinasse o progressista modo de vida americano
com a espiritualidade da Índia, tal combinação seria insuperável. Índia é a caldeira
onde se fundem todas as religiões; América é a caldeira onde se fundem
todas as nações. A América alcançou um grande desenvolvimento devido ao seu
amor à liberdade e também porque acolheu em suas praias todas as raças, absorvendo
o melhor de cada nação. Nenhum outro país se fundou e cresceu sobre
a base de tão maravilhosos ideais; jamais deveriam perder-se a liberdade e
o excepcional modo de vida que surgiu na América, graças a estes ideais.
Muitos ocidentais crêem que os orientais são materialmente pobres porque
dispõem de uma riqueza espiritual; mas não é assim. De outro lado, muitos orientais
consideram que os ocidentais são espiritualmente pobres devido à sua
riqueza material, o que também é falso. A verdade é que nós, seres humanos,
tendemos a nos desenvolver unilateralmente; por isso, é necessário buscar o
equilíbrio adotando o melhor de cada continente. Jesus é um colosso divino que
se ergue entre Oriente e Ocidente, estimulando a ambos intercambiar suas
melhores qualidades. Podeis vê-lo nesta posição? Assim eu o vejo. Ele impele o
Ocidente a crescer espiritualmente e ao Oriente a industrializar-se; pede ao
Oriente que aceite os missionários ocidentais da ciência e da indústria e ao Ocidente
que aceite os missionários orientais do Espírito. Ao Ocidente diz: "Amai
vosso irmãos orientais; eu vim do Oriente". e aos Oriente diz: "Amai vossos
irmão ocidentais; eles me receberam e me amaram, a mim, um oriental." Não é
este um formoso ideal? Tal enfoque conduziria a uma magnífica unidade.
Cristo não pertence nem ao Oriente nem ao Ocidente; em sua vida se fundem o
Este e o Oeste, e ele é propriedade de ambos e do mundo inteiro. É a
universalidade de Jesus o que o torna tão atraente. Ele adotou o corpo de um
oriental de modo que,ao ser aceito como guru pelos ocidentais, pudesse servir
simbolicamente como vínculo entre Oriente e Ocidente.
Os ocidentais que consideram que Cristo lhes pertence deveriam lembrar-se
que ele era um oriental e, motivados por este fato, deveriam procurar expandir
o amor e afinidade que sentem por Jesus, para incluir nestes sentimentos todos
os orientais e o mundo inteiro. Deus não tem preferências com respeito a
orientais e a ocidentais. Ele ama a todos aqueles que manifestam as divinas
qualidades do Espírito. Por que, pois, foi ordenado por Deus que Cristo, um
grande salvador da humanidade, viesse do Oriente? Porque Deus desejava demonstrar
a superioridade do Espírito sobre a matéria, manifestando-se entre
aqueles que se encontravam oprimidos. Não obstante, não é por isso que deveríamos
concluir que é necessário ser pobres para nos assemelharmos a Cristo.
Se Jesus houvesse nascido em um país próspero, seria igualmente falso raciocinar
que é possível alcançar a Consciência do Cristo através da abundância material,
ou que Deus favorece de forma especial aos que são materialmente ricos.
O que se necessita é o equilíbrio entre a espiritualidade e o desenvolvimento
material.
Os ideais de Cristo coincidem com os das escrituras da Índia. Seus preceitos
são análogos aos dos mais elevados ensinamentos védicos, os quais existiam
com grande anterioridade à vinda de Jesus. Entretanto, este fato não diminui
de forma alguma a grandeza de Cristo; somente demonstra a eterna natureza
da verdade e é uma prova do fato de que Cristo encarnou na terra para oferecer
ao mundo uma nova expressão do Sanatan Dharma (a religião eterna, os
eternos princípios da retitude). No livro de Gêneses, pode-se apreciar um paralelismo
exato com o conceito hindu da gênese do universo, sendo este último
um conceito muito mais antigo. Os Dez Mandamentos de Moisés e muitas das
lenda, personagens e rituais bíblicos, como também os milagres realizados por
Cristo e os mesmo princípios básicos da doutrina cristã, têem todos uma concomitância
com a literatura védica da Índia, a qual lhes antecede cronologica
mente. As lições de Cristo no Novo Testamento e as de Krishna no Bagavad Gita
têem uma correspondência exata.

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