Título: TIA CIATA E A PEQUENA ÁFRICA NO RIO DE JANEIRO (Ilustrado)
Autor: Roberto Moura
Gênero: História da Música
Editora: Coleção Biblioteca Carioca
Publicado pela Funarte em 1983, o livro é resultado de uma pesquisa para a realização de filmes sobre a história do samba. Moura descreve com riqueza de detalhes a vida das comunidades negras na virada do século passado, principalmente nos antigos bairros do centro da cidade, que depois foram \"passados no rodo\" para a construção das modernas avenidas. Ali era, entre outras coisas, onde se instalavam os migrantes vindos da Bahia, do mesmo modo como décadas mais tarde São Cristóvão virou o polo atrator dos nordestinos. A intensa vida social e cultural desses bairros do Centro do Rio tem uma história fascinante, e é bem oportuna a observação de que o samba, ou pelo menos a variante carioca que se consagrou, não nasceu no morro: nasceu no asfalto, na Pequena África, e foram as reformas urbanistas que expulsaram dali os seus criadores, levando-os a ir morar nos morros em volta. Tia Ciata, nascida em Salvador em 1854, chegou com 22 anos no Rio de Janeiro e tornou-se uma espécie de primeira dama das comunidades negras da Pequena África. Enquanto no alto da pirâmide social sucediam-se Império e República, e as elites do Rio e de Salvador dedicavam-se à ópera, aos salões de valsas e às modinhas, nas profundezas subterrâneas das comunidades negras fermentava aquilo que viria a ser o samba do século 20. A ligação profunda entre negros baianos e negros cariocas (da qual um resquício evidente é a obrigatoriedade da ?ala das baianas? nas Escolas de Samba de hoje) era alimentada através de idas e vindas, migrações, viagens, um intenso troca-troca de informações, ajudas, solidariedades profissionais e econômicas que não deixa de me lembrar muito o processo parecido que se deu com os nordestinos do Campo de São Cristóvão.
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