terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Libellus X - Um discurso de Hermes Trimegistus - A Chave

Hermes. O ensinamento que eu apresentei ontem, Asclepius, eu o dediquei a você; e é correto que eu dedique a Tat o que eu vou apresentar hoje; pois este é um resumo dos Discursos Gerais que eu tenho dirigido a ele.
Saiba então, Tat, que Deus, o Pai, é da mesma natureza que o Bem; ou melhor, o trabalho de Deus, o Pai, é um com o trabalho do Bem. 'Natureza' é um termo aplicado para nascimento e crescimento, e nascimento e crescimento têm a ver com coisas sujeitas à mudança e movimento; mas o trabalho de Deus tem a ver com coisas livres de mudança e movimento, isto é, com coisas divinas; e é vontade de Deus que o que é humano deva ser divino. Sobre as forças relativas ao trabalho, divino e humano, eu falei em outro lugar; e para lidar com nosso tópico presente, como também com outros assuntos, você deve manter em mente o que eu lhe ensinei relativo a eles.
A força com que Deus trabalha é sua vontade; e seu ser consiste em desejar a existência de todas as coisas. O que mais é Deus, o Pai, a não ser o ser de todas as coisas quando ainda elas não são? É isto (a vontade de Deus) que constitui a existência de todas as coisas que são. Tal então é Deus, tal é o Pai. E a ele pertence o Bem; pois o Bem é uma coisa que pode pertencer a ninguém mais a não ser Deus. É verdade que o Kosmos é também pai das coisas que são boas da mesma forma que elas participam do Bem; mas o Kosmos não é, na mesma medida que Deus, o autor do que é bom nas criaturas vivas; pois o Kosmos não é o autor de suas vidas; ou se ele age como um autor da vida, ele o faz tão somente debaixo da compulsão imposta nele pela vontade de Deus, sem a qual nada pode ser ou vir a ser. O Kosmos está para as coisas dentro dele como um pai para suas crianças, e nisto ele é o autor de sua geração e nutrição; mas ele recebeu de Deus sua provisão do bem. É o Bem que é o princípio criativo; e é impossível que o princípio criativo possa ser algo exceto Deus, - Deus, que não recebe nada, mas deseja a existência de todas as coisas. Eu não direi, 'faz todas as coisas'; pois aquele que 'faz' coisas falha na realização desta função durante longos intervalos de tempo, onde ele às vezes faz, e em outros momentos ele não faz. E além disso, aquele que 'faz' coisas faz apenas qualidades e magnitudes; pois ele faz coisas que têm certas magnitudes e qualidades uma vez, e qualidades e magnitudes contrárias em outros momentos. Mas Deus faz através de sua vontade a existência de todas as coisas; e é neste sentido que ele é o Pai de todas as coisas. Pois Deus deseja que as coisas sejam, e deste modo, estas coisas têm também existência. Mas o Bem propriamente dito, meu filho, existe no grau mais alto; pois é por causa do Bem que todas as outras coisas existem.


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