Arlington Park – Rachel Cusk
Finalista do Orange Prize 2007
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 240
Editor: Edições Asa
Preço: 14 €
Sinopse
Ao longo de um único dia, o bairro de Arlington Park é o elegante cenário no qual as vidas de cinco mulheres vão ser expostas. Juliet, inconformada com o papel que o casamento lhe reservou; Amanda, cuja obsessão pelo trabalho doméstico esconde o seu lado mais sombrio; Solly, prestes a dar à luz o seu quarto filho; Maisie, que tenta desesperadamente aceitar a pacatez da sua nova vida longe de Londres; e Christine, a optimista, que se prepara para reunir as suas vizinhas num jantar cujo desfecho é absolutamente imprevisível.
Aparentemente, estas cinco mulheres têm tudo para serem felizes e, contudo, sentem-se manietadas pela frustração, os desejos reprimidos, o ódio e até a ocasional loucura. São esposas e mães que se refugiaram há muito num convencionalismo que as protege, principalmente da própria vida.
Com um estilo elegante e lúcido, Rachel Cusk, uma das escritoras mais prestigiadas do panorama literário internacional, construiu uma narrativa ambiciosa, que é um marco na literatura anglo-saxónica contemporânea. Sobre a autora: Rachel Cusk nasceu no Canadá mas passou grande parte da sua infância em Los Angeles, Estados Unidos, antes de acabar os estudos em Inglaterra. É leitora de Inglês no New College de Oxford. A obra Saving Agnes marcou a sua estreia na literatura, tendo sido distinguida com o Whitbread Award para o Melhor Primeiro Romance em 1993. Venceu o Somerset Maugham Award em 1997 com The Country Life. Em 2003, integrou a lista dos Melhores Jovens Romancistas Britânicos da prestigiada revista Granta. Arlington Park, o seu mais recente romance, foi finalista do Orange Prize em 2007.
A minha opinião
Arlington Park, pequena cidade de Inglaterra, é palco de vida onde várias famílias de classe média habitam e criam laços de amizade. Juliet, Amanda Solly, Maisie e Christine são apenas algumas das mulheres que fazem parte de Arlington Park. Todas elas são casadas, têm filhos e, de uma maneira ou de outra, resignaram-se à vida que levam. Uma vida sem grandes perspectivas, sem carreira, praticamente dedicada ao marido e filhos. Apesar de algumas delas trabalharem (caso de Juliet e Maisie), a família roubou-lhes alguma da liberdade que desejavam ter quando eram novas. Juliet é professora numa escola, cujo casamento acabou por lhe ‘cortar as pernas’ de uma carreira promissora. Boa aluna enquanto nova, o seu único refúgio é o clube literário às sextas-feiras. Acerca do marido e dos homens em geral diz: “Os homens são todos uns assassinos – pensou Juliet. Todos. Eles assassinam as mulheres. Pegam numa mulher e, pouco a pouco, assassinam-na.” Christine, colega de escola de Juliet, é uma verdadeira optimista. Vive para o casamento também, mas vê o enlace como a sua salvação de uma vida de vícios.
Amanda é obcecada pela casa, quer tudo num brinco. Apesar de se sentir tentada em ter visitas, até porque se sente muito sozinha, quando as convida está morta que vão embora, por causa da sujidade que podem fazer na sua casa. Solly, à espera do seu quarto filho, começa a colocar em causa a maternidade quando aluga um dos seus quartos e conhece Paola. Paola, mulher de 34 anos, parece-lhe uma pessoa livre, que se arranja, cuida da sua figura, coloca até perfume. Quando não está em casa, Solly vai para o quarto dela, como uma intrusa, ver as suas coisas, maquilhagem, perfumes, roupa, e sonho com uma outra vida… E por fim Maisie, que saiu da vivida cidade de Londres, para ir viver para a pacata Arlington Park. Ainda não se adaptou à pequena localidade, mas já começa a fazer novas amizades.
De uma forma engraçada, a autora faz pensar no que é o casamento, no que é viver para o marido e filhos e deixar de pensar em nós próprios. Gostei do livro, apesar de achar que os casamentos não são assim tão cinzentos como os pintam. Penso que a vida é aquilo que quisermos fazer dela. Será que ainda há pessoas assim?
Excertos
“Não seria o amor, na realidade, a primeira concessão à morte?”
“O meu problema é que me esqueci de me divertir. Acho que todos nós nos esquecemos de como nos divertirmos.”
“… No fundo, o que é que significa ser diferente? - Significa não ser igual às outras pessoas todas. […] – Não acham que também pode significar – disse Juliet –não fazer o que os outros esperam de nós? “
sábado, 2 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário