quarta-feira, 6 de maio de 2009

Do Mestre Eleito Dos Nove - 9.° Grau - Esta É A Maçonaria, de Jorge Adoum (Mago Jefa)

TRECHO:
HISTÓRIA DO GRAU


1 – Podemos afirmar, sem medo de equívoco, que as personagens que figuram neste Grau são simplesmente apócrifas; que Salomão, ‘o bíblico’, nada tem que ver com o Nono Grau, cuja instituição é moderna.
Este Grau, sem dúvida, pertence à série gradual da INICIAÇÃO e ocupa o terceiro lugar nos Mistérios Menores.
As FINALIDADES DA INICIAÇÃO NOS MISTÉRIOS MENORES eram demasiadamente elevadas e por isso foi preciso dividir sua escala em várias partes ou graus, para que assim pudesse a mente humana ascender paulatinamente, sem sofrer as dores do auto-sacrifício de suas paixões e de seus arraigados desejos desenfreados.
Estas elevadas finalidades são: a unidade de Deus; a imortalidade da alma; um culto voluntário, sem fanatismo nem superstição; uma moral pura que conduza o homem no caminho da verdade, da justiça e do bem-estar. Seu primeiro objetivo é propagar as luzes que podem esclarecer a razão do homem para apreciar sua dignidade, que faz dele o REI DA CRIAÇÃO e para que, por meio de sua inteligência, encontre sua relação direta com o DEUS ÍNTIMO.
Portanto, a Grande Iniciação tem por finalidade propagar a liberdade dos homens com o dever de não atacar uns aos outros, em virtude desta mesma liberdade. Depois estabelece uma verdadeira caridade universal que irmana todos os povos entre si para que formem uma só família, e, finalmente, eleger um governador sábio, desinteressado, estabelecido sobre leis comuns, apropriadas às necessidades de cada povo, a fim de que estas leis sejam o apoio do débil e do forte e, ao mesmo tempo, a corretora dos perversos.
Estas são as regras e os deveres que a Iniciação Maior impõe.
Agora devemos verificar e perguntar: Cumpriu Salomão, ‘o bíblico’, todas as finalidades da INICIAÇÃO? Nossa resposta foi dada na história dos graus precedentes. Agora neste trabalho do Nono Grau nos cabe seguir a GRANDE LENDA para depois decifrar seus segredos internos.

2 – A LENDA DO NONO GRAU “MESTRE ELEITO DOS NOVE”, que é para muitos uma história, diz o seguinte:
Uma vez terminados os funerais de Hiram, quis Salomão vingar a morte de seu Grande Mestre Arquiteto. O desaparecimento dos três Companheiros do local dos trabalhos descobria a identidade dos assassinos.
Enquanto Salomão nisto meditava, chegou um desconhecido – GUARDIÃO DE REBANHOS, ou seja a Constelação da CABRA – que pede audiência e logo revela que conhece o lugar onde se ocultam os três malfeitores.
O Rei reúne os mestres mais velhos, que eram quinze, e deles, foram escolhidos nove para a perigosa expedição, havendo, para isto, colocado os nomes numa urna. O primeiro a sair foi o nome de Johaben, que, desta forma, ficou designado o chefe da expedição; em seguida, da mesma maneira, foram escolhidos os outros oito Mestres para acompanhá-lo. Depois Salomão recolheu-se a um lugar mais isolado, só com os nove Mestres eleitos, revelando-lhes o lugar desconhecido e acertando com eles sobre a maneira de se capturarem os criminosos para vingar o assassinato de Hiram.
Os nove Mestres, para não ser notados, saíram nessa mesma noite, guiados pelo pastor desconhecido que se havia oferecido para servir de guia. Ao aproximar-se o pôr-do-sol, todos chegaram ao lugar da caverna, chamada BEN-ACHAR (que segundo alguns significa “filho do estrangeiro”), onde os três tinham o costume de se recolher.
Dois dos assassinos, quando regressavam à caverna, notaram a presença dos Mestres e fugiram precipitadamente entre as rochas. Oito Mestres, menos Johaben, os perseguiram, e apesar dos obstáculos do terreno e de estarem cansados da viagem, ganharam vantagens sobre os perseguidos, até que, finalmente, os assassinos, vendo-se perdidos, sem salvação, por se acharem diante de um abismo, sem outro caminho aberto, preferiram lançar-se no espaço do que ser presos. Desta maneira seus perseguidores apenas conseguiram encontrar seus cadáveres.
Johaben, afastado dos demais, esperando o êxito de sua busca, notou que o cão do pastor (Cão Maior das Constelações) seguia a pista de alguém que entrara na gruta; Johaben, descendo os nove degraus talhados na rocha, descobre no fundo o mais culpado, isto é, aquele que havia dado o golpe mortal e que naquela hora se dispunha a descansar.
O assassino, vendo-se descoberto pelo Mestre – não pôde resistir seu olhar – tomou o punhal com o qual pensava defender-se e o cravou no próprio peito, traspassando o coração, antes que Johaben pudesse impedi-lo.
Outra lenda diz que Johaben matou o culpado e cortou-lhe a cabeça, mas, os mistérios da verdadeira Iniciação não permitem ao Iniciado que se vingue, matando o delinquente com suas próprias mãos, porque este direito pertence à Lei.
Descansaram, então, os nove Mestres até o alvorecer do dia seguinte, e logo apressaram-se em cortar a cabeça dos três criminosos; em seguida empreenderam viagem à Jerusalém onde chegaram ao anoitecer (talvez do dia subseqüente) porque a distância do porto de Jafa até a capital e de 60 quilômetros em linha reta.
Satisfeito Salomão com o resultado da expedição, e em recompensa pelo zelo dos nove expedicionários permitiu que seguissem gozando o título de ELEITO DOS NOVE, título que tão bem haviam merecido. Depois se lhes acrescentaram outros Mestres que se distinguiam por seus serviços, e assim chegaram a ser QUINZE ELEITOS, entre os quais aquele pastor desconhecido que guiou os nove Mestres na busca aos assassinos.
As três cabeças e os instrumentos de construção, cuja finalidade havia tão criminosamente PERVERTIDO, foram expostos por três dias ante a vista exclusivamente dos obreiros. Depois foram queimados e suas cinzas jogadas ao vento. Desta maneira, tanto o crime como o castigo permaneceram em segredo do qual só os Iniciados podem se inteirar E QUE TÃO-SÓ OS MESTRES PODEM COMPREENDER.
Para se distinguir, adotaram os Eleitos uma faixa negra que levavam do ombro esquerdo às costas do direito, e em cuja extremidade pendia um punhal com o qual ABIBALAC, o assassino se matou, como fez Judas séculos depois ao vender seu Mestre. Para se reconhecerem entre si, usaram palavras e sinais relacionados com a ação levada a cabo pelos primeiros nove, e, assim, os elevados a este grau foram os vigilantes dos obreiros e mestres da Obra para que não se repetisse aquele doloroso acontecimento do Grande Arquiteto do templo.


O Mito Solar E O Homem

3 – A lenda do Grau de Eleito dos Nove desenvolve a explicação do Mito Solar. A própria Lenda de Hiram e perseguição aos assassinos é uma espécie de disfarce de mitos e mistérios simbólicos mais antigos, que nos mostram a luta constante entre a Luz e as trevas, o bem e o mal, a verdade e o erro, os ideais e as paixões do homem.
No Mito Solar, donde foram tomadas todas as lendas das religiões, os nove mestres são os nove signos zodiacais ou nove meses de luz que estão contra os três meses mais escuros, terrenos e animais, Escorpião, Sagitário e Capricórnio. É ainda a luta entre a Luz e as trevas, o nascimento e a morte, a parte ativa e positiva, e a parte escura e negativa; é a luta dos deuses olímpicos contra os titãs e dos gigantes que querem dominar na ordem celestial pelas paixões brutais. É a luta dos Devas contra os Asuras, de Indra. Agni e Mitra contra Varuna, que como Lúcifer é precipitado ao INFERIOR (Inferno), cessando de ser o deus da noite estrelada. É a luta de Osíris, reencarnado em Hórus, e de Ísis, contra Tífon, de Hércules, protótipo do herói consciente de sua própria origem divina contra os monstros ou paixões animais, que se encontram em seu ciclo zodiacal de progresso, como resíduo de seu próprio passado com o qual deve enfrentar-se para superá-lo. É a luta de MITRA (Sol) a divindade da Luz da última época da região irânica contra o Touro emblemático da natureza animal; (ler o OITAVO GRAU), a quem mata e transmuta, para absorver suas qualidades positivas. É a luta na natureza como na vida; a Luz, o Supremo Poder, afugenta toda treva e obscuridade. Ante sua claridade, foge o mistério da noite, levando consigo os temores e o cansaço que se apoderam de nosso organismo em todo o anoitecer. E, conforme se faça a luz em nossa mente, esclarecem-se nossas preocupações e nossos problemas, para que nossa vida seja um crescimento NA LUZ.
A IGNORANCIA E O FANATISMO substituem a VERDADE E A COMPREENSÃO em cada um de nós; mas, ao nos dedicarmos ao estudo para cultivar nossa mente, elas se precipitam, como o fizeram os dois assassinos, no abismo da aniquilação. A AMBIÇÃO (companheira da ignorância e do fanatismo) que se oculta na cova do coração do homem, destrói-se a si mesma como o fizeram Abibalac, o assassino de Hiram, e Judas Iscariotes, até que chegue a essa gruta um raio do mais puro amor.
Esta versão da Lenda de Hiram nos ensina com toda a clareza a lei da causa e efeito, como a explicaremos mais adiante e que consiste em: “COM A VARA QUE MEDIRDES SEREIS MEDIDO.”
O iniciado deve matar em seu coração A IGNORANCIA, O FANATISMO E A AMBIÇÃO, substituindo-os pela SABEDORIA, TOLERÂNCIA E ALTRUÍSMO, ou pela VERDADE, COMPREENSÃO E DESPRENDIMENTO.


A Justiça

4 – A Justiça, representada pela balança, jamais significa vingança. A Justiça é o perfeito equilíbrio divino ou a expressão da LEI DIVINA DO PERFEITO EQUILÍBRIO. Esta lei está representada pelo número dois ou a dualidade na TRINDADE do HOMEM.
O homem, movido pela ignorância, fanatismo e ambição, faz injustamente prevalecer um dos pratos da balança, fazendo o que sofre injustiça levantar o peso de sua espada. Então, aquele que sofre ignomínia levanta-se e exalta-se por esse mesmo fato, até no céu, enquanto que o tirano se precipita, em igual peso, em sentido contrário.
De maneira que a Justiça Divina (Lei do equilíbrio e CAUSA E EFEITO) ao ser tergiversada, atua pelo efeito que segue a toda causa, em sentido contrário e, de reação, que acompanha toda ação.
Por conseguinte temos de ver e buscar na própria perseguição dos assassinos de Hiram um sentido profundo do que aparentemente significa. A respeito dos mistérios do Egito disse Plutarco: “... deves pensar que nenhuma dessas coisas se referem ao que, ao parecer, contam...” Desta maneira deduzimos que o NONO GRAU encerra muitos mistérios iniciáticos ocultos, que exigem do Mestre o seu aperfeiçoamento, a fim de que elimine (mate a seus primos e parentes como ensina alegoricamente o BHAGAVAD GITA ou o CANTO DO SENHOR) seus vícios e paixões, que lhe são mais queridos e apegados. Porém NÃO COMO OS DETRATORES DA MAÇONARIA TÊM PROCURADO DIFUNDIR: QUE NESTE GRAU SE EXIGIA AO INICIADO O COMPROMISSO OU JURAMENTO DE EXECUTAR AS SENTENÇAS DOS TRIBUNAIS SECRETOS, SENDO ELE PRÓPRIO SACRIFICADO PELOS IRMÃOS SE NÃO CUMPRISSE SUA PROMESSA. Sem dúvida, o Grau tem, como emblemas, cabeças cortadas, punhais ensangüentados, lágrimas e atributos fúnebres, e usa-se com freqüência em seu Ritual a palavra VINGANÇA e a divisa “VINCERE AUT MORI”. Porém, esses caluniadores nunca viram a Luz da Verdade para poder interpretar o simbolismo iniciatório.

5 – Depois destas explicações, tudo nos leva a crê que o Grau de Mestre Eleito foi instituído pelos Templários, ou pelo menos, era por eles conhecido. A ambição – simbolizada no Nono Grau pelo traidor Abiram ou Jubelón ou Abibalac de acordo com o Rito Francês – é, por sua vez, assassinada com a adaga do altruísmo e do desprendimento; e, com a morte da ambição, desaparecem todos os males da sociedade. O Nono Grau é conferido por iniciação, e para tal efeito o candidato deve ter inteligência, moralidade e conhecimentos maçônicos, além de ter mais de 25 anos de idade, ser possuidor do 4.° Grau há mais de um ano e contar, no mínimo, três anos de maçom.

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