Depois que o professor Bartolomeu emocionou a todos, o almoço teve sabor de resfriado (parodiando Graziela Hetzel no genial A Cristaleira). Não sentia gosto de nada. Até por que depois do professor, chegaram as palavras de Marina Colasanti feito chantilly por sobre o chocolate quente numa noite de inverno. Antes da formação da mesa, encontrei Marina e não resisti, levei o Penélope Manda Lembranças para um autógrafo. Ela abriu um riso acolhedor e eu, naquele momento, poderia desfazer trezentas e sessenta e cinco quinas do meu labirinto fantástico. Ela procurou um cantinho espremido para deitar sua dedicatória e alfinetou: - Um dia os editores vão descobrir que as crianças merecem uma página de rosto. Sorri também.
Na palestra, brincou com sua origem e sua acolhida no Brasil: "Italiano é a língua da minha alma. Português é a língua da minha vida". Marina nasceu em Asmara (cidade localizada em território etíope que na época do seu nascimento era colônia italiana). Confessou que a morte prematura de sua mãe – quando Marina tinha apenas 14 anos – acelerou a intensidade da sua vida. Sempre leu muito. Foi a leitura a razão que a fez escrever. A outra coisa foi o diário. Mania de guardar segredos. Marina escreve diários – aqueles com chave e tudo mais - desde os 9 anos. Guarda-os todos em casa até hoje. “é de uma inutilidade”, ri de si mesma. Rimos juntos.
Chegou ao Brasil em 1948. Desejou ser atriz. Não deu certo. Decidiu ser artista plástica. Não conseguiu ganhar dinheiro com isso. Resolveu escrever. Deu no que deu.
Marina diz fugir dos rótulos: “Meu projeto é plural. Sou muito metida. Gosto do diferente. Prefiro o complicado. Corto grama com tesoura de unha”. Confessou ainda que precisa ser surpreendida pelo seu trabalho. E encerrou o porre de poesia com a frase: “Quero ser bala de hortelã pelo resto do dia na boca do meu leitor”.
Huummma delícia, não é mesmo? Pela foto abaixo, veja o treme-treme da minha emoção. Pois foi assim. Inté!
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