segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Filipa Martins | Elogio do Passeio Público


1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Elogio do Passeio Público»?
R-Atrevo-me a alterar a pergunta em epígrafe. Não se trata de um capricho. Apenas não tenho um contexto que envolva o meu mais recente romance, porque este constitui toda a minha obra (fora aquela, que não tendo sido publicada, não é para aqui chamada). Respondo, desta forma, à pergunta: "O que representa, no contexto do móvel da sala, o livro Elogio do Passeio Público?".O livro em questão está na terceira prateleira. Afastado o suficiente de Fausto para não ser contagiado pelo intelectual desiludido, mas bebendo-lhe a crítica. Perto de Sartre, para ter presente os princípios do pós-modernismo. Longe q.b. de Os Amores de Salazar de Felícia Cabrita, para me lembrar que não se pretende a verdade histórica. Debruçado sobre o humor cínico de um autor português, para ser humilhado pela genialidade. De referir que a lombada esta tombada para a direita, para que o título seja convenientemente lido do sofá da sala e a autora possa, desta forma, afagar o ego nos intervalos comerciais.

2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R-Eco teve vontade de envenenar um monge e nós rejubilamos. Já eu tive vontade de matar um homem. Não movida por qualquer impulso assassino, mas por reacção do intelecto ao tédio. Olhar para ele confrangia-me. Um homem que entra num bar e deseja uma bebida porque não tem coragem de desejar uma mulher bonita deve morrer? E um país que deseja a aparência porque não tem coragem de desejar a liberdade?

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Neste momento, um inquérito-tipo. Daqui a umas horas, as próximas páginas de um futuro romance.
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Filipa Martins
Elogio do Passeio Público
Guimarães Editores, 15€

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