sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Os Leões de Al-Rassan

Sinopse: Inspirado na História da Península Ibérica, Os Leões de Al-Rassan é uma épica e comovente história sobre amor, lealdades divididas e aquilo que acontece aos homens e mulheres quando crenças apaixonadas conspiram para refazer – ou destruir – o mundo. Lar de três culturas muito diferentes, Al-Rassan é uma terra de beleza sedutora e história violenta. A paz entre Jaddites, Asharites e Kindath é precária e frágil, mas é precisamente a sombra que separa os povos que acaba por unir três personagens extraordinárias: o orgulhoso Ammar ibn Khairan – poeta, diplomata e soldado, o corajoso Rodrigo Belmonte – famoso líder militar, e a bela e sensual Jehane bet Ishak – física brilhante. Três figuras cuja vida se irá cruzar devido a uma série de eventos marcantes que levam Al-Rassan ao limiar da guerra.

Tinha este livro debaixo de olho desde que foi lançado, devido às boas referências que tenho lido em relação ao autor (apesar de ainda não ter lido nada dele), e por isso a simpática oferta da Saída de Emergência devida à minha participação no Fórum BANG! foi recebida com bastante alegria e expectativa.

O espaço físico deste livro centra-se numa Península Ibérica medieval dividida pela fé religiosa, na qual encontramos 3 povos distintos: os Asharitas (baseados nos muçulmanos), os Kindates (baseados no judeus) e os Jaditas (baseados nos Cristãos). Tal como a certa altura da história da Península Ibérica, os Jaditas ocupam o território do norte, enquanto que os Asharitas têm o domínio sobre o sul. No entanto, a aparente paz é precária devido aos anseios de conquista de quem detém o poder em Al-Rassan.

É neste contexto que encontramos as 3 personagens principais deste livro, cada uma delas pertencente aos povos que referi: a médica kindate Jehane bet Ishak, o capitão jadita Rodrigo Belmonte e o poeta asharita Ammar ibn Khairan. É o destino destas personagens que seguimos ao longo do livro, entrelaçado com o próprio destino da terra que habitam.

Devo dizer-vos que a leitura deste livro, que se pode enquadrar na categoria de romance fantástico-histórico, foi um prazer do início ao fim. A construção deste novo mundo, a partir de um outrora existente, é sublime: a descrição detalhada de cidades, pessoas e costumes dá vida a Al-Rassan e permite que o leitor a visualize de uma forma muito completa. Só tive pena que não estivesse presente um mapa, que facilitaria bastante a percepção da localização dos palcos dos principais acontecimentos.

As personagens principais (e muitas das secundárias) são fantásticas. São fortes, brilhantes, mas acima de tudo, humanas. Ao longo da leitura, vão-se tornando quase como família, tal é o carinho e admiração que suscitam no leitor. De todas elas, a minha preferida foi Ammar ibn Khairan, auto-entitulado poeta, mas para além disso assassino, diplomata, e cheio de mistério. Simplesmente fascinante.

Gostei muito do estilo que o Guy Gavriel Kay utilizou para contar esta história. Apesar de não ter ainda lido outras obras dele, deduzo que seja uma voz muito própria. Percebe-se que sabe, habilmente, levar o leitor por um caminho quando afinal a história foi por outro. Para além disso, há partes da história verdadeiramente emocionantes: uma delas fez-me ficar com as lágrimas nos olhos em pleno comboio da linha de Sintra :)

Para terminar, a minha percepção quanto à mensagem deste livro é a necessidade de tolerância e compreensão entre os povos. O facto de acompanharmos os vários lados da barricada faz-nos compreender que a razão não está em nenhum dos lados, que todos têm as suas virtudes e os seus defeitos. E isso, independentemente de se tratar de ficção ou vida real, continuará sempre a ser importante.

Resumindo, só posso aconselhar esta leitura. Não deixem que esta verdadeira pérola vos passe ao lado. Espero que a SdE aposte brevemente em mais livros deste escritor.

9/10

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