segunda-feira, 6 de julho de 2009

Suttas Gnósticos: Ensinamentos para os tempos finais da humanidade, de Karl Bunn

TRECHO:
© Direitos autorais desta edição: Escola Gnóstica Fundasaw : http://www.gnose.org.br, mantida pela Igreja Gnóstica do Brasil

2007: INÍCIO DA RETA FINAL - Mensagem Especial para 2007
09.01.2007
Queremos fazer aqui um alerta e uma exortação de que 2007 é o ano, cabalisticamente falando, do Peregrino, é o ano do Buscador, do Iniciado. Pelo que ouvimos, o tempo está muito curto, o que significa também que 2007 é praticamente o último ano que temos para começar um trabalho real e concreto sobre nós mesmos.
Aqueles que ficam ainda se debatendo nas dúvidas primárias, na questão elementar do “acredito/não acredito”, estão perdendo seu tempo. Sempre afirmamos que a Gnose não é para pessoas vacilantes, dúbias, que querem estar em muitas escolas e ao mesmo tempo não estão em nenhuma delas.
Esses vacilantes precisam definir-se. Não que alguém vai atrás com uma lança ou um tridente cobrando coisas. Temos que avisar aqui nesse momento que o tempo de vacilações já passou. Aqueles que, de fato, estão interessados em fazer alguma coisa em seu próprio favor, de seu trabalho espiritual, esse é o último ano, magicamente o ano que soma 9.
Este é um ano especial para aqueles que já se decidiram, já começaram a praticar inclusive, mas que ainda estavam levando suas práticas um tanto quanto relutantemente. Sabemos que todos passam por dificuldades e que os conflitos pessoais acentuariam-se na medida em que os anos fossem passando.
Tenho visto em nossas comunidades que há pessoas com sérios problemas e ninguém tem uma pílula mágica capaz de resolvê-los. Os conflitos internos, cada qual tem que resolver na sua intimidade, no silêncio, no encontro de si mesmo. E esse é o ultimo ano que temos para isso.
Ainda que as coisas sempre cheguem atrasadas ao Brasil, o que de certa maneira gera uma vantagem, pois certos acontecimentos finais também chegarão ao Brasil com uma sobrefolga de dois ou três anos...
Em 2010, terá triplicado, praticamente. os acontecimentos que hoje assistimos e que já estarrecem a muitas pessoas. Lá pelo ano de 2012 em diante, nem temos como discorrer sobre isso, porque justamente no dia 22 de dezembro de 2012 termina o tempo do não-tempo. O que significa que se pode esperar de tudo, se não temos trabalhado sobre nós mesmos, trabalhado no sentido do desapego. É muito fácil afirmarmos “Ah! Eu não tenho apego. Ah! Para mim não tem problema!”. Mas, em contrapartida, quando perdemos um amigo, entramos em depressão, em desespero, mesmo com todo o discurso de desapego.
O que podemos esperar, então, quando as coisas acontecerem numa magnitude muito maior? Esta preparação emocional, psicológica, já era para ser feita. Daí o tempo necessário para isso, para crescermos, amadurecermos, avançarmos em relação a estes mesmos desapegos.
Agora, se estávamos ou estamos vacilantes, se não conseguimos superar esses conflitos elementares, então podemos inferir que à medida que os anos forem passando, esses conflitos nos levarão ao desespero, à loucura.
Não estamos jogando palavras ao vento, nem queremos gerar um clima de pânico, como inadvertidamente acabamos fazendo. Não porque geramos isso, mas só ao falar dos acontecimentos finais, muitas pessoas ficam realmente apavoradas. O nosso objetivo não é gerar pânico e sim preparar os espíritos ou dar as indicações para que cada qual prepare o seu, uma vez que ninguém pode fazer o trabalho por outro.
É claro que nessa época atual, palavras, intenções e objetivos sempre são deturpados. Muitos que ouvem isso, lêem essas coisas ou uma mensagem como a Gnose, tomam-na pelo lado negativo,
como uma ameaça. Em nossa modesta visão, são tontos, pois estão desperdiçando um aviso que a Divindade deu em vez de trabalhar para superar suas limitações, estar com o espírito pronto, amadurecido para a vida difícil que se avizinha. Desdenham dessas coisas, riem, criticam, atacam... Isso é a humanidade, isso somos nós, não há como mudar.
Por isso mesmo, somos aqui [no PALTALK] um pequeno grupo, que em certos dias congrega vinte e poucas pessoas, outro dia menos de vinte, houve um tempo em que eram mais de quarenta e assim cada qual vai levando sua própria vida como lhe parece melhor. Nosso dever é avisar sobre essas coisas, alertar que esse ano de 2007 é um ano muito significativo para quem quer construir algo dentro de si, espiritualmente falando. As ferramentas para construir isso foram dadas aqui mesmo por dezoito meses; há muito material disponível, já são mais de cem horas de gravação. Esse não é um canal noticioso, de novidades. Quem quiser ouvir novidades deve ler jornais, assistir televisão, ou ir à banca da esquina e comprar jornais e revistas para encontrar novidades.
Aqui trabalhamos sempre com os mesmos temas e, mesmo assim, já abrimos demasiado, devíamos ter focado mais vezes os mesmos temas. Mas sabemos que, para a mente ocidental, para a mente novidadeira, esta repetição acaba criando mecanismo de rejeição: mesmo ouvindo, passamos a não escutar.
Queríamos aproveitar para buscar essa conciliação, a sintonia em relação ao momento que estamos atravessando. E trabalhar em cima das práticas para esse ano de 2007. Repassar alguns elementos importantes para aqueles que querem levar adiante um trabalho consistente, concreto, eficiente nesse caminho espiritual. E, dentro deste contexto, estamos à disposição para comentários e questionamentos sobre esse trabalho ou sobre as dificuldades encontradas. Talvez nem tudo possa e deva ser comentado hoje dentro deste contexto aqui apresentado.
Alguém pergunta: “a partir de que momento do trabalho, desenvolvemos o centro de consciência permanente, e como ele se expressa na vida diária?”. Ele cristaliza-se depois de muito tempo de trabalho de auto-observação, de autolembrança de si mesmo; isso não é uma coisa para algumas poucas semanas, alguns poucos meses. O desenvolver e cristalizar do centro permanente de consciência é a mesma coisa que dizer, desenvolver a Bodhishita dentro de nós e isso é um trabalho de muitos anos. Devemos ter isso em vista, mas não fantasiarmos de que vai ser conseguido rapidamente.
Não nego a possibilidade de que possa ser conseguido rapidamente, pois há pessoas a quem nós atendemos nesses anos todos, e acompanhamos no seu trabalho espiritual diário, que desenvolveram seu centro permanente em dois anos. Mas isso é uma exceção, são pessoas que disciplinaram-se a trabalhar pesadamente, já vieram com trabalho espiritual feito em vidas anteriores. Tudo isso faz com que esse fator tempo aqui denominado reduza-se. Mas o normal da condição de 99% das pessoas que chegam à Gnose hoje é um trabalho de cinco a sete anos. Isso se trabalhar bem, do contrário serão quatorze, quinze anos, o normal é mais de vinte anos, pois a dura realidade da comunidade gnóstica internacional é que ninguém trabalha sobre si.
Foi uma grande surpresa nos anos noventa quando, aqui na Fundação, instituímos para oficiantes e para instrutores um mínimo de duas horas de prática, de meditação por dia. Mas isso se deu em função da constatação na época de que a média de prática dos chamados gnósticos no mundo, não chegava a trinta minutos diários. O normal é que cada um fizesse dez, vinte minutos de um rápido exercício de retrospecção do dia. Então como vai se formar um centro permanente de consciência fazendo-se zero de trabalho por dia?
Agora aqueles que se dispuserem a trabalhar, primeiro compreendam a natureza da Doutrina Gnóstica, a natureza desse trabalho, o que é o caminho iniciático. Depois de haver compreendido tudo isso, sabendo das dificuldades e das implicações, acima de tudo, de um trabalho como esse, expresse, em contrapartida, em termos de trabalho prático diário e interrupto.
Não existe sábado e domingo para quem quer o caminho, existe apenas o dia. E o dia é feito de horas, aproveitem essas horas. Muitas pessoas alegam não ter tempo para fazer práticas, mas passam duas horas por dia na frente da televisão e ainda toda noite ou duas, três vezes na semana alugam filmes, DVDs na locadora e ali já se vão mais quantas horas?
Se, ao invés de pegarem esse tempo para ficar vendo filmes, novelas, noticiários, revistas, etc., usarem para fazer meditação, teriam o tempo necessário. A crua realidade dos fatos é que somos demasiadamente débeis. Entendemos a debilidade e nós mesmos fomos assim por muitíssimos anos. Perdemos um tempo muito grande, não entendíamos a natureza do trabalho, a natureza do caminho, suas implicações, até “cair a ficha” e vermos todo o cenário de uma maneira muito clara, muito concreta, de maneira palpável. Perdemos muito tempo ou foi o tempo necessário que, particularmente, gastamos para fazer isso com segurança.
Até porque aquilo que ensinávamos não podia ser feito irresponsavelmente, não podíamos ensinar algo que não tivéssemos experimentado antes, pois senão não teríamos segurança para dizer e afirmar certas coisas.Hoje é diferente, conhecemos mais, vimos as coisas mais claramente, temos uma consciência muito maior do que aquela que tínhamos então. Cada um vai passar por esse mesmo processo.
Sintetizando tudo isso, resume-se a trabalhar diariamente. Para nós aqui, na época, estabelecemos duas horas de prática por dia como mínimo para um instrutor da FUNDASAW, isso surpreendia muita gente. Pessoalmente, surpreendo-me como achávamos difícil fazer duas horas de prática e isso é nada absolutamente.
Devemos aumentar isso para três horas, quatro horas. Como podemos fazer isso? Depende da profissão ou da ocupação de cada um. Então, cada qual tem de buscar dentro dos seus compromissos normais e da sua sobrevivência diária, os seus horários para isso. Provavelmente vai implicar em levantar mais cedo, pois que levantemos às quatro, quatro e meia ou cinco horas. Cada qual define seu horário de despertar. Entretanto, dar-se-á um grande salto quando pudermos incluir em nossa rotina diária duas horas de prática pela manhã, mais uma hora pela noite antes de ir para a cama. Teremos três horas de prática: meditação, mantras, práticas devocionais.
E, durante o dia, trabalhar muito na autolembrança, na autorecordação, na auto-observação, justamente aquela hora de meditação noturna antes de ir para a cama seria destinada para fazer reflexões acerca de tudo aquilo que aconteceu durante o dia.
Fazer tudo isso sem pressa, sem tensão, sem estresse. Ter o sentido da responsabilidade de fazer esse trabalho, mas não fazer isso de má vontade, pois se o fizer é porque não entendeu nada. Então, primeiro precisa voltar e compreender a natureza desse trabalho, uma vez que não o compreendeu ainda e, se não o compreendeu, faz as coisas de forma errônea e aí não há resultados.
Não que devamos buscar resultados, assim como nos alimentamos três, quatro vezes ao dia, não para buscar resultados, mas por necessidade. Da mesma forma, devemos fazer práticas por necessidade, não para buscar resultados. Assim, a própria prática torna-se um exercício relaxante e eis que surge o que o Mestre Samael dizia: “amor ao trabalho”.
Se alguém quer fazer esse trabalho sem amor, e o amor não vem sem haver compreendido a natureza do trabalho e do caminho, começa mal, provavelmente até fazendo um trabalho inútil, seria melhor nem fazer se for para realizar dessa maneira.
Sobre construir um centro permanente de consciência, ele cristaliza-se em função de trabalhos realizados. Não adianta perseguir desesperadamente esse centro, não é uma meta a ser alcançada, é um resultado natural que ocorre em função de um trabalho feito, realizado com amor ao trabalho, é isso que precisa ser entendido. Tirar de nossa mente, nossa vida, essas fantasias todas.
Não adianta alguém pegar um japamala, por exemplo, e começar a repetir mecanicamente mantras, invocações ou orações todos os dias. Isso de pouco serve, pois um papagaio pode fazer a mesma coisa. Temos de estar voltados para isso, voltados a fazer nossa prática, naquele local mais oculto de nossa casa física e também da interior. E ali onde ninguém nos veja, façamos nossas orações, nossos diálogos com nossa Divindade anterior.
Uma determinada pessoa comentava: “mas a quem eu devo rezar?”. Essa é a dura realidade: as pessoas quando chegam à Gnose, nem sabem a quem deve rezar. Chegam à Gnose oriundas de religiões cristãs e nelas ensinaram a elas a rezar para Jesus, pois ele é o filho de Deus. A Gnose afirma que existem os Mestres e que não existe Deus, mas existem Deuses, então a pessoa entra em confusão: “mas... E agora? A quem eu devo rezar?”. A pergunta é pertinente, mas revela, ao mesmo tempo, nosso grau de ignorância espiritual.
A partir dessa realidade de zero espiritual que temos para trabalhar, pode ser que alguns tenham 0,1% de esclarecimento espiritual, mas outros, além de zero, começam a caminhar para menos zero, à medida que querem fazer de seu próprio cérebro um liquidificador de doutrinas contraditórias, misturando ensinamentos pertinentes ao lado negro e ao lado branco, achando que tudo é a mesma coisa. Desde que tenha amor, tudo vale.
Uma coisa é o discurso do amor. E digo a vocês que os tenebrosos são mestres no discurso do amor, da paz, da justiça, e é por ai que eles enganam esses que têm seu centro emocional frágil, pois isso é um apelo ao emocionalismo, ao sentimentalismo. Essa é a realidade espiritual do mundo neste momento.
Nem quero aprofundar muito sobre determinadas características, porque a simples menção de determinadas práticas já seria chocante para muitas pessoas e, tomando esses cuidados, já somos acusados de muitas coisas, imaginem quando, às vezes, tornamo-nos mais enfáticos ao sugerir que nos afastemos de certas práticas muito aceitas, certos ambientes muito freqüentados. Essa é a dura realidade nossa e os tempos estão se fechando agora, se temos que tomar uma decisão, tomemos em favor de nosso próprio Pai que está dentro de nós mesmos.
Se não sabemos a quem rezar, o Mestre Samael diz que, em certa altura de sua vida, quando ainda estava na busca do caminho, cansado de tanta teoria, exausto de tanta informação desencontrada, decidiu afastar-se do mundo. Foi morar numa choupana de pescador no mar do Caribe e ali durante tempos, enquanto fazia uns biscates para ter o que comer durante o dia, entregou-se à meditação. A meditação dentro da Gnose é dita como sendo o alimento diário do sábio. Um capítulo do livro Psicologia Revolucionária está denominado de “O Pão Supersubstancial”. O Dalai Lama medita três horas por dia de manhã, os lamas, os sábios, os místicos do Tibet têm os traseiros chatos por passarem horas e horas sentados em padmasana a vida inteira, meditando com a finalidade de anular a mente e os processos mentais.
E nós, agora com mero dez minutos, cremos de fato que vamos conseguir alguma coisa palpável e concreta neste caminho espiritual? Vamos tirar a ilusão, se queremos fazer um trabalho sério, vamos nos olhar na frente do espelho, olho no olho conosco mesmos, vamos assumir um compromisso, decidir realizar algo sério pelo menos a partir desse ano de 2007, cabalisticamente, nove, uma nova oitava. Essa nova oitava terminará no ano 2016 e até lá quem saberá que transformações o mundo terá passado e se nós ainda estaremos aqui?
Esse despertar da consciência, dar-se conta da gravidade do momento e da necessidade de fazer um trabalho concreto sobre nós para deixarmos de ser tão materialistas, tão voltados para as coisas do mundo exterior. Temos que nos voltarmos mais para o mundo interior.
Um bom começo, seria nesse ano de 2007, começar com três horas de meditação, duas horas pela manhã e uma hora à noite antes de ir para a cama. Porque muita gente deita na cama e diz que faz
duas horas de prática, mas não é bem assim. É preferível fazer uma hora de prática sentados ao pé da cama em posição Zen, ou padmasana os que conseguem.
Tratar de estudar retrospectivamente o dia, tomar consciência de seus erros, tratar de ver suas mecanicidades, buscar encontrar dentro de si uma atitude positiva após uma autocrítica, mas sem culpa. Isso que nos ensinaram aqui no Ocidente de culpabilidade é um problema sério, pois o ego para se esconder faz-se de “coitadinho” e esse é um tremendo obstáculo. Não temos que nos fazer de “coitadinhos”, temos que, simplesmente, olhar-nos de frente, para dentro de nós, no espelho da autoreflexão interior profunda, evidente do Ser, como dizia o Mestre Samael.
Com paciência, fazendo isso dia após dia, gradativamente, vamos nos tornar mais profundos, mais exatos na autopercepção, na auto-análise, na contemplação de nós mesmos e de nossas próprias realidades interiores.
Comentou-se muito das bases fundamentais, das quatro nobres verdades, das paramitas, o óctuplo Sendeiro de Buda, do Selo Hermético, Bhakti Yoga, Karma Yoga, dialética da consciência... Toda essa base já foi dada ainda que com o auxílio, é claro, das obras que estão disponíveis. Sempre que necessário devemos lançar mão disso para refrescar muitas vezes nossa memória ou para proporcionar uma chispa de compreensão ao rever um determinado ensinamento.
E assim sem pressa, sem tensão, mas seguramente avançando, realizando o trabalho naturalmente, esse Centro de Consciência Permanente vai cristalizando-se dentro de nós, a consciência vai ancorando em nós. Temos uma consciência, mas está espalhada, dispersa, não está ativa, está adormecida, reage em função dos condicionamentos da própria mente, do próprio ego.
É esse mecanismo que temos de desarmar, esse jogo que devemos jogar na meditação. Ficar observando a própria mente, observando os “macacos” pularem agitadamente de galho em galho, sem finalidade nenhuma. Mas eles pulam. Dominar a mente é um dos primeiros passos, não esquecer de nós, expressarmos a conduta reta, tantas vezes mencionada.
Com todo esse ferramental, esse conjunto de atividades, gradativamente nosso mundo interior vai modificando-se. Temos de fazer nossa parte primeiro, para que a mudança aconteça. Se alguém perseguir uma mudança ela foge, não se consegue nada perseguindo, mas sim permanecendo sereno, tranqüilo, em paz, centrado em si mesmo. Só assim as coisas consolidarão-se em torno de si mesmo. Enquanto estivermos agitados como pedras rolantes, é claro que nada vai aderir.
Alguém comenta ou pergunta aqui "Estas práticas meditativas costumam reduzir o tempo de sono de oito para três horas?". Acho muito difícil alguém reduzir para três horas, eu reduzi para quatro, cinco horas bons tempos na vida enquanto estava fazendo experiências comigo mesmo. Agora encontrei um outro ponto de equilíbrio que me parece mais adequado, mas é possível umas cinco horas sem se desgastar.
Um dos obstáculos que temos é exatamente esse, se levantamos cinco horas da manha e deitamos às dez, onze horas da noite, então ficamos um largo período acordados. A natureza mostra claramente em fatos que todo animal precisa, nesse meio tempo, de repouso.
Aqueles que puderem, na hora do almoço, tirar para si 15, 20, 30 minutos para repousar, para tirar uma soneca ou fazer alguma prática interna como sempre fazia o Mestre Samael, isso vai dar um alívio no sistema nervoso, no sistema parassimpático. É altamente aconselhável, mas sei que na cultura e no mundo desumano de hoje, poucas empresas oferecem essa possibilidade, esse repouso na hora do almoço.
Aqueles que moram em cidade menores podem desfrutar disso. Aproveitem! Façam isso! Agora quem mora em cidade grande realmente é difícil. A escolha que teriam de tomar é mudar de cidade, sair do caos infernal para uma outra condição ou mudar de emprego, mesmo que na mesma cidade.
Sacrificar algumas coisas e trabalhar menos, para que se possa ter mais tempo para si e para este trabalho, isso realmente é importante. É claro que nenhum de nós vai poder abandonar tudo, aqueles que têm compromisso de família, são casados, têm família para sustentar, não podem ser levianos a ponto de largar tudo. Mas podem gradativamente mudar a sua condição, reduzir compromissos, reduzir gastos, trabalhar menos.
Buscar alternativas sem pressa, buscando o apoio da Lei, comprometendo-se com a Lei, fazendo isso, digo a vocês que as oportunidades abrem-se. Mas cada oportunidade que nos é aberta a partir desses meios aumenta mais nosso compromisso e responsabilidade. Melhor não negociar nada com a Lei Divina se não temos a certeza e a segurança de cumprir com o juramento.
O que realmente é a causa dos fracassos, é porque não criamos o hábito de fazer as práticas, começamos a fazer essas práticas hoje, sustentamos essa rotina durante uns quantos dias e então surge um acontecimento qualquer, um convite para uma festa, uma reunião de amigos, um aniversário não sei de quem, uma oportunidade de ir à praia e no impulso vai-se. Ao voltarmos, já não é mais a mesma coisa, algo afetou, balançou e não temos a força necessária, o thelema, para retomarmos essa vida.
O que precisamos entender é que se alguém quer esse caminho, deve transformar-se num monge na sua própria casa, na empresa, no trabalho em que está. Tem que encarnar esse princípio do monge, fazer seu trabalho, enquanto trabalha. Isso da conduta reta, do amor Ágape, isso da ética superior, abordada no tema das paramitas.
São ferramentas formidáveis que nos permitem trabalhar concretamente com fatos, não na teoria, filosofia da Gnose, mas nos fatos concretos. Cada qual tem que achar a sua maneira de resolver isso, todos nós sabemos que precisamos fazer trabalhos concretos, práticos, cumprir uma rotina de práticas esotéricas diárias, sem falhar nenhum dia.
Recentemente, alguém me consultou: "Ah! Estou pensando em “dar um tempo” nas minhas práticas, o que você acha disso?". Ele já sabia qual era o meu pensamento, mas mesmo assim escreveu. As pessoas sabem, mas duvidam daquilo que sabem, querem buscar em alguma palavra nossa um motivo para “dar um tempo”, só que esse “dar tempo” é igual a morrer, jogar fora o trabalho, uma vez que muito pouco resta.
Se viemos de uma rotina de trabalho de seis meses, duas horas por dia, é claro que isso gera um resultado interior, pode não ser muito, mas já tem alguma coisa dentro de si, percebe-se que houve mudanças dentro de si.
Então diz: "vou dar um tempo". Uma semana que passa ele volta ao zero, se algum dia retornar (e foi o que eu disse a essa pessoa) e se retornar vai ser muito mais difícil. O inimigo que está dentro de nós gerou resistências, defesas naturais muito mais poderosas que estarão esperando este pobre estudante para quando ele tentar voltar, se é que vai voltar. Estatisticamente, a maioria não volta.
O que a Gnose ensina como um conhecimento universal, o Budismo, o Cristianismo original também ensina. Ela pode ser tomada e aplicada em muitas atividades humanas. Podemos levar esses princípios para nosso ambiente de trabalho. Tanto isso é verdade que um consultor empresarial escreveu um livro chamado O Monge e o Executivo e ganhou milhões de dólares e hoje cobra cinqüenta mil dólares para fazer uma palestra de um dia sobre esse tema. Esteve recentemente aqui no Brasil, em São Paulo e Curitiba também, e qual foi o pulo do gato dele?
Ele fez um estudo dos valores ensinados por Buda, por Cristo, por Krishna, por Pitágoras, todos os sábios da humanidade e fez os devidos paralelos com o ambiente corporativo. Parabéns para ele! Teve a inspiração, acreditou e correu atrás, teve a ousadia de lançar um trabalho e colheu os resultados, uma pessoa que é aplaudida em muitos lugares.
Um dia desses, nas férias, estava falando com uma pessoa que estava em conflitos, não sabia o que fazer. A pessoa queria ir para o reveillon e me perguntou o que eu achava. Eu disse: “bom, o que você fez todos os anos anteriores?”. Ela disse: “sempre fui para o reveillon”. Eu respondi: “então faça alguma coisa diferente esse ano, não vá para reveillon nenhum”. Por circunstâncias, ela acabou perdendo a oportunidade. Sugeri para que fosse fazer um retiro num monastério budista, não conseguiu ir, pois tomou a decisão em cima da hora, mas com isso evitou repetir o padrão de todo ano, que era cair na gandaia, de certa maneira, ou ir para diversão com os amigos. Indiquei esse livro, o Karma Yoga e outras práticas mais, em vez de sair para se divertir. Quebrou a rotina e essa quebra de rotina pode ser o início,de um trabalho, de uma mudança profunda na vida das pessoas.
Ela me comentava exatamente que, na empresa em que trabalha, realizaram um seminário com esses princípios contidos no livro O Monge e o Executivo, mas as pessoas não incorporaram esses valores, ouviram o conferencista e a vida segue, não houve mudança de atitude nos diretores da empresa, então o mundo segue girando.
Obras como esta, efetivamente contribuem para uma mudança e uma melhoria nas condições de trabalho. Caso apenas entrar por um ouvido e sair pelo outro, deixando um registro na memória sem que haja uma iniciativa concreta, é só papagaiar, não sair do lugar, nada muda.
A mesma coisa acontece com as doutrinas, se pegarmos os seus princípios e implementa-los, seja numa instituição como a de recuperação de dependentes químicos, numa empresa ou nossa vida pessoal, é claro que as coisas começam a mudar. Mas para isso é preciso ter um poder de vontade. Porque toda vez que alguém começa a fazer um trabalho à frente de uma instituição, surge uma oposição tremenda, esta oposição que surge fora toda vez que alguém quer fazer um trabalho, surge pois está dentro de nós.
È só alguém querer implementar em sua vida pessoal uma disciplina de trabalhos espirituais, essa resistência surge dentro dele, o que, em Gnose, damos o nome de o Demônio Caifás, da má vontade. Aquele que opõe resistência a tudo, o que condena e entrega o Cristo à crucificação.
Todos esses princípios de luz e de trevas estão dentro de nós, autoconhecimento é pesquisar. Não se faz da noite ao dia, demora-se, sofre-se, cai-se muitas vezes, mas nenhum Mestre está ali com uma maquininha de contar quedas, eles não olham isso, só olham se o discípulo continua na luta, mesmo tendo tombado novecentas e noventa e nove vezes. Olham o espírito de luta e darão quantas oportunidades forem necessárias para ele continuar na guerra. Agora se cai e aproveita e tira uma soneca no chão, é claro que oportunidade nenhuma merece.
Essas coisas elementares e simples é que temos de considerar nesse trabalho, não ficar com tantas teorias. Infelizmente, dentro da Gnose, conseguimos transformar uma doutrina num amontoado de fantasias, princípios rígidos ou leis incompreensíveis, quando o que o Mestre Samael e outros Mestres quiseram foi é passar um sistema prático de vida e não sistemas complexos que servem apenas para afiar o intelecto.
O conhecimento é dado, trazido ao mundo, mas cada qual utiliza como quer, não se tem, nem se pode ter o controle sobre isso. Cada qual é livre para escolher o que quer fazer, ninguém é obrigado a acreditar em Gnose, em Samael, em Avatares, em coisa nenhuma. Mas respeite aqueles que acreditem, deixe o outro acreditar, se alguém vem pedir ajuda, ofereça ajuda, se é que tem algo a oferecer.
No Sutra da Mente consta um ensinamento budista dado a um grupo super-reservado de Buda quando esteve entre nós no mundo. Nesse sutra é comentado o seguinte: quem teria maior mérito? Aquele que tivesse tesouros suficientes para encher três universos inteiros e doasse isso para caridade, teria um grande mérito, mas o mérito maior, ensinou Buda, é aquele que pegasse quatro linhas ou princípios de uma doutrina santa e ensinasse isso às pessoas para que elas pudessem
livrar-se da dor, do sofrimento e do Samsara, esse teria maior mérito, e não aquele que doou o tesouro do tamanho de três universos, não de três malinhas. Comparativamente, valeria mais aos olhos da lei aquele que simplesmente ensinasse quatro linhas de um ensinamento redentor. Isso é motivo de reflexão.
È evidente que para ensinar quatro linhas de um conhecimento, primeiramente precisamos compreender essa doutrina, porque do contrário, possivelmente, ainda vamos adulterar essas quatro linhas. Precisamos ensinar algo de uma doutrina legítima, doutrina brancas como denominamos aqui e ensinar isso a outras pessoas. Esse é o terceiro fator de revolução da consciência. Agora como ensinar se nem a compreendemos? Aí está um dos desafios. Queremos ensinar sessenta e três livros, trezentas conferências quando nem entendemos a primeira linha e só deveríamos ensinar a primeira linha desse ensinamento, assim estaríamos agindo corretamente.
Percebam como é sutil, delicada, toda essa questão do ensinar, compreender, do dar, movimentar-se nesses desdobramentos dessas realidades cósmicas. Alguém que conhece uma doutrina salvadora, que possa liberar do sofrimento do Samsara, começa a praticar e depois a abandona porque não consegue superar as resistências de si mesmo e desiste, só por ele mesmo atrairá maiores sofrimentos.
O sofrimento dá-se em função da dor e do prazer, sofrer também gera mais sofrimento, prazer também gera mais sofrimento. O sofrimento e o prazer são apenas duas faces de uma mesma moeda nesse mundo da forma, temos de ir para o Vazio, para o Nirvana, sair do mundo da forma e diluir-se na não-forma que se chama Nirvana.
O Nirvana não é um lugar, é um estado de consciência e isso nos remete ao que a Gnose diz: ir além da dualidade da mente. Enquanto estivermos sendo moídos, esmagados pela dualidade da mente, dor e prazer, sim e não, feio e bonito, esses princípios da forma só nos gerarão mais dor. Liberdade só haverá quando fugirmos da dualidade da mente, muitos sonham com liberdade, alimentando a dualidade mental, isso é um absurdo, não têm idéia do que estão fazendo.
Oxalá sejamos claros em expressar isso, colocando certos princípios dessa forma. Então, vence aquele que persevera. Os Mestres, os Deuses, eles não estão ali para contar nossas quedas, isso é normal, é parte do aprendizado. Não há como se fazer consciência e renunciar à dor ou ao prazer sem ter vivido a dor e o prazer.
Aceitação e rejeição, não temos que aceitar nem rejeitar, temos que achar a compreensão, o vazio, a consciência, romper os apegos, os lastros, e isso se dá pela compreensão. Gradativamente, vamos construindo nossa libertação e não precisamos acreditar ou não em Deus, pois isso é da dualidade da mente, devemos ver o aspecto vazio que está entre os dois. Esse é o único desafio que nós temos. Despertar a consciência é cair no vazio, viver na compreensão, não na dualidade dos extremos.
Muitas pessoas, para fazerem o trabalho, querem uma motivação, mas a motivação que elas buscam é a motivação da cenoura na ponta da vara, de uma recompensa, um prêmio. Neste caminho esse tipo de motivação não serve. As empresas, como motivação, oferecem recompensas pecuniárias, dinheiro ou promoção e assim jogam o seu jogo de sedução, de tentação.
A única motivação nesse caminho é superar o Samsara, o mundo da forma, diluir-se no vazio, encarnar o Cristo, o Buda. Isso são formas, palavras que usamos para dizer a mesma coisa, transmitir uma realidade que nos escapa aos cincos sentidos ordinários. Se tivéssemos pelo menos o sexto sentido aberto muitas dessas explicações tornariam-se ridículas e desnecessárias.
Aí estaria uma boa motivação, porém todo novato faz essa pergunta: "mas porque devo praticar isso?”. Quando nós, como instrutores, também éramos novatos ou simples estudantes, a gente dizia: "ah... Para despertar seus poderes, alcançar a felicidade ou para você poder viajar em astral".
Isso é tudo bobagem, cenoura na ponta da vara para motivar o burro a puxar a carroça, motivar a seguir com o Samsara, aprisionados neste mundo como escravos das ilusões.
Para mim, a maior motivação é liberar-se de todos esses mecanismos, realizar o vazio dentro de nós, não como algo a ser perseguido, mas como uma expressão que precisamos utilizar para transmitir que algo acontece, mas que, por nossa cegueira, surdez, nos afastamos e nos esquecemos dessas coisas.
Então, muitas vezes temos de dizer a um novato: "não para despertar seus poderes". Isso porque talvez ele queira poder no começo. Então precisamos esticar uma varinha e colocar uma cenoura na ponta, senão nem sequer ele motiva-se a estudar. Entretanto, se queremos avançar nesses ensinamentos, esqueçamos isso, agora é hora de sentar em padmasana e achatar nossos traseiros, entrar em meditações dia após dia, até algo acontecer, mudar, até havermos ultrapassado as trevas de Maya ou deste véu que nos prende ao mundo da forma.
Não tem outra maneira de explicar esses princípios ou realidades. O Mestre Samael falou que se não tivesse experimentado o vazio iluminador quando tinha dezoito anos de idade, não teria se lançado a esse caminho com tanto ardor, empenho, motivação. Mas para que ele experimentasse esse vazio iluminador aos dezoito anos, se vocês lerem o livro As três montanhas, verão que desde os quatorze anos ele se empenhou em fazer muitas práticas e foi na Fraternidade Rosa Cruz que aprendeu as práticas que, naquela época, lhe deram os melhores resultados e, como ele mesmo diz, na Teosofia ele aprendeu a fazer lindas e maravilhosas palestras, mas não aprendeu prática nenhuma.
Ele só aprendeu as práticas na Rosa Cruz Antiga, nos livros de Krumm Heller, de cujos livros, na época, ele retirou a fórmula, e depois a aperfeiçoou, da Alquimia Sexual. Cometeu erros no começo em relação a isso, mas corrigiu. Se alguém tiver a felicidade de experimentar esse vazio iluminador, que o Mestre Samael consegui experimentar, vocalizando uma hora diária os mantras por ele mesmo ensinados no livro As três montanhas, quem sabe alguém de nós seja abençoado com uma experiência dessa. A minha motivação não passa por ai, é outra, não serve praticamente pra ninguém.
Agora, aqui mesmo na Fundação, houve pessoas que tiveram experiências similares a essa e esse foi um fator definitivo nas suas vidas para se lançarem às práticas com mais intensidade e inclusive alargar o número de horas diárias. Aqui entre nós há pessoas que realmente praticam seis horas de meditação diária há muitos anos. O que falamos aqui não é bobagem, é constatação do trabalho coletivo desta instituição, parte da história da instituição que representamos. Não quer dizer que somos melhores, nem melhores nem piores, pois isso é da dualidade mental, estou apenas relatando fatos sem pretensões.
Alguém nos pergunta o que eu quero dizer quando o estudante alcançou algo de concreto. Uma experiência do Vazio Iluminador, um desdobramento consciente desde o momento que ele descola do seu corpo, sai do seu quarto, vai a algum lugar, faz o que tem de fazer, vê, examina, toca, dialoga, toma um suco e depois, sem nunca ter perdido a consciência, retorna a seu corpo físico, percebendo como se dá o encaixe, uma percepção clarividente de um elemental, um diálogo com algum Mestre da Loja Branca e trás a lembrança até o cérebro, despertar Kundalini, ativar os chakras, tudo isso é concreto.
Essas coisas, sim, dão motivação para a pessoa. Por outro lado, conhecemos pessoas aqui na Fundação e fora daqui, que foram instrutores e que tinham muita facilidade para sair em astral. Eles relatavam experiências fabulosas, até para a inveja de muitos irmãos que praticamente nunca saíam em astral. No entanto essas pessoas com tais habilidades afastaram-se da Gnose. Com isso quero dizer que o mundo astral e suas experiências são muito ilusórias e quando falamos no Vazio é ir além dessas dualidades mentais e dos fascínios dos paraísos moleculares. Devemos ir além de todo e qualquer fascínio e o mundo astral fascina a muitas pessoas.
Dentro da Gnose fala-se muito em sair em astral. O Mestre Samael tinha um propósito quando ele começou a Gnose de ressaltar o desdobramento astral e falou isso de tal maneira em seus livros que quem lia achava que era só fazer aquilo que naquela noite ele saía em astral, e a partir daquele dia ele sairia em astral a hora que quisesse. Este é um engano, decepcionou muita gente, o próprio Mestre Rabolu, que sempre enfatizava muito a questão da viagem astral, de certa maneira, decepcionou-se ao ver os fatos concretos na sua escola. Raríssimos conseguiam sair em astral, apesar de todo empenho e motivação que ele tentava transmitir as pessoas.
Isso porque o desdobramento astral não depende da vontade de alguém. Desdobrar o ego é relativamente fácil, mas para desdobrar o corpo astral, como ensina o Mestre Samael, primeiro é preciso possuir um corpo astral e quantos de nós temos um corpo astral? Estou falando em termos de humanidade, pode ser que aqui nessa sala, grande parte de nós tenha um corpo astral porque um dia já forjou. Porém está tão doente, acabado pelos milênios de lama onde estamos rolando que praticamente perdemos todos esses poderes, então quem se empenhar a trabalhar com meditações, pranayamas, mantralizações, em dois anos, se trabalhar diariamente, passa a ter essas experiências.
Se cairmos em fascínio, isso se tornará nosso inimigo e provavelmente a causa de nosso fracasso na iniciação, até podemos sair em astral, mas aquele que se deixa fascinar se atirará ao mar pelo canto da sereia e vai morrer afogado. Ulisses, que não era bobo, pediu para ser amarrado ao mastro do seu navio, outros marinheiros que estavam com ele, deixaram-se atrair pelo canto da sereia e atiraram-se ao mar, morrendo afogados.
O mundo astral derrota a muitos incautos, esses que se fascinam pelas belezas, paraísos que se podem encontrar. Essa não é a finalidade da Gnose, o objetivo não é desdobrar o corpo astral ou o ego, isso serve para qualquer escolinha nas esquinas, para os espaços esotéricos pop. O objetivo da Gnose é autorealização, eliminar seus defeitos, tornar-se uma pessoa virtuosa, um santo, um casto, alguém que se estabelece no Vazio, encarna seu Buda íntimo e para alguns do seu Cristo intimo, de acordo com o caminho que eleger ao longo da iniciação. Isso é a Gnose, não é ensinar alguém a desdobrar, a ter poderes isso é decorrência natural de uma prática que se faz e que precisa ser feita.
Tudo precisa ser construído, essa construção faz-se da mesma maneira que um pedreiro constrói uma casa, tijolo por tijolo, são horas e horas de meditação todos os dias sem falhar, isso é um trabalho concreto, não é fantasia. Fantasia é você ler livros e é uma das maiores dentro da Gnose, pois não é carregando todos os livros de Gnose nas costas que alguém vai se iluminar.
Sair em astral com o ego consciente não é prova nenhuma, é algo concreto, isso é verdade, mas não é prova de avanço espiritual. Porque muitos percorrem as iniciações maiores sem se dar conta, de consciência adormecida, não porque são adormecidos, mas porque os adeptos vigiam muito zelosamente a liberação dos aprendizados que recebemos nos mundos superiores. Nem tudo que nos é ensinado nós trazemos ao cérebro físico, porque eles não deixam e às vezes são surpreendidos quando alguém consegue furar esses bloqueios que eles utilizam para a nossa própria proteção.
De alguma maneira, eles tentam evitar que acabemos nos fascinando com essas experiências e esquecendo-se do verdadeiro trabalho, que é desenvolver o fogo interior, Kundalini, que é a base de todo trabalho iniciático. Não estou falando desse chamado desenvolvimento espiritual, porque hoje em dia todo mundo fala: "ah... Porque isso é bom para meu desenvolvimento espiritual". Mas que desenvolvimento espiritual é esse que as pessoas falam?
Acham que é ler livros, participar de alguns rituais debaixo de uma árvore, participar de uma cerimônia externamente realizada em algum templo Budista, Rosa Cruz, Teosófico, isso é o chamado desenvolvimento espiritual dessas pessoas? Então eles estão a milhões de anos-luz da realidade.
Quando, em Gnose, se fala em desenvolvimento espiritual, ele é medido, esse metro é o fogo que cada um porta dentro de si, "com a vara que medirdes sereis medidos". Quando um adepto quer medir o avanço de um discípulo, por um processo, eles sacam o Kundalini da coluna de uma pessoa e medem, assim como nós, com uma fita métrica, medimos a altura de uma cerca, com os olhos espirituais vê-se dessa forma. Não é vago, não é "ah... Ser vegetariano é muito bom pra meu desenvolvimento espiritual", é capaz de morrer de inanição, conquistar alguma enfermidade de deficiência vitamínica antes de se desenvolver espiritualmente.
O único desenvolvimento reconhecido na Loja Branca é medido pelo fogo, todos nós começamos como simples alunos e eles sabem dessa condição de recém chegados ou então de lutadores antigos que, por razões kármicas, não conseguiram maiores avanços. Nesse caminho, primeiro paga-se o karma, ou o grosso do karma, para depois se ter direito aos tesouros do espírito. Imaginem por um momento que se Deus ou a Lei fossem imprudentes a tal ponto de liberar os tesouros espirituais a uma pessoa que não pagou suas dívidas ainda, vocês fariam isso? Emprestariam dinheiro para um conhecido enganador? Se nós aqui não fazemos isso, muito menos a Lei Divina que nos conhece por dentro e por fora.
Os princípios são idênticos, o que se faz aqui com aquilo que se faz lá, eles fazem tudo com perfeição, nós aqui o máximo que podemos buscar é a excelência no fazer, esforçar-mos muito para ter um bom resultado achando que aquilo é a perfeição, mas bem longe se está da perfeição. Agora os adeptos, diferentemente, só aceitam a perfeição. Nos iniciados até a terceira iniciação maior há muito tolerância. As coisas lá são muito precisas, adequadas ao raio, à natureza, ao caráter e ao grau de cada um de nós.
Se tivermos fantasias durante o dia, elas tornam-se sonhos à noite e não necessariamente isso é uma experiência concreta, parece concreta, mas porque estamos adormecidos não temos capacidade de saber se ela é concreta, podemos ter a impressão de que era algo real, mas é só uma impressão.
Muito cuidado com essas "experiências". Cada qual deve encontrar a sua motivação para fazer o seu trabalho, mas com a seguinte ressalva, não busque resultado, pois o resultado fugirá. Devemos fazer nosso trabalho da mesma forma que fazemos nosso alimento o qual comemos todos os dias para manter o corpo saudável, da mesma maneira tem que se alimentar o espírito para que tenha saúde, força e energia para trabalhar em seu mundo. Assim como o corpo trabalha aqui, o espírito trabalha lá, a alma trabalha lá, são três mundos distintos, corpo, alma e espírito.
Oxalá isso seja o suficiente para acordarmos, fazer práticas. Esse é o ultimo ano, o ano definitivo, o ano que representa o transpor do umbral dos nossos trabalhos.

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