Luísa Costa Gomes recuperou da herança tradicional vários trava (ou destrava) línguas e coligiu-os em livro. Não é por acaso que os adultos sorriem ao folhearem o volume. As memórias das palavras difíceis e da repetição de sons reportam-nos para os momentos em que aprendíamos de cor expressões, lengalengas e pequenas narrativas, como se conquistássemos o mais imbatível de todos os fortes.
O desafio está agora disponível para ser lançado a novas gerações. O livro (recomendado para o 1º ano do 1º ciclo, para leitura orientada na sala de aula) apresenta uma diversidade representativa dos vários processos de trabalho com a língua, desde a exploração da fonética até ao limite da apreensão global da palavra.
A base dos trava línguas assenta no jogo de semelhança que confunde e dificulta a leitura. Gera-se um atrito na normalidade e, em consequência, o discurso perde a sua primazia comunicacional para ser desmanchado, explorado, palavra a palavra, grafema a grafema, fonema a fonema.
Num todo escolhe-se um elemento. Será sobre si que incidirá a alteração. Numa sequência escrevem-se palavras que comecem pela mesma letra. A cada nova frase toda a estrutura se mantém, acrescentando-se nova palavra que respeite a regra e que seja coerente com o sentido da frase (O rato e o rei). Neste caso, o desafio tem a ver com a coerência interna da frase e a aliteração em r não dificulta por demais a leitura. Já a semelhança silábica entre tristes e tigres (que aqui aparece com uma variação) obriga a uma leitura quase soletrada, bem como joga com homonímia (tragam do verbo trazer e tragam do verbo tragar). Acrescentar sílabas a uma palavra que se repete como um refrão obriga a ouvir e contar as sílabas ao mesmo tempo que se pronuncia, como acontece com pipapapígrafo. Para além destes três exemplos, outros treze se encontram entre ritmos declamativos e declarativos.
A apresentação gráfica acompanha a intenção dos trava-línguas, destacando palavras ou conferindo uma gradação de tamanho às frases. A ilustração desvenda personagens, e tem aqui um papel apaziguador e sóbrio, em comparação com a euforia de sons. Este é um daqueles livros cujo potencial é inesgotável, por isso não o devemos esgotar sem dele se retirar o prazer devido.
O desafio está agora disponível para ser lançado a novas gerações. O livro (recomendado para o 1º ano do 1º ciclo, para leitura orientada na sala de aula) apresenta uma diversidade representativa dos vários processos de trabalho com a língua, desde a exploração da fonética até ao limite da apreensão global da palavra.
A base dos trava línguas assenta no jogo de semelhança que confunde e dificulta a leitura. Gera-se um atrito na normalidade e, em consequência, o discurso perde a sua primazia comunicacional para ser desmanchado, explorado, palavra a palavra, grafema a grafema, fonema a fonema.
Num todo escolhe-se um elemento. Será sobre si que incidirá a alteração. Numa sequência escrevem-se palavras que comecem pela mesma letra. A cada nova frase toda a estrutura se mantém, acrescentando-se nova palavra que respeite a regra e que seja coerente com o sentido da frase (O rato e o rei). Neste caso, o desafio tem a ver com a coerência interna da frase e a aliteração em r não dificulta por demais a leitura. Já a semelhança silábica entre tristes e tigres (que aqui aparece com uma variação) obriga a uma leitura quase soletrada, bem como joga com homonímia (tragam do verbo trazer e tragam do verbo tragar). Acrescentar sílabas a uma palavra que se repete como um refrão obriga a ouvir e contar as sílabas ao mesmo tempo que se pronuncia, como acontece com pipapapígrafo. Para além destes três exemplos, outros treze se encontram entre ritmos declamativos e declarativos.
A apresentação gráfica acompanha a intenção dos trava-línguas, destacando palavras ou conferindo uma gradação de tamanho às frases. A ilustração desvenda personagens, e tem aqui um papel apaziguador e sóbrio, em comparação com a euforia de sons. Este é um daqueles livros cujo potencial é inesgotável, por isso não o devemos esgotar sem dele se retirar o prazer devido.
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