Victor Hugo é, ainda hoje, um dos escritores mais considerados em todo o mundo. Poeta, romancista e político, Victor Hugo foi uma das figuras públicas de maior relevância na França do séc. XIX e, como escritor, autor de um dos grandes clássicos de todos tempos e um dos melhores livros que já li: “Os Miseráveis”.
Victor Hugo foi autor de várias obras de cariz histórico, sempre crítico sobre a sua França e sobre a forma como a dirigiam, principalmente após a Revolução, visto que sempre se assumiu como um monárquico convicto.
Publicado em 1832, “Nossa Senhora de Paris” narra a história de uma cigana que fascina todos os homens de Paris pela sua beleza, um sineiro corcunda, um padre que corrompe a sua própria alma por amor à jovem cigana, e um jovem oficial que é o espelho do comportamento da alta sociedade da altura.
E este livro, na minha óptica, e precisamente a narração do comportamento de um conjunto de classes da Paris do séc. XIX, sobretudo a forma fácil como se castigava pessoas, inocentes ou não, a forma como o povo clamava por sangue, a forma como a guilhotina era vista e falada de uma forma tão displicente (era uma festa popular quando havia execuções). E digo isto porque a história é simplória, pequena e com algumas falhas, não históricas, mas falhas circunstanciais, ou seja, existem pedaços na história que Victor Hugo nem se dá ao trabalho de explicar. Pareceu-me também que o livro tem por objectivo, ou se quiserem o autor elaborou o livro também com outro objectivo que é, talvez, o principal tema: a Catedral de Nossa Senhora de Paris ou, se preferirem, a Catedral de Notre-Dame.
O escritor tem a preocupação de ao longo de todo o livro, efectuar uma descrição pormenorizada da Catedral, contar a sua História, criticar as mudanças operadas na Catedral e na própria cidade e é engraçado que essas críticas são feitas a construções ou estilos que hoje em dia, passados cerca de 200 anos, são motivo de reverência e referência. Penso mesmo até que Victor Hugo pretendia escrever simplesmente sobre a Catedral, no entanto e se o fizesse, ele sabia que a mensagem não passaria, correria mesmo o risco do seu livro ser politizado e, idolatrado como ele era, apenas um romance lhe permitiria escrever, descrever e criticar não só esse espaço histórico, assim como a própria comunidade.
A história em si e para quem não sabe, é hoje conhecida pelo “corcunda de Notre-Dame”, nunca me cativou. Achei-a fraquinha, algo desmembrada, chegando a ser algo incoerente.
Entretém, dá-nos conhecimentos interessantes sobre a Catedral e sobre uma Paris já desaparecida, mas não chega para poder considerar esta obra como um Grande Livro.
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