sexta-feira, 20 de julho de 2007

Os desenhos animados


Estou a travar uma batalha de leitura com A maravilhosa viagem de Nilgs Holgersson através da Suécia. Entre livros que se metem e consequentes interrupções forçadas, já lá vai um mês desde que acompanho a viagem do pequeno rapazote nas asas do seu amigo Ganso, à descoberta da amizade, da natureza, e da beleza do mundo. O livro é muito bonito e a sua condição de clássico corresponde inteiramente ao valor da obra. Outra questão é se a obra se destina aos mais jovens. São 380 pgs. de aventura, topónimos, inúmeras e pormenorizadas descrições... É claramente possível fazer um trabalho de leitura orientada com crianças do 2º ciclo, seleccionando capítulos da obra. É possível que alguns adolescentes que estão numa transição entre os livros mais infantis e os livros de adulto, e não gostam especialmente do Harry Potter e sucedâneos, nem das colecções dedicadas aos problemas dos adolescentes, se interessem por este universo em que a fantasia serve de cenário para apresentar um processo de crescimento, desenvolvimento moral e curiosidade pelo conhecimento.
Um dos grandes prazeres que tenho com a leitura do livro é recordar as imagens que via na televisão, quando era pequena e a série passava. Alguns quadros regressam, e descubro que a personagem é mais complexa e a história mais pormenorizada do que na altura achei. Estou curiosa para saber que papel ainda vai desempenhar o Ganso... porque tenho ideia de que algo mais vai acontecer.
Chego então ao ponto de sempre: a promoção. Apesar de sabermos que normalmente os adultos não vão ler o Pinóquio de Collodi, a Alice no País das Maravilhas de Caroll ou A viagem de Nils Holgersson sem uma razão, sabemos que os bons desenhos animados são estruturadores de memória e de percepção narrativa. E deixam as grandes referências que mais tarde permitem alargar e aprofundar as teias do conhecimento e a produção de juízos de valor.

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