Servidão Humana foi dos romances que mais me surpreendeu pela positiva durante o ano de 2003 e, sem dúvida, um dos melhores livros que já li.
Foi um livro que adquiri na colecção "Mil Folhas" do Jornal "O Público" e embora nada me dissesse, adquiri-o porque uma das minhas colegas, verdadeira fanática por literatura, disse-me maravilhas de Somerset Maugham e especialmente sobre este livro. Após o ter terminado, agradeci-lhe por me ter dado a oportunidade de ter lido e apreciado uma verdadeira obra prima.
Somerset Maugham foi um escritor muito apreciado e lido até à década de 70. Era visto como um escritor pertencente ao clássicos, no mesmo patamar de um Dostóievski, Tolstoi ou Hemingway. No entanto e desconheço porquê, deixou de ser o lido e inclusivamente deixou de ser reeditado, absolutamente incompreensível.
O livro narra a história de Philip, uma criança tímida que e após a morte dos pais, é adoptada pelos tios e com eles vai viver. No entanto há um terrível senão: Philip tem pé boto e embora isso em nada influencie o amor que os seus tios lhe dedicam, é fundamental para lhe moldar o carácter, fechando-o aos poucos para o mundo. Num mundo seu cheio de medos e angústias e devido à sua proximidade com o divino (o tio de Philip é pároco) ele resolve pedir um desejo a Deus: "Cura-me o meu pé boto!"
Na manhã seguinte e noutras manhãs, ele acordo esperançado e a mesma morre ao visualizar o seu horrível defeito que lá continua. Então dá-se uma transformação vital na sua personalidade e no próprio livro: "Porquê ama-Lo?", "Porquê servi-Lo e sujeitar-me à dor e à humilhação se Ele nada faz por mim?" É nestas perguntas que Philip toma a sua decisão mais importante...
Acompanhamos então o percurso de Philip até á sua maioridade. Estudaremos com ele pintura em Paris e medicina em Londres. Apaixonaremo-nos pelas mulheres que Philip ama e, desses amores, sofreremos desilusões atrozes e choraremos sós e humilhados, completamente esquecidos e isolados do mundo.
Da solidão e da miséria, nasce um amor sério e honesto assente no respeito.
Uma grande obra que aconselho a quem aprecia a boa literatura. Um escritor que tem aquele dom de saber contar histórias.
Um livro que aborda a questão da fé e das crenças. Colocando-se do "lado de fora", o escritor faz uma crítica a essa crenças e quanto ridícula e exagerada elas podem ser.
De leitura obrigatória!
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