Quem escreve cartas a quem, nestes tempos de comunicação virtual por tudo quanto é sítio, por toda a gente, a toda a hora? Ainda há quem se perca em mensagens manuscritas, em papel, com envelope, afixadas numa parede de uma avenida parisiense?
No mundo das mensagens virtuais poderia sobrevir algum constrangimento aos convivas, pelo facto de se exporem ao vivo em chats, fóruns, twitters, messengers, contarem as suas vidas, acreditarem cegamente em interlocutores que de todo desconhecem.
No mundo das cartas tem-se por adquirido que no envelope vai um endereço, a elocução há-de começar por um vocativo com destinatário implícito ou explícito. Daí que o campo das confidências fique mais ou menos clarificado, diminuídos os riscos de relatos mal confiados.
Imagine-se, agora, uma estória baseada numa troca de bilhetinhos, por interposta afixação junto de uma placa de homenagem a um jovem da Resistência Francesa, assassinado por esbirros alemães que ocupavam Paris. Quem vai acreditar nisto, tanto mais que uma nota prévia do livro garante a autenticidade da correspondência?
Seja como for, trata-se de uma efabulação bem conseguida, em que não falta sequer o recurso aos modernos meios de comunicação, com troca de e-mails para pedir esclarecimentos e obter informações, completada com a tradicional carta dos correios.
Por fim, a luz sobre a personagem mais enigmática, o velho resistente que ateara o pavio da comunicação, conseguindo mobilizar a atenção da jovem Emma, tocada pela morte do jovem resistente que Louis teimava em recordar por todas as formas.
Foram os jornais, daqueles impressos, já dados como mortos ou em vias de, que esclareceram o anonimato e a discrição, de Louis – neste caso, o silêncio. Fizeram-no pelo modo tradicional, de sempre. No livro não consta que algum blogue se tenha interessado.
Boa história, originalmente contada, ainda mais pela reflexão que permite sobre o mérito das diversas formas e meios de comunicação. Não consta que já esteja disponível em e-book, há que lê-la em papel.
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Jean-Laurent Caillaud
Longe da vista, perto do coração
Publicações Europa-América, 11,50€
No mundo das mensagens virtuais poderia sobrevir algum constrangimento aos convivas, pelo facto de se exporem ao vivo em chats, fóruns, twitters, messengers, contarem as suas vidas, acreditarem cegamente em interlocutores que de todo desconhecem.
No mundo das cartas tem-se por adquirido que no envelope vai um endereço, a elocução há-de começar por um vocativo com destinatário implícito ou explícito. Daí que o campo das confidências fique mais ou menos clarificado, diminuídos os riscos de relatos mal confiados.
Imagine-se, agora, uma estória baseada numa troca de bilhetinhos, por interposta afixação junto de uma placa de homenagem a um jovem da Resistência Francesa, assassinado por esbirros alemães que ocupavam Paris. Quem vai acreditar nisto, tanto mais que uma nota prévia do livro garante a autenticidade da correspondência?
Seja como for, trata-se de uma efabulação bem conseguida, em que não falta sequer o recurso aos modernos meios de comunicação, com troca de e-mails para pedir esclarecimentos e obter informações, completada com a tradicional carta dos correios.
Por fim, a luz sobre a personagem mais enigmática, o velho resistente que ateara o pavio da comunicação, conseguindo mobilizar a atenção da jovem Emma, tocada pela morte do jovem resistente que Louis teimava em recordar por todas as formas.
Foram os jornais, daqueles impressos, já dados como mortos ou em vias de, que esclareceram o anonimato e a discrição, de Louis – neste caso, o silêncio. Fizeram-no pelo modo tradicional, de sempre. No livro não consta que algum blogue se tenha interessado.
Boa história, originalmente contada, ainda mais pela reflexão que permite sobre o mérito das diversas formas e meios de comunicação. Não consta que já esteja disponível em e-book, há que lê-la em papel.
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Jean-Laurent Caillaud
Longe da vista, perto do coração
Publicações Europa-América, 11,50€
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