TRECHO:
Felicidade sem culpa
A maioria das pessoas se sente infeliz ou adia sua felicidade
por causa da internalização de um poderoso mecanismo, seja social,
moral ou religioso, introdutor de culpa. O ser humano se estrutura
dentro da sociedade sem a devida reflexão sobre os valores que
assimila. Nem sempre percebe que, aqueles recebidos em suas
origens devem, na adultez, merecer reflexão e conseqüente libertação
dos que não mais condizem com sua maturidade. Nem sempre
as pessoas conseguem se libertar da pressão exercida pela sociedade
da qual fazem parte. Essa pressão não é apenas proporcionada
através de normas e leis, mas principalmente a partir daquilo
que não é dito e nem é explicitado. As leis da convivência entre as
pessoas, as quais, nem sempre, fazem parte de algum código escrito,
promovem sanções que psicologicamente impõem culpa e necessidade
de alívio psíquico. Nesse contexto, somam-se os preceitos
extraídos das interpretações humanas aos códigos das religiões,
muitas vezes usados como mecanismos repressores, para limitar
ainda mais as possibilidades do ser humano de entender sua
própria vida e alcançar a felicidade.
O grande gerador da infelicidade é a culpa que nos permite,
quando instalada, esperar algum tipo de punição para alívio
daquilo que consideramos uma transgressão. Vivemos sempre à
espera de que essa punição ocorra, gerando ansiedade e adiando
nossa felicidade.
É claro que, tudo isso ocorre também como um mecanismo
que possibilita a percepção da própria liberdade individual.
Há pessoas que necessitam de limites para melhor administrar
sua liberdade, porém, essa regra é utilizada de forma excessiva e
castradora, em face do medo que tem o ser humano de perder o
controle sobre si mesmo.
O propósito de todo ser humano é alcançar a felicidade
possível sem perder a noção da responsabilidade individual pelos
próprios atos. Ser feliz só é possível através da liberdade com
responsabilidade. Quem não for capaz de assumir as conseqüências
de seus atos, não conseguirá viver com a consciência em paz
e em harmonia.
Religiões e filosofias foram – e ainda o são – utilizadas como
mecanismos de dominação coletiva sob o argumento de que o
passado da humanidade demonstra sua necessidade de impor limites.
É necessário que se perceba o espírito como ser presente
que, embora assentado sobre seu passado, está sempre olhando
para o futuro. Sem esquecer o passado, é preciso viver o presente
com o olhar no futuro. As religiões valorizam mais o passado
que o futuro do ser humano, impondo-lhe que carregue sempre
alguma culpa.
As religiões, como são praticadas, servem para determinadas
classes de crentes. Para outras, elas necessitam de interpretações
e compreensões mais avançadas sob pena de se extinguirem.
Elas devem ser entendidas de formas distintas e de acordo
com o nível de evolução do espírito.
Na maioria delas, o conceito de felicidade passa pela culpa
e pela negação à vida na matéria. Entender que ela, a felicidade,
só poderá ocorrer alhures, pós-morte, é negar o sentido da existência,
conseqüentemente o presente.
Não entregue sua felicidade à crítica das religiões, das filosofias,
dos outros ou dos equívocos que cometeu. A religião, por
natureza, deve facilitar o processo de crescimento do ser humano.
Tome a sua como auxiliar de seu equilíbrio psicológico e espiritual.
Não coloque sua felicidade à mercê das contingências acidentais
de sua vida ou mesmo de uma fase de turbulência por que esteja
passando. Lembre-se de que viver não é ato isolado de um ser
humano. É um contexto, uma conexão e um sentido. Na união dessas
realidades junta-se o Espírito que é você. Assuma o comando
de sua vida e a coloque a serviço do propósito de ser feliz. Siga
aquele ditado que diz ‘viva e deixe os outros viverem’.
Ninguém no mundo está irremediavelmente condenado a sofrer
ou a penar eternamente, seja na vida ou na morte. As teorias que
levaram o ser humano a se achar perdido ou condenado a sofrer
pelos atos o distanciaram de sua própria felicidade. O ser humano
está ‘condenado’ a ser feliz e essa conquista é feita individual e coletivamente.
Ele foi presenteado por Deus que lhe deu a Vida.
Convido o leitor a despojar-se de conceitos, pelo menos
durante a leitura deste livro, para penetrar no próprio coração e
pensar na felicidade como um estado de espírito possível. Lembre-
se de que coração e razão são faces de uma mesma moeda,
que representa o ser humano. Tentar separá-las é tolice infantil.
Neste livro, o propósito é permitir a compreensão do significado
maior de ser feliz, de uma maneira mais livre e menos
culposa.
Comece a ler este livro pensando em deixar de lado suas
culpas e seus medos, a fim de que possa adquirir instrumentos
que possibilitem alcançar a paz que deseja. Faça dele um instrumento
de libertação e de aquisição de novos valores.
Retire o véu que encobre sua visão de si mesmo, dispa-se
da roupa que o mundo lhe ajudou a tecer e vista-se com o manto
da simplicidade e da pureza de coração, a fim de captar o significado
mais profundo e os sentimentos que coloco no que escrevo
para que você se encontre com sua essência. Lembre-se de que
não há nada no mundo que valha mais do que a sua paz interior. E
que ela, para ser real, deve manifestar-se no mundo em sua prática
diária e em sua vida de relações com os outros. A felicidade
real e a paz verdadeira são vividas no mundo.
Reúna seus mais íntimos propósitos, junte suas maiores intenções,
fortaleça-se com as melhores energias e entre em contato
com o Deus que habita em você, para encontrar sua plena
felicidade. Não se esqueça de reparti-la por onde passar e com
quem estiver, pois isso é garantia de perpetuidade.
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