Na apresentação da Comunidade de hoje, o grupo de treze alunos foi unânime em afirmar que gostava mais ou menos de ler, dependendo dos livros. Todos o diziam com hesitação, como se as suas opções pusessem em causa a sua condição de leitores.
Quando lhes explicava o objectivo principal da comunidade - falarmos dos livros que lemos - o Miguel sussurrou que «nós não falamos disso». Tentei perceber melhor: «Não falam de livros uns com os outros?»; «Não.», confirmou a Luciana. «E se gostarem muito de um livro, não o recomendam aos outros?»; «Aí sim, às vezes.»
À medida que se iam apresentando, alguns faziam comentários a um ou outro livro. Lua de Joana (Maria Teresa Maia Gonzalez, Verbo) foi um dos visados. O Luís achava que era um livro de raparigas. O António não percebia como era possível que a Joana se enredasse na teia que tinha provocado a morte da amiga, conhecendo as consequências. Já o Gonçalo, que estava sentado do outro lado da mesa, assumia que tinha gostado do livro. As raparigas explicavam a situação, justificavam o comportamento da Joana. Por um momento, debateram a lógica narrativa, e produziram juízos de valor. Quase sem darem por isso.
Voltamos então ao ponto de partida: porque acham os adolescentes que não gostam de ler, porque acham que não gostam de falar de livros?
terça-feira, 17 de março de 2009
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