segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Fado da Sombra

Título: O Fado da Sombra
Autor: Filipe Faria
Editora: Ed. Presença
Nº de páginas: 530
"Os deuses estão mortos, e a sua queda deixa Allaryia à beira de uma espiral de desordem e destruição. As sementes dos planos d´O Flagelo germinam em segredo, e Aewyre Thoryn e os seus companheiros são os únicos que estão cientes da insidiosa ameaça, bem como os únicos em condições de a combater. Dá-se então início a uma desesperada corrida contra o tempo, enquanto servos renegados de Seltor conspiram para levarem a cabo a queda de Ul-Thoryn. Uma ameaça de tempos imemoriais acerca-se entretanto da Pérola do Sul, ameaçando cortar pela raiz a resistência contra O Flagelo. Este é ponto de viragem da Oitava Era, após o qual nada será como dantes em Allaryia."
Quando visitei a Feira do Livro de Lisboa e vi à venda o mais recente título das Crónicas de Allaryia não consegui resistir, tinha que aproveitar a oportunidade... Para os que não conhecem as Crónicas de Allaryia são constituídas, até ao momento, por seis volumes da autoria do jovem Filipe Faria. Relatam-nos as aventuras de Aewyre Thoryn que percorre Allaryia numa tentativa de conhecer o destino final do seu pai e que, embora não o querendo, se vê envolvido numa luta sem idade contra as forças obscuras d'O Flagelo e numa não menos antiga luta pela Essência da Lâmina. Quando comecei a ler estas Crónicas, já lá vão uns aninhos (poucos) fiquei agradavelmente surpreendida pela escrita simples do autor, pelo humor que incute em alguns personagens e sobretudo pelo universo criado por este jovem - Allaryia é um território formado por vários países e zonas às quais não podemos dar uma designação certa no qual encontramos seres de inúmeras raças criadas pelo autor, todas elas com características físicas e comportamentais distintas e com línguas próprias. Enfim, um jovem português criou, um pouco à semelhança de Tolkien, todo um universo, línguas e raças, fronteiras, disputas e uma demanda. Fiquei presa a Allaryia...
Contudo, após a leitura das primeiras páginas logo percebi que a leitura deste volume não ia ser tão prazerosa como a dos volumes anteriores, ainda assim insisti e posso dizer que não tenho memória da última vez que um livro me custou tanto a ler. Ao longo da saga torna-se visível a evolução do autor e da sua escrita que se vai tornando cada vez mais complexa mas neste volume essa evolução não é um ponto positivo uma vez que se traduz numa escrita pouco simples (rebuscada demais para um livro do género, arrisco-me a afirmar) e num vocabulário excessivamente complexo que por vezes me fez considerar a consulta de um dicionário (embora tenha conseguido passar sem ela). Denota-se a escolha propositada de palavras pouco usuais, muitas vezes até desconhecidas da maior parte do público e uma preocupação cada vez maior com a descrição de algumas situações em que tal me parece desnecessário (gastar 16 páginas na descrição de um duelo entre dois personagens não me caiu muito bem...). Por outro lado, e em relação à trama tive a sensação de que o autor andou um pouco a "encher chouriços" uma vez que só mesmo no final vemos alguma acção mais inesperada e alguma evolução, embora ténue, no verdadeiro desenrolar da história. Ou seja, grande parte do livro é preenchido com descrições que de tão longas e pormenorizadas se tornam aborrecidas, por um vocabulário que chega a irritar o leitor (de tão rebuscado) e a história em si fica praticamente parada.
Embora no final me tivesse conseguido captar a atenção, recomendo este livro apenas a quem já conhece a saga e não quer deixar de conhecer todos os passos dos diferentes personagens e o desfecho da história (que espero venha a acontecer no próximo volume).
4/10

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