Aos olhos de hoje, o século 20 parece ter sido principalmente o dos grandes ditadores, homens de personalidade ambígua e cruel, oradores brilhantes, com grande capacidade de liderança, mestres na arte da propaganda e da mentira, impiedosos em relação aos inimigos e, não raro, em relação aos próprios amigos. O que levou Hitler, Stalin, Mussolini, Mao Tsé-tung, Franco, Pol Pot e Pinochet a se tornarem figuras emblemáticas? O que podem ter em comum essas personalidades aparentemente tão díspares e que, muitas vezes, gozaram da cumplicidade tácita, do apoio ou até mesmo do afeto dos povos que dominaram? O jornalista Antonio Ghirelli tenta responder a estas questões, relendo a história do século findo e desenhando uma inquietante galeria de retratos desses "demônios do poder", autores de algumas das páginas mais negras de toda a História recente. O estilo simples, quase jornalístico, do autor torna sua obra acessível a um público amplo.
Segundo Ghirelli, o elenco de tiranos não se reduz aos sete que figuram no livro. Para aumentar esse grupo não haveria a menor dificuldade de escolha: entre a Indonésia e os Bálcãs, o Japão do micado e a Argentina dos generais, a África do Sul dos racistas brancos e a África dos alucinados Napoleões negros. Ele limitou-se, no entanto, aos nomes mais simbólicos das duas ideologias contrapostas - a direita e a esquerda. Estudos e trabalhos foram feitos analisando cada uma das tiranias em separado. É, porém, surpreendente perceber que, sob princípios, ideologias ou mesmo resultados os mais diversos ou até opostos, há entre elas denominadores comuns. E mais surpreendente ainda reconhecer, graças a essa visão em conjunto, que é ingênuo supor que o mito da "raça pura", a crença fanatizada na grandeza da nação ou na "superioridade" de algum grupo ficaram no passado.
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