Há cerca de um mês, o editor Luís Mendonça enviou-nos, muito simpaticamente, Meia Bola das Edições Éterogémeas, que integra a colecção Notas à Solta.
Esta Meia Bola é uma personagem comum que nasce da relação entre o quotidiano e a palavra. A exploração de sentidos permite que a história sirva para responder à simples pergunta: quem és tu? A nomeação, a designação, o atributo do nome acompanha aqui as mudanças da vida. A pergunta é animizada pelo repórter X, não o famoso, mas simplesmente aquele cuja função é fazer acontecer a história, podendo por isso ser o X, ou o Y ou o Z. O jogo metonímico sustenta a lógica do texto e preside às ilustrações, conferindo a unicidade desejada ao livro. Eugénio Roda, na introdução, explica sucintamente a intenção e o processo.
Esta Meia Bola é uma personagem comum que nasce da relação entre o quotidiano e a palavra. A exploração de sentidos permite que a história sirva para responder à simples pergunta: quem és tu? A nomeação, a designação, o atributo do nome acompanha aqui as mudanças da vida. A pergunta é animizada pelo repórter X, não o famoso, mas simplesmente aquele cuja função é fazer acontecer a história, podendo por isso ser o X, ou o Y ou o Z. O jogo metonímico sustenta a lógica do texto e preside às ilustrações, conferindo a unicidade desejada ao livro. Eugénio Roda, na introdução, explica sucintamente a intenção e o processo.
Em resumo: um repórter conversa com uma Meia, que lhe conta a sua vida. Nesta vida existe um sentido que se quebra, uma utilidade perdida mas sempre reaproveitada até ao desenlace final e feliz. O texto é de Manuela Barros Ferreira e as ilustrações de André Carvalho. A Meia, de olhos grandes, cabelo ao vento e nariz saliente, simpática, encerra em si o mistério do seu fim, que não se vê. A sua forma é sempre uma consequência do seu movimento, em permanente reciclagem.
Não há catálogo para este livro. Como na origem da literatura para crianças, não se lhes destina, mas não se lhes veda a aproximação. Para alguns adultos será uma experiência frustrante porque não encontrarão uma lógica formatada aos seus limites. Neste livro, a fantasia segue os seus critérios mais simples: combinar palavras sem relação. Não apenas nomes com nomes, ou nomes com adjectivos, mas nomes com acções. Afastar os sentidos imediatos sem os tornar herméticos, associá-los sem se reter ao simplismo da oposição. O nonsense ganha a coerência da imaginação pura, sem determinismos ou razões exteriores à própria criação. O cuidado da edição está presente desde o primeiro vislumbre e faz deste livro uma obra de arte.
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