quarta-feira, 28 de março de 2007

A indiferença dos jovens, dois exemplos

Na sexta feira passada, quando estive na Quinta da Piedade a realizar o atelier Palavra Poema, a turma de 4º ano reagiu melhor às actividades que a de 5º ano, tendo tido mais facilidade na compreensão dos enunciados e dinâmica na realização das actividades. Claro que o empenho dos professores conta, e a sua influência sobre os alunos muitas vezes condiciona o funcionamento normal do atelier.
Comecei a perceber aí o que viemos a verificar aqui, em Ponta Delgada: este atelier não é tão acessível e empático como o Ver para Crer (por exemplo), ou até como o Contado ninguém duvida. O facto de terem de trabalhar poesia é um senão inicial. Apesar do jogo, os alunos de 2º ciclo nem sempre se entusiasmam, e foram já alguns que à partida associaram o atelier ao espaço da sala de aula.
No entanto, e isso pode ser um sinal de alerta, concluímos que quanto mais novas são as crianças, melhor reagem ao atelier, e mais gostam de poesia. Por isso, aceitam o desafio sem reservas, desejando afincadamente encontrar o elemento estranho. Esta crescente indiferença dos alunos é preocupante, principalmente quando nos deparamos com atitudes de alunos de 6º ano que não esperaríamos antes do 8º ou 9º. Precisamente por isso, procuramos realizar outro tipo de ateliers para 3º ciclo. Mas se os sintomas de desinteresse, má educação e arrogância nascem numa fase em que a maturidade é mais reduzida, começamos (todos) a ficar de pés e mãos atadas, porque não temos forma de os motivar.
Um aluno do 6º ano da Escola Roberto Ivens (Ponta Delgada) recusou-se a participar no atelier. Apesar das reticências iniciais, o grupo foi aderindo às actividades, e quando lhes propusemos escrever um poema a partir das rimas, divertiram-se e comunicaram bastante. No entanto, aquele elemento estava empenhado em condicionar o comportamento dos colegas, que provavelmente o temem ou vêem como líder. Já as turmas de 5º ano chegam ainda com o brilho nos olhos, a quererem participar, falar, partilhar, competir. É fundamental que os professores do 2º ciclo tentem manter esta inocência feliz o maior tempo possível, quando os pais não o conseguem, ou sequer se interessam.

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