Depois da suspensão da TLEBS (terminologia linguística para o ensino básico e secundário) há algumas conclusões a retirar deste atribulado processo:
a primeira: casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, ou por outras palavras, não há em Portugal os verdadeiros fazedores de opinião, e por isso os nossos cronistas aventuram-se a opinar sobre assuntos cuja especificidade em muito os ultrapassa;
a segunda: os especialistas vieram à Praça Pública defenderem os seus pontos de vista, o que foi saudável e esclarecedor da multiplicidade de factores a contemplar;
a terceira: os professores viram-se obrigados a reflectir sobre noções que foram sempre dadas como adquiridas e por isso muitas vezes mal ensinadas;
a quarta: a opinião pública ficou a saber que existe uma terminologia linguística, e de repente esta ciência ganhou peso e utilidade aos olhos dos indignados comuns mortais que em muitos casos nem faziam ideia de que cursos superiores existiam nessa área.
Assim:
é importante que o estudo da TLEBS continue a ser aprofundado em sede própria, académica, com a participação de um grupo o mais alargado possível de investigadores com teorias diferentes;
é fundamental que os professores participem no processo de aplicação da TLEBS aos diversos níveis de ensino;
é importante que se tenha em linha de conta a relação linguística com os PALOP e com o Brasil;
é relevante relacionar o ensino de uma nova terminologia para a língua portuguesa com a terminologia utilizada no ensino das línguas estrangeiras.
Posto isto, que creio que resume as opiniões e reflexões mais honestas que se foram produzindo nos últimos tempos, devemos estar conscientes de que como matéria de estudo uma terminologia não será nunca totalmente consensual. O contexto criou condições para que a reflexão possa ser mais divulgada no futuro, inclusivamente pelos cronistas que se pronunciaram. Se bem conduzido, sem simplismos e falsas questiúnculas, este processo poderá vir a ser um excelente exemplo de uma reflexão séria, em proveito do enriquecimento linguístico de todos. Já que vem aí um Museu da Língua, que se perceba o que a faz existir e evoluir.
terça-feira, 13 de março de 2007
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