Ontem realizei a primeira sessão de 45min. do atelier Palavra Poema nos Salesianos de Manique. Desta vez, o grupo era constituído maioritariamente por alunos do 6º ano, acompanhados pela sua professora de Língua Portuguesa. O desafio proposto: encontrar o elemento estranho (um verso) em cada um dos seis poemas apresentados. Depois de encontrados os versos, estes foram organizados num novo poema. Surgiu então uma dúvida legítima: porque deveria ser «Irra!» o penúltimo verso do poema «A urtiga e a mão» (António Torrado) e não o último? Esta pergunta comprova uma boa competência na leitura de textos poéticos, já que os alunos conseguem reflectir sobre a estrutura e o sentido do poema como um todo, ultrapassando o primeiro nível de leitura que consiste na identificação literal do enunciado.
Em resposta à questão, fez-se a leitura em voz alta do poema, seguindo as duas hipóteses, para comprovar que a harmonia rítmica e o equilíbrio formal dependem desta organização, e que a alteração da ordem esvazia o verso «Irra!» de relevância, tornando-o desnecessário.
Foi a primeira vez que surgiu uma questão tão interessante, que me permitiu complementar o trabalho prático com o aprofundamento de noções teóricas. Também na Promoção da Leitura se verifica que os textos literários não se esgotam, e que é a leitura que os mantém sempre vivos, adaptando-se a vários níveis de apreensão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário