quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pássaros Feridos

Desde que adquiri Pássaros Feridos, com a colecção de livros da Sábado, que o livro me andava a 'chamar'. As óptimas críticas aos livros e ao estilo da autora Colleen McCullough faziam o meu interesse crescer. Por isso, estas férias, decidi aventurar-me pelos meandros desta história e confesso-vos que as expectativas foram altamente superadas.

A base da acção da obra gira em torno da história e vida da família Cleary. Inicialmente a viver na Nova Zelândia, o clã parte, logo ao princípio, para a Austrália atrás de uma vida melhor na fazenda de Drogheda. No encantamento de um país novo e cheio de oportunidades, surge uma paixão avassaladora entre Meggie Cleary e o padre Ralph de Bricassart, que, directa ou indirectamente, se transforma no motor de todos os acontecimentos futuros. O livro foca o percurso de três gerações e as suas diferentes formas de encarem a vida, os seus desafios, os seus medos, as suas paixões e as suas ansiedades. E mesmo havendo personagens masculinas em maior número, a força da história está entregue nas mãos do sexo feminino. Há uma maior exploração destas personagens e, acima de tudo, é com elas que a história se desenvolve. A autora soube dar uma vivacidade muito forte à narrativa que, como mulher, me envolveu e me apaixonou.

Esta obra prima, igualmente, pela interligação entre a ficção e a realidade. Através de uma pesquisa bastante elaborada, a autora descreve muitos dos acontecimentos históricos mundiais que atravessam o espaço temporal da acção (1915-1969), realçando a perspectiva australiana e as consequências destes. Tudo foi explorado ao pormenor, interessando e tornando-se uma forma descomplexada de aprendizagem, enquanto o leitor se entretém.

Neste livro, embora a letra continue demasiado pequena, a tradução está muito mais cuidada, comparado com a d’O Padrinho, o que não só facilita a leitura como a torna mais agradável. O único problema de Pássaros Feridos é que me aguçou o apetite para ler a saga O Primeiro Homem de Roma, da autora. E a carteira não gosta.

Só não dou 10/10 a Pássaros Feridos porque, embora seja bastante apreciadora de descrições, e de muitas delas serem excepcionais, em alguns casos, no início, achei-as excessivas. Nem nos ajudam a conhecer personagens/ambientes nem fazem a acção progredir. Por isso, a minha nota é um prémio para o livro em si, por se ter revelado surpreendente e marcante; e, quem sabe, para mim, por não ter desistido, quando essa ideia me passou pela cabeça.

9/10

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