segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Adivinhação: Um Conhecimento Sagrado, de Profa. Dra. Eliane Moura Silva

TRECHO:
Vivemos uma época de grande incerteza e insegurança. A mídia nos invade o cotidiano com notícias alarmantes de guerras, fome, doenças, drogas, sêcas, enchentes, cataclismos, crimes, exploração da fé, enfim, toda a miséria social. Fim de ano, década, século, milênio, período de profecias e temores. Estamos próximos do fim? A beira do abismo? O que o futuro reserva aos homens, ao mundo e ao Universo? Como saber o que acontecerá com cada indivíduo, sociedade, país e com o próprio planeta? Quem pode dizer honestamente nunca ter pensado nisso? Estas são questões cada vez mais presentes, incomodando e desafiando a ciência e a razão. Em nossa sociedade a idéia de adivinhar, prever o futuro, o fluxo dos acontecimentos, os destinos coletivos e individuais está associada a um saber falso e que deveria ser repudiado pelas pessoas de bom senso e razão. Porém, na realidade, o que se verifica é um intenso crescimento das mais diferentes formas de previsão e que incluem videntes, cartomantes, búzios, tarot, astrologia, leitura das mãos, etc. Na nossa tradição cultural, sobretudo depois do século XVIII e do advento da Razão Iluminista, tais práticas foram colocadas no campo do erro, da ignorância, da superstição e do primitivismo intelectual. E quantos não foram também perseguidos e tidos em conta de pecadores.
Ora, nem sempre foi assim. Diferentes sociedades e culturas tão ou mais refinadas e elaboradas do ponto de vista filosófico, religioso e científico, portadoras de uma lógica e racionalidade próprias que obedeciam regras e conhecimentos particulares diferentes das formas a que estamos habituados vem sendo resgatadas por historiadores, antropólogos e etnólogos. Nelas, a prática da adivinhação era uma forma de conhecer e entender a relação entre os seres e as coisas, compreender os ritmos da natureza e do homem dentro do Cosmo.

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