quarta-feira, 1 de abril de 2009

Literatura de Cordel em Bologna

Chapbook, Littèrature Du Colportage, Lubok, são termos usados em diversos países para o fenômeno conhecido no Brasil como Literatura de Cordel. Com raízes na Península Ibérica medieval, o Cordel desembarcou no Brasil no início da colonização, trazendo para os trópicos um tipo de literatura repleta de reis, cavaleiros, amores impossíveis e animais fantásticos.

Durante séculos, foi na tradição oral, em versos, que estas histórias foram disseminadas, principalmente até o final do século 19, época em que passaram a ser impressos em encadernações baratas e vendidas aos milhares em feiras populares.

Na segunda metade do Século 20 o Cordel ganhou o respeito das Academias de Letras. Vários livros de importância cultural e histórica foram publicados em Cordel. Atualmente, esta literatura popular em versos está conquistando as escolas e os jovens leitores. A prova disso está nos livros infantis em Cordel publicados recentemente, cujo estilo novo não se distancia das suas origens.

Este é o texto central da página do Catálogo da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) distribuído nos estandes da Feira do Livro para Crianças de Bolonha (Itália), acontecida na semana passada. Apresentada por Jô Oliveira, ilustrador talentoso, meu Mestre nas aulas no Instituto de Artes na UnB (Universidade de Brasília), nossa Literatura de Cordel foi representada por 11 livros (dois deles resenhados aqui). Esta feira é reconhecida como o principal evento de negócios em torno do livro infantil. Não é uma feira como costumamos ver por aqui, com pais passeando com seus filhos pelos corredores, comprando livros. É, sim, um grande negócio entre editoras, agentes literários, autores e ilustradores. É lá, principalmente, que o Brasil vende seus livros para o exterior e vice-versa. Esperamos que a Literatura de Cordel faça o caminho de volta e conquiste o mercado internacional. A FNLIJ faz um trabalho importante de divulgação dos livros brasileiros lá fora. Todo ano se faz presente com seu catálogo na Feira de Bolonha. A página do catálogo, reproduzida acima (clique sobre a imagem para vê-la em tamanho maior), põe a Literatura de Cordel em DESTAQUE (Highlights) e encerra suas informações com uma breve biografia de Jô Oliveira (artista ímpar quando o assunto é ilustração dos folhetos de origem medieval.

Jô Oliveira – Estudou Artes Gráficas no Rio de Janeiro e em Budapeste. Alguns de seus trabalhos foram publicados na Itália e em outros países. Ilustrou vários livros para diversas editoras brasileiras e seus desenhos estampam vários selos da ECT, empresa postal brasileira. Dois deles foram premiados como O MELHOR DO MUNDO, Prêmio Asiago, Itália.

Por falar em selos, dia desses, recebi uma carta cujo envelope veio com um selo novo do Jô Oliveira representando o BOI, personagem principal do Calendário Lunar Chinês em 2009. Lindo, lindo, lindo. Mas, acima, reproduzo o conjunto de selos que encontrei por acaso numa banca de revista em Copacabana, em 2007. Apreciem sem moderação. A arte de Jô é popular. E é também requintada. O Brasil está bem representado. Hatuna matata.

P.S. O texto em laranja sofreu - literalmente - uma livre tradução através do meu inglês macarrônico, mas acho que dá para o gasto.

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